Pesquisa da UFU antecipa falha no tratamento da hanseníase com 95% de precisão
Estudo possibilita intervir de forma mais rápida e eficaz, evitando a reincidência da doença e garantindo tratamentos mais seguros
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Um estudo inovador realizado no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), desenvolveu um modelo capaz de prever, com mais de 95% de precisão, a ineficácia do tratamento da hanseníase. A pesquisa, conduzida com 80 pacientes do Centro de Referência Nacional em Hanseníase e Dermatologia Sanitária (CREDESH), combina fatores clínicos, laboratoriais e moleculares para identificar precocemente os casos com maior risco de recaída, permitindo um acompanhamento personalizado e intervenções mais eficazes.

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A hanseníase, causada pela bactéria Mycobacterium leprae, afeta mais de 200 mil pessoas anualmente em todo o mundo. No Brasil, somente em 2023, o Brasil notificou 22.773 novos casos, concentrando 92% dos registros nas Américas e ocupando o segundo lugar no ranking mundial, atrás apenas da Índia.
No ano anterior, foram mais de 17 mil diagnósticos. Os dados reforçam a urgência de estratégias que tornem o tratamento mais eficiente — o que torna o modelo desenvolvido no HC-UFU ainda mais relevante para a saúde pública.
O diferencial da pesquisa está no uso de marcadores de exames de pele, sorológicos e moleculares para prever com alta precisão quais pacientes têm risco de falência terapêutica. Com isso, é possível intervir de forma mais rápida e eficaz, evitando a reincidência da doença e garantindo tratamentos mais seguros.
Bruno Dornellas, médico patologista responsável pelo estudo, destaca a importância da identificação precoce da falha do tratamento: “A proposta de identificar precocemente a falência do tratamento da hanseníase é algo essencial para evitar o reaparecimento da doença e acompanhar mais de perto quem tem mais chances de ter a doença novamente.”
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O estudo, orientado por Isabela Maria Bernardes Goulart, rendeu o artigo intitulado “Role of histopathological, serological and molecular findings for the early diagnosis of treatment failure in leprosy”, com tradução livre para “O papel dos achados histopatológicos, sorológicos e moleculares para o diagnóstico precoce da falha terapêutica na hanseníase”.
A pesquisa também recebeu reconhecimento internacional, conquistando o Dr. L. Clarke, Jr. and Elaine F. Stout Award, um dos prêmios mais respeitados na área de patologia médica. Esta é a primeira vez que o Brasil recebe tal distinção, destacando a relevância e a qualidade da pesquisa.
Segundo Gustavo Antonio Raimondi, da Gerência de Ensino e Pesquisa do HC-UFU/Ebserh, o reconhecimento da pesquisa também reforça a missão do hospital como uma instituição de ensino, pesquisa, assistência e extensão universitária. “Ao considerarmos o hospital dessa forma, compreendemos sua missão, que está atrelada à formação de excelência de futuros profissionais de saúde. Com os resultados das pesquisas, é possível aprimorar processos, fluxos, práticas e demais ações cotidianas que resultam no aperfeiçoamento do cuidado em saúde ofertado à população”, afirmou.
Com a implementação deste modelo, espera-se que o acompanhamento dos pacientes com hanseníase se torne mais eficaz, reduzindo o número de recaídas e melhorando a qualidade de vida dos afetados pela doença.