Vítimas da falsa couve em Patrocínio seguem internadas; um paciente deixa a UTI
Casal e amigos passaram mal após almoçar planta tóxica; uma mulher de 37 anos não resistiu e morreu na segunda-feira (13)
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Duas pessoas continuam internadas nesta quinta-feira (16) após o caso de intoxicação por ingestão da falsa couve em Patrocínio, no Alto Paranaíba.
De acordo com boletim médico divulgado pela Secretaria Municipal de Saúde, o marido de Claviana Nunes da Silva, de 60 anos, permanece internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), em coma induzido e com ventilação mecânica. Já o outro paciente, de 64 anos, que também estava na UTI, apresentou melhora, foi transferido para a enfermaria e segue internado em estado estável.
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Como a intoxicação aconteceu
O caso ocorreu na quarta-feira (8), quando quatro pessoas almoçavam em uma fazenda às margens da BR-365. O grupo colheu folhas no quintal acreditando se tratar de couve tradicional, mas o vegetal era a Nicotiana glauca, conhecida como falsa couve, charuteira ou couve-do-mato, uma planta altamente tóxica, comum em áreas rurais e beiras de estrada.
Poucas horas após a refeição, todos começaram a passar mal, com tontura, falta de ar e parada cardiorrespiratória. As vítimas foram socorridas por equipes do Corpo de Bombeiros, Samu e Polícia Militar, e levadas para a Santa Casa e a UPA de Patrocínio.
O quarto idoso, de 67 anos, recebeu alta após um dia de observação.
Morte da mulher
Claviana Nunes da Silva, de 37 anos, morreu na segunda-feira (13) após consumir as folhas tóxicas confundidas com couve tradicional na zona rural de Patrocínio. O corpo foi sepultado na terça-feira (14) no Cemitério Municipal de Guimarânia.
O velório aconteceu na Funerária do Baiano e reuniu familiares e amigos da vítima, lembrada pela sobrinha, Geovana Cristina da Silva, como uma mulher trabalhadora e generosa.

“Ela sempre foi uma fortaleza. Trabalhava, ajudava todo mundo, tinha alma boa e coração puro. Mesmo nos momentos difíceis, estava sempre sorrindo. Infelizmente, a toxina entrou muito rápido no organismo, e ela não teve tempo de reagir”, disse.
Segundo a família, Claviana tinha um problema cardíaco e sofreu uma parada cardíaca logo após a ingestão da planta.
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A planta e os riscos à saúde
Segundo o professor Sandro Henrique Ribeiro, doutor em Genética e Bioquímica da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), o veneno da Nicotiana glauca não é eliminado mesmo com o cozimento.
“Essas substâncias são termoestáveis. Mesmo refogada, a planta continua tóxica e pode causar colapso em poucos minutos”, explicou.
A falsa couve contém compostos como nicotina e anabasina, que agem diretamente sobre o sistema nervoso. “É como se o corpo recebesse uma descarga elétrica e depois desligasse completamente. Sem socorro imediato, o desfecho pode ser fatal”, completou o pesquisador.