Patos de Minas confirma primeiro caso de febre amarela em humano após 30 anos
Paciente de 62 anos apresentou sintomas leves e está sendo monitorada; autoridades reforçam importância da vacinação, principal forma de prevenção
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Após mais de três décadas sem registros, Patos de Minas confirmou nesta semana o primeiro caso de febre amarela em humano. A paciente, uma mulher de 62 anos, apresentou sintomas como mal-estar e desidratação no fim de agosto. Inicialmente, o quadro foi tratado como suspeita de dengue, mas exames realizados pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), em Belo Horizonte, confirmaram a infecção pelo vírus em três testes consecutivos.
O último caso registrado na cidade foi há 30 anos, na década de 90, e os últimos registros de febre amarela em Minas Gerais foram nas regiões de Varginha e Pouso Alegre. O Sul de Minas já registrou cinco mortes por febre amarela desde julho do ano passado. De julho de 2024 a junho de 2025, foram registrados 10 casos da doença em Minas Gerais, todos no Sul de Minas.

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Segundo a Superintendente Regional de Saúde, Maíra Lemos, o caso detectado mobiliza toda a região do Alto Paranaíba, que inclui 33 municípios, “Esse caso foi detectado através do sistema de vigilância ativa do Estado. A principal medida de controle e prevenção é a vacinação. Temos doses suficientes e alertamos os municípios vizinhos para reforçarem a cobertura vacinal”, disse.
A Secretária Municipal de Saúde de Patos de Minas, Ana Carolina Magalhães, explica que a paciente possui esquema vacinal completo, o que contribuiu para a manifestação leve da doença. “Não há motivo para alarde, mas é fundamental que a população procure os pontos de vacinação e mantenha o cartão em dia”, reforçou. O sítio da paciente, localizado no Arraial dos Afonsos, também será acompanhado de perto pela vigilância em saúde para monitoramento da situação.
Vacinação e ações
O diagnóstico acendeu alerta na Secretaria Estadual de Saúde e na Prefeitura de Patos de Minas, que iniciou ações imediatas no bairro Nova Floresta, onde a mulher mora e nas regiões de chácaras frequentadas pela paciente. Entre as medidas estão:
- Bloqueio vacinal com visita porta a porta;
- Borrifação intra e extradomiciliar;
- Monitoramento de mosquitos transmissores;
- Reforço de 20 mil doses da vacina.
Além disso, o Vacimóvel permanece na Praça do Coreto até domingo (28), das 8h às 16h, e mutirões de vacinação ocorrerão nos bairros Sorriso, Ipanema, Brasil, Abner Afonso e Panorâmico, além de ações na zona rural. “A principal medida de prevenção é a vacinação. Não há desabastecimento e estamos mobilizando todos os municípios vizinhos para reforçar a imunização”, afirmou Ana Carolina.
Vigilância ampliada e atuação estadual
Patos de Minas já encaminhou sete amostras de macacos mortos para análise na Funed neste ano, seis delas com resultado negativo. A população deve acionar imediatamente o Centro de Controle de Zoonoses ao encontrar primatas mortos.
Segundo a SES, a região do Alto Paranaíba foi a que mais solicitou informações sobre casos suspeitos de febre amarela neste ano, devido ao aumento de notificações em Minas Gerais. Com a confirmação em Patos de Minas, a Secretaria Estadual de Saúde reforçará a vigilância ativa, investigação de casos suspeitos, e intensificação da vacinação em todos os municípios da macrorregião.
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Como é transmitida a febre amarela?
A febre amarela é uma doença infecciosa aguda causada por vírus transmitidos por mosquitos. No ciclo silvestre, que ocorre em áreas de mata e florestas, os mosquitos dos gêneros Haemagogus e Sabethes são os principais vetores, e os macacos, atuam como hospedeiros. O ser humano é considerado um hospedeiro acidental quando se expõe a esses ambientes, sendo contaminado pela picada de mosquitos infectados. É importante destacar que nem os macacos nem os humanos transmitem a doença diretamente para outras pessoas.
No ciclo urbano, que ocorre em áreas urbanas, o mosquito Aedes aegypti é o vetor e o homem é o único hospedeiro epidemiologicamente relevante. O Brasil não registra casos de febre amarela urbana desde 1942, o que torna o risco atualmente mais concentrado em áreas de mata.
A vacinação é a principal forma de prevenção, garantindo imunidade contra a doença e reduzindo o risco de casos graves. Além disso, medidas de combate à proliferação de mosquitos, como eliminar água parada e usar repelentes, são fundamentais. Especialistas reforçam que manter o cartão de vacina atualizado e seguir as recomendações de saúde pública é essencial para proteger tanto a população humana quanto os primatas, que ajudam na detecção precoce da febre amarela.