Falsa couve provoca 7 casos de intoxicação em Santa Vitória e preocupa autoridades

Planta tóxica (Nicotiana glauca), também chamada de fumo bravo, já causou morte e hospitalizações em várias cidades de Minas Gerais

, em Uberlândia

-

O prefeito de Santa Vitória, Sérgio Moreira (Solidariedade), emitiu um alerta nas redes sociais sobre os riscos da falsa couve, também conhecida como fumo bravo, que tem causado casos graves de intoxicação no Triângulo Mineiro. Segundo ele, já foram confirmados sete casos no município, e há suspeitas de que muitas famílias cultivem a planta em casa sem saber de sua toxicidade.

Falsa Couve provoca intoxicações graves no Triângulo Mineiro
Falsa couve provoca intoxicações graves e a diferença entre a couve tradicional (verdura) e a Nicotiana glauca é imperceptível para leigos – Crédito: PMMG/Divulgação

📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

O prefeito Sergio Moreira reforça a necessidade de não consumir ou cultivar a planta, seja como alimento ou chá, devido ao risco de intoxicação grave e até morte. Ele agradeceu à equipe do Pronto Atendimento Municipal, que atuou rapidamente e salvou todas as vítimas registradas até agora. No município, dois funcionários públicos, também sofreram intoxicação grave, mas receberam atendimento a tempo e não evoluíram para quadros críticos graves. O caso aconteceu há cerca de um mês.

O Paranaíba Mais conversou com o prefeito, que relatou que as vítimas prepararam e consumiram uma salada no almoço, e poucos minutos depois, já apresentavam quadro de intoxicação grave. Segundo ele, o atendimento foi rápido. “Em cerca de 15 minutos, o socorro chegou, encaminhou os pacientes ao hospital, realizou hidratação e as medidas iniciais. Todos evoluíram bem, permanecendo apenas um dia internados”, afirmou.

Tragédia familiar

O alerta ganha ainda mais força com o caso de Claviana Nunes da Silva, de 37 anos, sepultada nesta terça-feira (14) no Cemitério Municipal de Guimarânia, vítima de intoxicação por ingestão da falsa couve em Patrocínio. A família colheu e preparou as folhas para a refeição. O marido de Claviana, de 60 anos, permanece em coma induzido, intubado e em tratamento de pneumonia, com quadro considerado grave e instável. Outro homem, de 64 anos, segue internado na UTI, mas está consciente e respirando com auxílio de oxigênio. O quarto intoxicado, de 67 anos, já recebeu alta após um dia de observação.

×

Leia Mais

Em Uberlândia, outro almoço em família quase terminou em tragédia. O borracheiro Djalma Costa, sua esposa Rosângela e o neto Davi passaram mal após consumir o que acreditavam ser a verdura plantada em casa. “Plantei couve, tinha que nascer couve, né? Mas nasceu diferente”, contou Djalma. Mais tarde, ele descobriu que a planta era, na verdade, Nicotiana glauca, conhecida popularmente como falsa couve, uma espécie altamente tóxica. Eles ficam em observação e depois foram liberados.

Prefeito reforça alerta à população

Em vídeo divulgado, o prefeito pediu à população que identifique e elimine exemplares da planta tóxica em casa, para proteger não apenas suas famílias, mas também a segurança do município como um todo. Ele enfatizou que o pronto atendimento rápido é fundamental, mas a prevenção é a forma mais eficaz de evitar novas tragédias.

O que é a falsa couve?

A falsa couve (fumo bravo) é uma planta altamente tóxica, com aparência semelhante à couve comum, mas com efeitos perigosos quando ingerida. Pode causar náuseas, vômitos, confusão mental, arritmias e até parada cardiorrespiratória, exigindo atenção máxima de autoridades e população.

Segundo o professor Sandro Henrique Ribeiro, doutor em Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o veneno não é eliminado pelo cozimento. “Essas substâncias são termoestáveis. Mesmo refogada, a planta continua tóxica e pode causar colapso em poucos minutos”, explicou.

A Nicotiana glauca contém compostos que afetam diretamente o sistema nervoso. No início, o organismo sofre uma superestimulação, com taquicardia e sudorese intensa. Em seguida, ocorre o efeito contrário, bloqueio nervoso e muscular, que pode levar à parada respiratória e morte. “É como se o corpo recebesse uma descarga elétrica e depois desligasse completamente. Sem socorro imediato, o desfecho é fatal”, detalhou o pesquisador.