Entenda como funciona o Kisunla, 1º medicamento aprovado pela Anvisa para tratamento do Alzheimer
Aprovado nesta terça (22), o tratamento inovador desacelera a progressão da doença, oferecendo esperança a 1,2 milhões de pessoas que sofrem de Alzheimer no Brasil
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou, na última terça-feira (22), o Kisunla (donanemabe), o primeiro medicamento autorizado no Brasil para o tratamento do Alzheimer em estágios iniciais.
Desenvolvido pela Eli Lilly, o remédio representa um marco no combate à principal forma de demência, oferecendo esperança para pacientes e familiares ao retardar a progressão dos sintomas.
O produto é uma solução para diluição para infusão. O produto será comercializado em embalagem contendo 1 frasco-ampola de 20mL com 1 unidade por apresentação.

Como funciona?
Segundo as informações publicadas pela agência, Kisunla é um anticorpo monoclonal que atua diretamente nas placas de beta-amiloide, aglomerados de proteína que se acumulam no cérebro de pessoas com Alzheimer e contribuem para a deterioração cognitiva. Ao se ligar a essas placas, o medicamento facilita sua remoção, reduzindo o impacto da doença.
Administrado por infusão intravenosa a cada quatro semanas, o tratamento é indicado para pacientes com comprometimento cognitivo leve ou demência leve, com patologia amiloide confirmada.
Estudos mostram que o Kisunla pode reduzir em até 39% o risco de progressão para estágios mais avançados da doença, preservando funções como memória e raciocínio por mais tempo.

Resultados promissores
Um estudo clínico com 1.736 pacientes em oito países demonstrou a eficácia do Kisunla. Os participantes, todos em estágio inicial da doença, receberam doses de 700 mg nas três primeiras infusões, seguidas de 1.400 mg a cada quatro semanas, por até 72 semanas.
Na 76ª semana, aqueles tratados com o medicamento apresentaram uma progressão clínica significativamente menor em comparação ao grupo que recebeu placebo. Em pacientes com menor avanço da doença (níveis mais baixos de proteína tau), o declínio cognitivo foi reduzido em 35%, segundo a Escala Integrada de Avaliação da Doença de Alzheimer (iADRS).
A aprovação é um passo crucial, já que o Brasil é um dos primeiros países a liberar o medicamento, seguindo Estados Unidos, Japão, China e Reino Unido.
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Embora promissor no tratamento do Alzheimer, o medicamento exige acompanhamento médico. O tratamento é contraindicado para pacientes em uso de anticoagulantes ou com diagnóstico de angiopatia amiloide cerebral, devido a riscos aumentados.
Efeitos colaterais, como reações à infusão (febre, sintomas gripais), dores de cabeça e, em casos raros, anormalidades relacionadas à amiloide (ARIA) que podem causar sangramentos cerebrais, foram reportados. A Anvisa informou que monitorará a segurança e a eficácia do medicamento, implementando um Plano de Minimização de Riscos.
Um avanço para o Brasil no tratamento do Alzheimer
No Brasil, onde a doença de Alzheimer afeta cerca de 1,2 milhão de pessoas, o Kisunla chega como uma ferramenta inovadora no Sistema Único de Saúde (SUS), que já oferece tratamento multidisciplinar e medicamentos para aliviar sintomas.
A aprovação do primeiro tratamento modificador da doença reforça a importância de diagnósticos precoces, permitindo que mais pacientes se beneficiem do medicamento em fases iniciais.