Gripe avança, mas vacinação tem baixa adesão em cidades mineiras
Dados oficiais mostram que grupos prioritários têm imunização abaixo de 25% no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba
Com a chegada do outono e a queda nas temperaturas, o Triângulo Mineiro e o Alto Paranaíba enfrentam um desafio preocupante: a baixa adesão à vacinação contra a gripe entre os grupos prioritários — como crianças, gestantes e idosos. Mesmo após semanas de campanha, os dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG) apontam coberturas vacinais alarmantes nas principais cidades da região.
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Cobertura vacinal preocupa
Na Regional de Saúde de Uberlândia, que abrange 18 municípios, a cobertura vacinal entre os grupos prioritários está em apenas 19,43%, com 78.395 doses aplicadas em uma população-alvo de 243.002 pessoas. Em Patos de Minas, que atende 20 municípios, o índice chega a 24,02% — 27.350 doses aplicadas entre 72.645 pessoas. A situação é ainda mais crítica na Regional de Uberaba, que cobre 27 municípios: apenas 14,69% da população prioritária foi vacinada (24.379 de 112.876 previstas).
As crianças estão entre os grupos com menor cobertura. Em Patos de Minas, por exemplo, foram aplicadas apenas:
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223 doses em crianças de 2 a 4 anos;
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143 doses em crianças de 5 a 11 anos.
“Esses grupos são prioritários justamente pela vulnerabilidade a complicações. A baixa adesão nos preocupa”, alerta Vanessa Vieira Machado, coordenadora da Vigilância Epidemiológica de Patos de Minas.
Ampliação da vacinação
Para tentar conter o avanço do vírus, os municípios anteciparam a ampliação da campanha para toda a população acima de 6 meses de idade, conforme orientação da SES-MG.
Desde 28 de abril, as unidades de saúde de Uberaba passaram a vacinar sem restrição de público, com horários estendidos até as 20h. Em Uberlândia, 75 salas de vacinação foram disponibilizadas, incluindo unidades com atendimento noturno. Patos de Minas também está vacinando nas zonas urbana e rural.
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Mitos e verdades sobre a vacina da gripe
A estratégia busca proteger não apenas os grupos mais vulneráveis, mas também reduzir a circulação do vírus. “A vacina contra a gripe pode reduzir em até 58,7% as hospitalizações entre pessoas com comorbidades”, explica Priscilla Amaral, referência técnica de Uberaba, citando dados dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).
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Obstáculos e ações locais
Apesar das estratégias, os municípios ainda enfrentam muitos desafios. Em Patos de Minas e cidades vizinhas, foram aplicadas apenas 8.597 das 31 mil doses recebidas — a meta é imunizar 75.274 pessoas. Na região de Uberlândia, menos de 20% das 243 mil pessoas do público-alvo inicial foram vacinadas.
Para aumentar a cobertura, as prefeituras estão adotando ações como:
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Vacimóvel em áreas rurais de Patos de Minas e na Praça Tubal Vilela, em Uberlândia;
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Unidades de saúde com horários estendidos até 21h (em Uberlândia);
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Campanhas educativas para alertar sobre os riscos da gripe, especialmente entre os mais vulneráveis.
“Alguns pais ainda subestimam a influenza, mas a vacina salva vidas”, reforça Vanessa.
A campanha de vacinação vai até o fim de maio. No entanto, a SES-MG alerta: a imunização leva cerca de duas semanas para gerar proteção efetiva.
Enquanto isso, a região permanece em alerta, na esperança de que a ampliação da campanha consiga reverter um cenário que, por ora, ainda expõe milhares ao risco do vírus.