Desenvolvimento infantil ameaçado? Pesquisa alerta para riscos na primeira infância
Estudo revela que 40% dos brasileiros desconhecem a importância da primeira infância, fase mais importante da vida. Especialistas apontam violência e telas como principais vilões
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Mais de 40% dos brasileiros não sabem o que significa o termo “primeira infância”, e somente 2% da população reconhece corretamente que essa fase vai do nascimento até os seis anos. É o que revela a pesquisa realizada pela Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV), em parceria com o Instituto Datafolha.
O levantamento ouviu 2.206 pessoas em todo o país, sendo 822 responsáveis por crianças de 0 a 6 anos, entre os dias 8 e 10 de abril de 2025.
O estudo evidencia que o conhecimento sobre a importância dessa fase da vida ainda é limitado: 41% dos entrevistados acreditam que o ser humano se desenvolve mais a partir dos 18 anos, enquanto apenas 16% indicam corretamente os primeiros anos como o período mais significativo.
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O que é a “primeira Infância”?
Segundo a FMCSV, a chamada “primeira infância” corresponde aos seis primeiros anos de vida do ser humano. Trata-se do período de maior desenvolvimento, quando cerca de 90% do cérebro é formado.
Evidências apontam que crianças que recebem atenção integral nessa fase têm mais saúde física e mental ao longo da vida, além de melhores condições de aprendizagem e oportunidades profissionais.
Por outro lado, a negligência e a violência impactam negativamente o desenvolvimento infantil, com consequências que podem se estender por toda a vida — e até para gerações futuras.
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A relação adulto e criança
Apesar do desconhecimento sobre o conceito, a maioria dos brasileiros reconhece a importância do amor, carinho e atenção no vínculo com a criança. No entanto, práticas fundamentais para o desenvolvimento são pouco mencionadas de forma espontânea — como o ato de brincar, citado por 3% dos entrevistados.
Para os pesquisadores, o desafio é ampliar o acesso à informação, especialmente entre famílias em situação de vulnerabilidade social.
“A primeira infância é o período mais potente do desenvolvimento humano. Promover o conhecimento sobre essa fase é essencial para garantir melhores oportunidades para todas as crianças”, afirma Paula Perim, diretora de sensibilização da FMCSV.
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Preocupações sobre o tempo de tela
O uso de dispositivos eletrônicos na primeira infância é outro destaque do estudo. Mesmo entre crianças de 0 a 2 anos — faixa etária para a qual a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda nenhuma exposição a telas —, a média diária de uso é de duas horas. Entre as de 4 a 6 anos, esse tempo sobe para três horas por dia.
Quase 100% das crianças de 4 a 6 anos, e 78% das de 0 a 3 anos, têm contato com telas diariamente. Embora 56% dos entrevistados reconheçam os efeitos negativos desse hábito, como prejuízos à saúde e ao desenvolvimento, 42% também associam o uso excessivo à agitação e agressividade.
Entre as estratégias sugeridas para reduzir o tempo de tela, 51% defendem o incentivo a brincadeiras ao ar livre e 47% sugerem horários fixos para o uso de eletrônicos.

Violência como método disciplinar
A pesquisa também mostra que métodos disciplinares violentos ainda fazem parte da rotina de muitas famílias. 29% dos responsáveis admitem aplicar palmadas, beliscões ou apertos como forma de correção — embora apenas 17% considerem a prática eficaz.
Mais de 40% afirmam gritar ou brigar com a criança para impor limites. O estudo alerta que abordagens violentas, físicas ou verbais, podem gerar agressividade, baixa autoestima, problemas de saúde mental, atraso na linguagem, dificuldades cognitivas e perpetuação da violência na vida adulta.
Saiba mais por meio da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV) ou através do link.