Intoxicação por metanol tem uma morte confirmada e 26 casos suspeitos em dois estados

Crise mobiliza autoridades de saúde e segurança; Polícia Federal investiga origem do álcool tóxico usado em bebidas alcoólicas adulteradas

, em Uberlândia

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A crise de intoxicação por metanol em bebidas adulteradas já deixou uma morte confirmada em São Paulo e dezenas de casos em investigação. Até esta quarta-feira (1º), o estado contabiliza seis mortes suspeitas, sendo uma já confirmada e cinco em apuração, e 23 notificações entre casos confirmados e suspeitos. Em Pernambuco, três ocorrências foram registradas, com dois óbitos e um sobrevivente com perda de visão, mas ainda sem confirmação da substância como causa.

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Intoxicação por metanol já tem uma morte confirmada, cinco suspeitas e 26 casos em investigação
Intoxicação por metanol já tem uma morte confirmada, cinco suspeitas e 26 casos em investigação – Crédito: Canva

Situação em São Paulo

A morte mais recente ocorreu em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo. Um homem de 49 anos morreu em casa na noite de terça-feira (30). A cidade já soma 13 casos em apuração, incluindo cinco mortes suspeitas e oito internações.
Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, são sete casos confirmados de intoxicação por metanol no estado e outros 16 sob investigação.

Nos últimos dias, operações apreenderam 50 mil garrafas de bebidas suspeitas e 15 milhões de selos falsificados. Ao menos quatro estabelecimentos, entre bares e distribuidoras, foram interditados pela Vigilância Sanitária.

Casos em Pernambuco

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco notificou três casos suspeitos: dois homens que morreram e outro que perdeu a visão. Os episódios ocorreram em Lajedo e João Alfredo, no Agreste, e foram atendidos pelo Hospital Mestre Vitalino, em Caruaru. Até o momento, não há confirmação laboratorial de intoxicação por metanol nesses casos.

As autoridades estaduais intensificaram a fiscalização em depósitos e pontos de venda de bebidas, coletando amostras para análise e interditando lotes suspeitos.

Vítimas e sintomas

As vítimas conhecidas têm perfil majoritário de jovens adultos. Os sintomas iniciais lembram uma ressaca comum como náusea, vômito, tontura e dor de cabeça, mas em poucas horas podem evoluir para visão turva, cegueira, convulsões, coma e morte.

Um dos casos graves é o de um jovem que permanece internado há quase um mês em São Paulo, após beber gin adulterado em uma confraternização. Ele entrou em coma, precisou de ventilação mecânica e hemodiálise. Em um outro episódio, uma mulher ficou cega depois de consumir vodca em um bar na capital paulista.

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Investigações e medidas

O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, informou que a Polícia Federal abriu inquérito para rastrear a origem do metanol.

O governo de São Paulo instalou um gabinete de crise e determinou a interdição cautelar de estabelecimentos ligados à venda de bebidas adulteradas. O governador Tarcísio de Freitas afirmou que, até agora, não há indícios de envolvimento do crime organizado.

Já o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, alertou que o número de notificações deve crescer, com profissionais de saúde orientados a identificar mais rapidamente os sintomas e a notificar os casos.

Vigilância Sanitária e Polícia Federal fazem fiscalização e investigação sobre intoxicação por metanol
Vigilância Sanitária e Polícia Federal fazem fiscalização e investigação sobre intoxicação por metanol – Crédito: Canva

O que é o metanol

O metanol é um álcool líquido, incolor e altamente tóxico. Sua ingestão pode causar náusea, vômito, dores de cabeça, cegueira permanente e até morte. Estudos indicam que 10 ml da substância podem provocar perda irreversível da visão e 30 ml podem ser fatais.

As autoridades reforçam que a população só deve comprar bebidas em locais confiáveis, verificar lacres e selos fiscais, e desconfiar de preços muito abaixo do mercado. Qualquer sintoma incomum após o consumo de álcool deve ser motivo para busca imediata de atendimento médico.