Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio alerta para alta nos casos em Minas Gerais

Estado registrou mais de 2 mil casos em 2024 e ocupa a segunda posição no ranking nacional; especialistas reforçam papel do Setembro Amarelo

, em Uberlândia

O Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é lembrado nesta quarta-feira (10) e reforça a necessidade de quebrar tabus e ampliar as políticas de saúde mental. Em Minas Gerais, o alerta ganha ainda mais força, o estado foi o segundo com maior número de casos em 2024, com 2.006 registros, de acordo com o Mapa da Segurança Pública.

De acordo com os dados, Minas apresentou uma taxa de 9,41 mortes por 100 mil habitantes, o que coloca o estado atrás apenas de São Paulo (2.921 casos). No Brasil, foram 16.218 registros no último ano, com média de 44 mortes por dia. Embora o índice nacional tenha caído 1,44% em relação a 2023, os números ainda revelam uma realidade alarmante.

Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio
Minas Gerais registrou 2.006 suicídios em 2024 e ocupa a segunda posição no ranking nacional, segundo o Mapa da Segurança Pública – Crédito: Freepik/Reprodução

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O levantamento mostra também que, em Minas Gerais, 1.566 vítimas eram homens e 440 mulheres, proporção semelhante à média nacional, em que 78% dos casos envolvem pessoas do sexo masculino.

A importância de falar sobre o suicídio

Para a psicóloga e professora universitária Camila Grasseli, falar sobre o assunto é um dos caminhos mais eficazes de prevenção. “A importância é justamente poder falar abertamente sobre questões de saúde mental e tentar quebrar o estigma negativo que ainda existe. Quando o tema circula, quem passa por situações de sofrimento pode se sentir encorajado a buscar ajuda especializada”, explica.

Entre os sinais de alerta, especialistas destacam isolamento social, mudanças bruscas de comportamento, desesperança, diagnóstico de depressão, ansiedade ou outros transtornos graves.

Tabu ainda persiste

Outro desafio é o silêncio que ainda envolve o tema. A psicóloga Clícia Nascimento, lembra que o suicídio é muitas vezes tratado como tabu. “O estigma em torno do adoecimento psíquico impede que muitas pessoas compartilhem suas dores. Esse silêncio dificulta a prevenção e agrava o sofrimento”, avalia.

Segundo a psicóloga, a prevenção passa por informação de qualidade, acesso ao tratamento e fortalecimento das redes de apoio. O acompanhamento pode envolver psicoterapia, psiquiatria, uso de medicamentos e suporte familiar e social.

Setembro Amarelo e apoio disponível

A campanha Setembro Amarelo reforça a importância da conscientização sobre o tema, mas especialistas alertam que a prevenção deve ser permanente. O suicídio é hoje a segunda principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Canais de apoio estão disponíveis para quem precisa de acolhimento. O Centro de Valorização da Vida (CVV) atende gratuitamente pelo telefone 188, além de unidades básicas de saúde e serviços de emergência, como Samu e Corpo de Bombeiros, que devem ser acionados em casos de urgência.