Intoxicação por metanol muda rotina de comércio de bebidas em Uberlândia

A Abrasel têm promovido treinamentos para empreendedores identificarem bebidas falsificadas; em Uberlândia, distribuidoras reforçam confiança de clientes

, em Uberlândia

-

Um medo crescente entre os consumidores de bebidas destiladas também tem atingido Uberlândia e influenciado comerciantes de Uberlândia, após o registro de 43 casos de intoxicação por metanol no país, sob a suspeita de ingestão da substância após consumo de bebidas adulteradas. Apesar de Minas Gerais não ter registrado nenhum caso do tipo, alguns estabelecimentos emitiram comunicados e adotaram mais medidas para garantir aos clientes que seus produtos são seguros e, assim, evitar uma queda nas vendas e a desconfiança dos consumidores.

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Distribuidoras de Uberlândia falam sobre impacto dos casos de intoxicação por metanol no país
Distribuidoras de Uberlândia falam sobre impacto dos casos de intoxicação por metanol no país – Créditos: Getty Images/Divulgação

Casos de intoxicação por metanol afetam o Brasil

O Centro Nacional de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) recebeu a notificação de 43 casos de intoxicação por metanol no país, segundo informou o Ministério da Saúde na noite desta quarta-feira (1º).

Do total, 39 são apenas em São Paulo, estado que já confirmou seis mortes, das quais uma é confirmada e cinco estão em investigação. Pernambuco também registrou quatro casos, que estão em análise, e dois óbitos a serem confirmados.

Mesmo que em Minas Gerais não tenha registro de nenhum caso do tipo, como confirmado pelo secretário de Saúde, Fábio Bacchereti, o Procon Estadual expediu recomendação para que bares, restaurantes, hotéis e casas de eventos reforcem o controle na comercialização de bebidas alcoólicas em todo o Estado.

×

Leia Mais

Como distribuidoras de Uberlândia têm lidado com as mudanças

Em entrevista ao Paranaíba Mais, o gerente da Demorô Distribuidora, Matheus Martins, informou que já conseguiram sentir a insegurança de seus clientes no momento da compra. “Todos os clientes que pretendem comprar bebidas destiladas agora fazem a pergunta para especular a possibilidade de ser ou não uma bebida falsificada”, explicou.

No entanto, o estabelecimento, que fica aberto 24 horas no bairro Santa Mônica, ainda não sentiu uma queda nas vendas. Para Matheus Martins, o motivo de manterem a estabilidade se deve à credibilidade que passam para os clientes.

Segundo o gerente, todas as bebidas da distribuidora são originais e possuem notas fiscais. A recomendação do Ministério da Saúde para os consumidores é justamente que evitem o consumo e compra de bebidas sem rótulo, lacre de segurança ou selo fiscal.

Uma suposição que surgiu entre usuários da internet é sobre a diferença entre os valores de bebidas originais e as que são falsificadas ter influenciado nos casos de intoxicação por metanol. A maioria dos casos estão relacionados ao consumo de bebidas adulteradas, que geralmente são mais baratas.

“A diferença de valor é gigantesca e por isso os estabelecimentos que tem o olhar apenas para o lucro recorrem a estes produtos falsificados sem procedência, visto que a diferença de preço chega a ser de 80% na hora da compra”, afirmou Matheus Martins.

VEJA MAIS! Procon de Uberlândia alerta consumidores para identificação de bebidas adulteradas

Outro estabelecimento que também teve sua rotina modificada após os casos de intoxicação foi a Estação do Cervejeiro, que possui duas distribuidoras em Uberlândia. O estabelecimento compartilhou em suas redes sociais um comunicado nesta quarta-feira (2), com orientações para a proteção dos consumidores.

No comunicado, a distribuidora também assegurou a qualidade de suas bebidas. “Diante disso, reforçamos que todos os nossos fornecedores são oficiais”, escreveu.

O analista de sistemas Davi Fernandes, um consumidor de bebidas destiladas, contou ao Paranaíba Mais que não está preocupado com a situação dos bares nos quais frequenta, pois já trabalhou em alguns e conheço os fornecedores. “Mas definitivamente não vou confiar nos copões que encontramos em adegas e distribuidoras. Na dúvida, melhor tomar cerveja”, comentou.

Medidas preventivas de segurança

O presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel-MG) de Uberlândia, Fábio Luiz Bertolucci, explicou que a associação recomenda ao setor que compre de fornecedores legalizados e com a documentação em dia. O presidente também indica que os comerciantes tenham sempre em mãos documentos fiscais para mostrar aos clientes, caso seja solicitado.

“Outra sugestão é que destruam os vasilhames vazios e descarte corretamente, pois ao vender ou dar para terceiros, pode estar repassando para pessoas mal intencionadas, que vão preencher este vasilhame com produtos adulterados”, informou Bertolucci.

A Abrasel ainda não recebeu reclamações dos associados donos de bares e restaurantes de queda nas vendas de destilados. No entanto, o presidente prevê uma mudança no comportamento dos clientes, que deverão passar a exigir confirmações sobre a origem dos produtos, para se sentir seguro em frequentar o local.

“Temos uma cartilha junto com o Procon sobre comportamento do consumidor em bares e restaurantes e já fizemos diversos treinamentos com a Vigilância Sanitária. Podemos fazer uma ação mais pontual para esta questão que se apresenta no momento”, informou Bertolucci ao ser questionado sobre as ações da associação em parcerias com outros órgãos.

Em âmbito nacional, a Abrasel têm promovido treinamentos online, gratuitos e com certificado, com orientações práticas para empreendedores serem hábeis a identificar bebidas falsificadas de produtos originais.