Mounjaro faz preço de concorrentes caírem no Brasil; entenda as diferenças
A caneta injetável funciona na redução do apetite e controle do açúcar no sangue
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O medicamento Mounjaro (tirzepatida) foi aprovado para o uso no tratamento de obesidade pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), conforme divulgado na segunda-feira (9). A caneta injetável, que é da empresa farmacêutica Eli Lilly, já estava autorizada no Brasil desde setembro de 2023 para diabetes tipo 2 e passou a ser vendida em junho.
Segundo a Anvisa, o remédio atua no controle glicêmico e na perda de peso, tendo como reações adversas mais comuns relacionadas à diminuição do apetite e a tolerabilidade gastrointestinal – capacidade do sistema digestivo de suportar um medicamento, alimento ou outra substância sem causar sintomas desagradáveis.
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Mudança no mercado
Logo após a chegada do Mounjaro no mercado brasileiro, a farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk anunciou 20% de redução nos preços dos medicamentos Ozempic e Wegovy (semaglutida) no país, também usados no controle da diabetes tipo 2 e tratamento da obesidade. A mudança aconteceu na última semana, no dia 2 se junho.
Segundo o nutrólogo Márcio Alves, a autorização da Anvisa para o uso do medicamento da farmacêutica Eli Lilly representa uma grande mudança no mercado do tratamento da doença. “A obesidade é uma doença crônica que requer tratamento e muitas vezes ele é medicamentoso. Quanto mais opções melhor, e o Mounjaro, sendo o mais potente, vai ajudar muito na perda de peso”, comentou ao Paranaíba Mais.
Para ele, a novidade deve impulsionar o mercado farmacêutico e já está vendendo bastante. No entanto, o médico citou um problema no tratamento: o preço, que não é acessível para todos. Uma caixa de Mounjaro com quatro canetas injetáveis custa a partir de R$ 1.400 por mês (veja mais abaixo os preços). Neste caso, a pessoa com obesidade pode recorrer a outros procedimentos já conhecidos, como a cirurgia bariátrica. Mas, é importante ter um acompanhamento médico e orientação de um especialista, que decidirá junto ao paciente o melhor tratamento.
“As cirurgias ainda vão existir, principalmente para quem não tem condição financeira de manter esse remédio por um tempo longo […]. Mas vai diminuir bastante o número de cirurgias com o avanço dessas medicações. Ano que vem deve chegar uma outra medicação, até melhor que o Mounjaro”, disse o nutrólogo.
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Como a caneta funciona no organismo?
Segundo a endocrinologista Rosana Oliveira, de 51 anos, o Mounjaro atua como um inibidor do hormônio peptídico do GLP-1 (Glucagon-like Peptide-1), que é produzido pelo instestino delgado e liberado em resposta à alimentação, contribuindo para a regulação da glicose no sangue e no controle do apetite.
O tirzepatida funciona imitando a ação natural do hormônio e age aumentando a secreção de insulina quando a glicose está em alta. Além disso, também iminui a produção de glicose pelo fígado, ajuda a controlar a glicemia (concentração de açúcar no sangue) após as refeições e diminui a ingestão de alimentos com a redução do apetite. Os efeitos colaterais mais prevalente são náuseas e constipação (intestino preso).
De acordo com a endocrinologista, qualquer pessoa com obesidade pode utilizar o medicamento, desde que com orientação médica. É importante observar a função dos rins do paciente, e se ele está fazendo tratamento psicológico ou psiquiátrico.
“Também temos que observar se a pessoa não tem mais nenhuma outra comorbidade, como a cardiológica, no coração, e nos rins. Claro que o fígaso também, mas o coração e os rins são os principais que precisam ter cuidado”, comentou.
Rosana também comentou a diferença entre o medicamento e o Ozempic, ambos inibidores do GLP-1. De acordo com a médica, o Mounjaro é mais forte e tem uma ação mais rápida que o concorrente. É importante lembrar que o medicamento precisa de receita médica para ser adquirido.
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Qual a diferença para o Ozempic e Wegovy?
O nutrólogo Márcio Alves também explicou que a principal diferença entre os dois medicamentos é que o Mounjaro atua em dois receptores hormonais, o GLP-1 e o GIP, enquanto o Ozempic atua apenas no GLP-1. Por este motivo, o medicamento tem um efeito mais potente na redução do peso e no controle do apetite.
Segundo o médico, estudos comparativos entre o tirzepatida e o semaglutida comprovam a diferença na eficácia, principalmente em doses maiores. Com o Mounjaro 15 mg por semana, a perda média chega até a 22% do peso corporal, que é o maior número alcançado até hoje.
No entanto, a dosagem ainda não está disponível no Brasil, apenas 2.5 mg e 5 mg. De acordo com o nutrólogo, o tratamento medicamentoso é a longo prazo e a dosagem deve aumentar 2,5 mg a cada 30 dias.
Quanto custa o Mounjaro?
O medicamento está disponível nas dosagens 2.5 mg e 5 mg. Cada caixa conta com quatro canetas injetáveis e deve ser aplicado uma vez por semana, em qualquer horário do dia.
- Mounjaro 2.5 mg: R$ 1.406,75 (valor com o programa do laboratório) e entre R$ 1.728 (fora do programa);
- Mounjaro 5 mg: R$ 1.759,64 (valor com o programa do laboratório) e R$ 2.161,00 (fora do programa).