Informação e como se preparar para a menopausa são chaves para transição saudável
Ginecologista explica a importância dos hábitos saudáveis, dos cuidados médicos e da saúde emocional antes e durante a menopausa
A menopausa é uma fase natural na vida da mulher, mas ainda cercada de dúvidas, tabus e preconceitos. Por isso, o Dia Mundial da Menopausa, comemorado em 18 de outubro, tem como principal objetivo incentivar a informação, o autocuidado e a promoção de uma transição mais tranquila e saudável.
Mais do que falar apenas sobre os sintomas, como ondas de calor, alterações de humor e mudanças no sono, a data busca ampliar o diálogo sobre saúde feminina, envelhecimento com qualidade de vida e o preparo físico e emocional para essa nova etapa.
De acordo com a ginecologista Gisele Vissoci Marquini, é possível, e necessário, começar a se preparar para a menopausa antes mesmo que ela chegue. A adoção de hábitos saudáveis, o acompanhamento médico regular e o acesso à informação confiável são fundamentais para lidar melhor com as transformações do corpo e da mente durante esse período.

“A melhor preparação é manter hábitos de vida saudáveis, com alimentação balanceada e atividade física regular”, afirma a médica. Ela explica que, embora os exames laboratoriais possam ajudar, o mais importante é a avaliação clínica detalhada.
“Mais importante que avaliações de exames, é importante uma avaliação clínica bem detalhada, examinar fisicamente essa mulher, palpar as mamas, afastar a possibilidade de câncer, fazer os exames de rastreamento para câncer, como mamografia a partir dos 40 anos. Os exames laboratoriais são complementares, mas o mais importante é a avaliação clínica da paciente”, reforça.
Como se preparar para a menopausa
Gisele Vissoci orienta que a mulher adote hábitos preventivos ainda na fase fértil. “Evitar hábitos nocivos, como cigarro, álcool, produtos industrializados, excesso de gordura saturada. É preciso priorizar uma alimentação saudável, atividade física regular, cuidar também da espiritualidade, cuidar de domínio de vida, focar no que é essencial e abandonar o que é superficial para ela gastar energia com a sua prioridade”.
Ela destaca ainda que o acompanhamento deve ser feito preferencialmente com um ginecologista. “O especialista para cuidar da menopausa deve ser o ginecologista. É muito mais seguro para a mulher fazer a reposição hormonal de menopausa com o seu ginecologista de confiança do que outras áreas. O nutrólogo é importante na alimentação. O endocrinologista é importante na área de outros hormônios. Mas o ginecologista é capaz de afastar as contra-indicações para terapia hormonal, que é o câncer de mama e o câncer de endométrio, principalmente”.
Alimentação e saúde óssea
A alimentação é um ponto essencial na fase do climatério, que é o período de transição da fase reprodutiva para a não reprodutiva da mulher, caracterizado pela diminuição dos hormônios femininos.
“A mulher deve priorizar frutas e verduras, alimentos com proteínas, como peixe e frango, evitar o excesso de carne vermelha. Castanhas são muito importantes porque são ricas em vitamina E, vitamina C. Leite e derivados, para aquelas que não têm intolerância à lactose, são bem-vindos porque contêm cálcio e vitamina D. A dieta mediterrânea é muito indicada porque tem fontes de nutrientes naturais essenciais para a menopausa”, explica.
Na opinião de Gisele Vissoci é necessário cuidados com os ossos. “É preciso abolir a ideia de que leite é inflamatório. Aquelas mulheres que apresentam intolerância à lactose, tudo bem, mas essa ideia de que o leite faz mal leva as mulheres a consumir menos leite e derivados, o que é um erro. O leite contém cálcio e vitamina D, que são fundamentais para a massa óssea”.
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Saúde mental e equilíbrio emocional
Além dos cuidados físicos, a ginecologista destaca a importância da saúde mental durante a menopausa. “Existem medicações que controlam muito bem a ansiedade, desde medicamentos naturais até ansiolíticos, mas a mulher não precisa depender de medicação para tudo. Nós precisamos buscar relacionamentos saudáveis, conexões sociais que nos fazem bem, evitar o auto chicoteamento, buscar atividades lúdicas, dança, artesanato, trabalhos voluntários. O ato de servir traz muita felicidade e pode evitar o uso desnecessário de medicação”, ressalta.

Tratamentos e terapias possíveis
A terapia hormonal ainda é um dos tratamentos mais eficazes, mas deve ser avaliada com cuidado. “A terapia hormonal é muito bem indicada para aliviar as ondas de calor, amenizar os sintomas de irritabilidade, alterações de humor e de sono. Mas nós não podemos depositar todas as esperanças somente na reposição hormonal. Ela vai aliviar os sintomas, melhorar a perda de massa óssea e amenizar os impactos cardiovasculares, mas há mulheres que não podem fazer. Para essas, existem medicamentos naturais derivados de plantas e da soja, que podem aliviar os sintomas e proporcionar uma boa assistência”, explica.
Um novo olhar sobre a menopausa
Para a ginecologista, o mais importante é enxergar a menopausa como uma nova fase da vida, e não como o fim de um ciclo. “A principal mensagem é não desanimar, se cuidar, porque a menopausa é uma fase da vida da mulher. Como pode ser a gestação, o início do mercado de trabalho ou a aposentadoria. A mulher tomando seus devidos cuidados pode fazer dessa a melhor fase da sua vida. Evitar informações não padronizadas, buscar sempre ajuda qualificada e sempre focar nela. Lembrar que ela é uma pessoa especial e que merece todo o cuidado do mundo”.