Doação de órgãos em Minas Gerais: fila tem 4,2 mil à espera e alta recusa familiar
Fila por órgãos cresce em Minas, mas recusa de 45% das famílias barra o esforço do sistema de transplantes e se torna maior desafio
Com a celebração do Dia Nacional da Doação de Órgãos neste sábado (27), o foco se volta para a urgência da doação de órgãos em Minas Gerais. Atualmente, 4.239 pacientes aguardam por um órgão sólido, segundo dados do Ministério da Saúde.

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Embora a região tenha avançado, realizando 708 transplantes em 2025, o esforço do sistema é constantemente barrado pelo fator humano: a taxa de recusa familiar atinge cerca de 45% das famílias no momento de autorizar a doação, sendo o maior desafio para salvar essas vidas.
Como funciona a fila de espera
A lista de espera por um órgão em território mineiro é centralizada na Central Estadual de Transplantes (CET/MG), vinculada à FHEMIG. A fila é única, e sua ordem não segue a data de inscrição, mas a necessidade clínica do paciente.
Isso garante que o órgão disponível vá para quem tem a maior urgência e a maior chance de sucesso no procedimento.
A alocação é baseada em critérios técnicos que buscam a equidade no atendimento. O paciente avança na lista conforme a gravidade e urgência de seu quadro, a compatibilidade do órgão (testes imunológicos, tipo sanguíneo e, se necessário, compatibilidade anatômica) e, por fim, o tempo de espera, que serve apenas como critério de desempate.
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Pacientes e familiares podem acompanhar sua posição na fila por meio dos centros de transplantes e do sistema SNT.
Essa organização atende à demanda mais crítica: o Rim é o órgão com maior fila (excluindo os tecidos). A fila por Córnea é mais extensa, ultrapassando 4.500 pessoas, enquanto a lista por Pâncreas é a menor.

Desafios e a doação de órgãos em Minas Gerais
A rede de saúde do estado mineiro tem focado em superar os desafios de captação, e os resultados aparecem em números: o volume de transplantes subiu de 891 em 2023 para 1.080 em 2024.
No entanto, o obstáculo mais crítico para aumentar esses números não é a logística. A taxa de 45% de recusa familiar, conforme apontado por Omar Lopes Cançado, diretor do MG Transplantes, impede a realização de quase metade das doações potenciais.
O contexto nacional reforça essa urgência, já que o Brasil soma mais de 47.257 pessoas à espera por um órgão, com 7.083 transplantes realizados em 2025.
É por isso que, no Dia Nacional da Doação de Órgãos, a mensagem principal é o diálogo em vida. No Brasil, não existe um registro oficial ou carteirinha de doador. A palavra final cabe legalmente aos parentes de primeiro e segundo grau.
Conscientizar sobre essa decisão é o foco de iniciativas como a campanha Setembro Verde, fundamental para reforçar que a comunicação clara em casa é a etapa mais humana e decisiva para garantir que a vontade do doador seja cumprida e que milhares de vidas possam ter uma nova chance.