Funed desiste de produzir vacinas, mas Ministério assegura abastecimento

A Fundação Ezequiel Dias (Funed) anunciou que não dará continuidade à produção das vacinas contra a meningite C e ACWY, citando inviabilidade econômica e burocracia como obstáculos. Apesar da decisão, o Ministério da Saúde (MS) afirma que os estoques do Sistema Único de Saúde (SUS) estão garantidos, com aquisição direta das doses assegurada para este e o próximo ano, evitando riscos de desabastecimento no país.

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Funed desiste de produzir vacinas

A Funed, vinculada ao governo de Minas Gerais, comunicou ao Ministério da Saúde em julho que interromperia a transferência de tecnologia para a produção das vacinas meningocócicas C e ACWY. A decisão foi motivada pelos altos custos envolvidos na construção de uma fábrica própria, estimados em até R$ 2 bilhões, além de entraves operacionais e burocráticos que inviabilizam o projeto para a fundação e o estado.

O contrato de transferência de tecnologia, vigente há 17 anos no caso da meningite C, será encerrado em fevereiro de 2026. Já para a ACWY, ainda não há prazo definido, mas outro laboratório público poderá assumir a produção do imunizante. A Funed destacou que, mesmo com a parceria interrompida, permanece comprometida com o SUS em outros fornecimentos estratégicos, como insulina, talidomida, entecavir e soros antipeçonhentos.

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Vacinas em Minas Gerais

Segundo o Ministério da Saúde, a interrupção do processo pela Funed não compromete o fornecimento das vacinas no SUS. “Após a Funed comunicar que não conseguiu concluir a transferência de tecnologia, o Ministério buscou laboratórios produtores, garantindo a aquisição direta das doses e a oferta para este e para o próximo ano”, informou o MS. Até agora, em 2025, foram enviadas 3,4 milhões de doses da meningite ACWY e 4,5 milhões da meningite C aos estados. Minas Gerais recebeu 460 mil doses da ACWY, com 288 mil aplicadas, e 445 mil da meningite C, das quais 215 mil já foram administradas.

A Funed explicou que a produção da vacina ACWY exige a fabricação da proteína CRM197, o que demandaria investimento de cerca de R$ 1 bilhão, inviável para sua realidade. Além disso, a fundação enfrentaria desafios legais e burocráticos próprios de uma entidade pública de direito público, como regras rígidas de contratação, aquisição e gestão de pessoal, que tornam o projeto lento e complexo.

Para assegurar a continuidade da função estratégica da Funed, a instituição contratou a Fundação Getúlio Vargas (FGV) para conduzir uma avaliação e reestruturação de suas operações, com foco em modernizar processos, otimizar o parque industrial e melhorar a prestação de serviços essenciais à saúde pública. O estudo deve ser concluído em até um ano, preparando a fundação para novos desafios e parcerias.

Enquanto isso, o Ministério da Saúde reforça que não depende da Funed para manter a imunização nacional contra meningite. Os estoques atuais garantem a vacinação de crianças, adolescentes e adultos conforme o calendário vacinal, sem risco de desabastecimento imediato.