Dia do Médico: como a telemedicina, IA e cuidado humanizado transformam a profissão
No Dia do Médico, o especialista Marcelo Gobbo Júnior destaca como a formação, a tecnologia e a relação com os pacientes transformam o papel do profissional em 2025
Segundo Gobbo a profissão médica mudou muito nos últimos anos, “Se compararmos o que era ser médico no ano 2000 com o que é hoje, vemos uma transformação profunda, desde o processo de formação até o campo de atuação profissional.”
O cenário brasileiro confirma essa expansão. Segundo o Conselho Federal de Medicina (CFM), o país deve alcançar 635 mil médicos em 2025, sendo 75.431 em Minas Gerais, o equivalente a 11,7% do total nacional. O aumento de cursos de Medicina e a criação de novas vagas regionais ampliaram o acesso à formação, uma resposta direta às desigualdades entre o Sudeste, o Norte e o Nordeste.
Novos caminhos de atuação
Antes, as vagas de Medicina eram concentradas em poucos polos. Hoje, a expansão universitária mudou o mapa da formação médica no país. “Estudos mostram que muitos médicos tendem a permanecer próximos do local onde se formaram. Por isso, a abertura de cursos regionais contribuiu para fixar profissionais em áreas antes carentes de assistência”, explica Marcelo Gobbo.
A criação de novos cursos de medicina no Brasil foi intensificada nas últimas décadas, refletindo em um aumento significativo no número de faculdades e consequentemente, de vagas, em especial na região Sudeste. Minas Gerais segue a tendência nacional e concentra o maior número de vagas em medicina no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) 2025.
O curso de graduação em Medicina, por exemplo, será disponibilizado a partir de 2026 no campus Pontal da Universidade Federal de Uberlândia, localizado em Ituiutaba. A iniciativa resulta da parceria entre a universidade, o município e o governo federal, oferecendo formação em bacharelado com dedicação em período integral.
Há uma maior concentração de vagas em cursos de medicina localizados no interior do estado. Em maio de 2025, sete regiões de Minas disputavam novos cursos, visando suprir a carência de médicos em áreas mais distantes da capital.
Essa descentralização acompanha políticas públicas de ampliação do atendimento e da Estratégia de Saúde da Família, além de novos programas federais de interiorização. Neste mês o Ministério da Saúde lançou o programa Agora Tem Especialistas, que acolheu 322 novos médicos para atuação em 156 municípios das cinco regiões do país.
Pandemia acelerou mudanças e digitalizou o cuidado
A pandemia de Covid-19 marcou uma virada definitiva na forma de exercer a medicina. A telemedicina e a telessaúde deixaram de ser exceções e passaram a integrar o cotidiano dos profissionais. “De 2020 para cá, a forma de atuar mudou completamente. A telemedicina se consolidou, e a distribuição de médicos se tornou mais dinâmica. Mas também enfrentamos outro fenômeno, o aumento de fake news na área da saúde”, observa Marcelo Gobbo.
Com isso, o papel do médico passou a incluir também o combate à desinformação, a educação em saúde e o fortalecimento do vínculo com os pacientes. “Vínculo e educação têm função terapêutica. Quanto mais confiança, melhores são os desfechos clínicos”, reforça Gobbo.
Leia Mais
O médico do futuro: digital, humano e multiprofissional
O avanço da inteligência artificial (IA) e das tecnologias de diagnóstico trouxe novas possibilidades e também novos desafios, “Hoje treinamos médicos para um mundo digital. É mais fácil preparar um médico para lidar com tecnologia do que ensinar um profissional de TI a compreender áreas científicas da medicina”, reflete Gobbo.
Segundo o especialista, o médico de 2025, portanto, é um profissional híbrido e deve dominar ferramentas tecnológicas, atuar em equipe multiprofissional e, ao mesmo tempo, manter a escuta e o olhar humano. Para o futuro, Gobbo projeta uma mudança de perfil motivacional “Antes, muitos buscavam a medicina pela estabilidade ou pela renda. Hoje, a geração Z tem preocupações diferentes, sustentabilidade, qualidade de vida e propósito social.”
Dia do Médico: a importância da vocação
No Dia do Médico, celebrado em 18 de outubro, a data convida a pensar sobre o papel do profissional de saúde e o tipo de medicina que a sociedade deseja ver nos próximos anos. Segundo Marcelo Gobbo Júnior, “em 2025, talvez o mais importante seja refletir sobre qual médico queremos. O estudante que ingressa na faculdade hoje encontrará um mercado totalmente diferente daqui a seis anos. É fundamental pensar além da caixa e compreender que exercer a medicina vai muito além da técnica”.
O médico deixa um recado para os jovens que planejam seguir carreira: “O papel do médico atualmente ultrapassa o consultório. Envolve criar vínculo, promover cuidado, educar e exercer influência positiva sobre a vida das pessoas”, conclui.