Mineiros aguardam 66 dias por consulta no SUS, mostra pesquisa do DataSUS
Segundo a ANS, a dificuldade no acesso ao SUS tem impulsionado a busca por planos de saúde em Minas Gerais; média de tempo de espera no Brasil é de 57 dias
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O Sistema Único de Saúde (SUS) enfrenta um de seus maiores desafios no Brasil, o elevado tempo de espera para consultas médicas. Em Minas Gerais, a situação não é diferente. Segundo dados do Departamento de Informação e Informática do Sistema Único de Saúde (DataSUS), ,o tempo de espera por uma consulta médica geral é de 66 dias e, para consultas especializadas, ultrapassa 80 dias. A média no Brasil é de 57 dias, mas existe casos extremos como em Brasília e Amazônia, onde a espera é de 150 e 102 dias, respectivamente. Veja no mapa abaixo:

A superlotação, falta de profissionais e de infraestrutura são fatores que impactam diretamente no atendimento. No Hospital Risoleta Neves, em Belo Horizonte, por exemplo, a capacidade de atendimento é de 90 pacientes, mas em um único dia, mais de 170 pacientes aguardavam por médico, forçando a suspensão de atendimentos de urgência.
“Cheguei 2h da tarde e fui atendida só de madrugada. Mesmo assim, não resolveram meu problema. Tô saindo doente do mesmo jeito que entrei”, contou Pâmela Santos, moradora da capital, que procurou a unidade com sintomas de intoxicação alimentar, durante uma entrevista à Record.
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Impacto direto na vida dos usuários
A longa espera por atendimento impacta diretamente na qualidade de vida e na rotina dos mineiros. No mesmo hospital, uma idosa de 71 anos ficou nove horas aguardando com o braço quebrado e saiu sem atendimento. Enquanto isso, o Sistema de Regulação do SUS (Sisreg) acumula pedidos represados. Em algumas cidades do interior, a espera por um exame pode ultrapassar os 6 meses. A situação, que não é nova, tem se agravado desde o fim da pandemia.
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Planos de saúde: fuga cara da fila pública
A dificuldade no acesso ao SUS tem impulsionado a busca por planos de saúde em Minas Gerais. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o número de beneficiários de planos no estado cresceu 5,2% em um ano, ultrapassando 6,5 milhões de pessoas. A maioria, no entanto, contrata planos com coparticipação ou cobertura limitada, em função dos altos custos.
Segundo o planejador financeiro Leandro Duarte, de Uberaba, o gasto médio com plano de saúde em Minas varia entre R$ 300 e R$ 1.200 por pessoa, dependendo da idade e cobertura. “Muitas famílias estão trocando outros serviços para conseguir pagar o plano. É um movimento que mostra desespero por atendimento, e não necessariamente escolha”, afirma.
Leandro alerta ainda para a necessidade de um planejamento financeiro rigoroso. “Quem decide contratar um plano precisa estar ciente de que é um compromisso de longo prazo. É um custo fixo que cresce ano a ano.”