Febre Oropouche: entenda o que é, os sintomas e como se prevenir
Casos de febre Oropouche ultrapassam 10 mil no Brasil; Minas Gerais ocupa 3º lugar no ranking de maior incidência
No Brasil, a febre Oropouche vem ganhando destaque. A doença é causada por um vírus transmitido por pequenos mosquitos chamados maruim, e provoca sintomas semelhantes aos da dengue e da chikungunya. Apesar de ser pouco conhecida, já há registro de casos graves, inclusive mortes, no Brasil. Neste texto, você vai entender o que é a febre Oropouche, como ela se manifesta, se pode ser fatal, quem corre mais risco, e como se proteger de verdade.
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O que é febre Oropouche
A febre Oropouche é uma infecção causada pelo arbovírus OROV, do gênero Orthobunyavirus. Ele foi identificado pela primeira vez em 1955, na Venezuela, e no Brasil em 1960, após ser isolado de um bicho-preguiça na Amazônia. O vírus circula de duas formas diferentes. Entre animais silvestres, como macacos e preguiças, com a ajuda de insetos que vivem em áreas de floresta. Já em áreas urbanas, o vírus chega até os seres humanos por meio da picada de um pequeno mosquito conhecido como maruim (Culicoides paraensis), que se adapta bem às cidades. Outro possível transmissor em ambientes urbanos é o mosquito do tipo Culex, comum em áreas com água parada.
Quais os sintomas
Os sinais chegam de forma súbita entre três e oito dias após a picada. Febre, dor de cabeça intensa, dores musculares e nas articulações e náuseas são os mais comuns — sintomas que lembram dengue e chikungunya. Casos podem incluir tontura, fotofobia, vômitos e, raramente, complicações neurológicas como meningite asséptica. A maioria se recupera em até uma semana, mas em até 60% há recidiva, e sintomas persistentes podem durar até três semanas .
Pode ser fatal?
Apesar de quase sempre a doença ser branda, 2024 foi o ano em que surgiram os primeiros casos fatais no Brasil: duas mulheres morreram no interior da Bahia, sem comorbidades. A Organização Pan‑Americana da Saúde (OPAS) também reportou infecções congênitas, óbitos fetais e casos de microcefalia em bebês de mães infectadas.
Grupos mais vulneráveis
Pessoas infectadas geralmente têm evolução benigna, mas gestantes são um grupo de risco elevado devido à chance de transmissão vertical e consequências no feto, como abortos e malformações . Indivíduos com sintomas neurológicos também requerem atenção especial, com possibilidade de hospitalização e cuidados intensivos .
Não existe vacina — o que fazer?
Ainda não há vacina nem tratamento específico para a febre Oropouche. O cuidado requer repouso, hidratação, analgésicos e antipiréticos. Medicamentos como aspirina devem ser evitados para prevenir risco hemorrágico.
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Prevenção é a melhor dica:
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Use repelentes com DEET nas áreas expostas.
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Vista roupas de mangas longas e calças, especialmente ao amanhecer e entardecer.
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Telas de malha fina (≥ 1 mm) em portas e janelas são eficazes contra maruins.
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Evite acúmulo de lixo orgânico no quintal, limpe reservatórios de água e descarte entulho, para cortar criadouros.
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Em surtos, evite áreas de mata e margens de rios, principalmente entre 9h e 16h.
Viajar para áreas endêmicas (Amazônia, Bolívia, Peru, Cuba e outros) exige proteção reforçada por até três semanas após o retorno, para não introduzir o vírus em novas regiões.
O que fazer no caso de sintomas
Se a pessoa apresentar febre súbita com cefaleia forte e dores, deve procurar atendimento rapidamente. O diagnóstico depende de avaliação clínica, testes laboratoriais (PCR ou exame sorológico) e contexto epidemiológico — especialmente se houve deslocamento ou convívio em áreas com surtos. Tratamento imediato com suporte clínico e hidratação reduz o risco de complicações.
Em resumo, a febre Oropouche não é uma epidemia mundial, mas com casos graves, recentes óbitos e transmissão para fetos, merece atenção redobrada. Proteção individual, vigilância em saúde pública e informação são as armas mais eficazes para conter o avanço dessa doença ainda pouco conhecida. Se você mora em área de risco ou vai viajar, preze pela prevenção e, ao menor sinal, procure atendimento.
Casos no Brasil
Segundo dados do Ministério da Saúde (MS), já são mais de 10 mil infecções confirmadas, o que representa um aumento superior a 50% em relação ao mesmo período do ano passado. O avanço é tão expressivo que, em apenas cinco meses, o país já se aproxima do total de registros de todo o ano de 2024, que somou cerca de 13 mil casos.
Minas Gerais ocupa, atualmente, a terceira posição no ranking nacional, com 682 casos, atrás apenas do Espírito Santo, que lidera com 6.123 confirmações, e do Rio de Janeiro, com 1.900. No território mineiro, a maior concentração de diagnósticos está no Vale do Aço.
Além da alta nos números, o cenário se torna ainda mais preocupante pelo fato de o Brasil ter registrado, em 2024, as primeiras mortes causadas pela febre Oropouche no mundo — um marco que reforça a urgência de vigilância e prevenção.