Conheça a tecnologia desenvolvida pela UFU que detecta metanol em bebidas com 100% de precisão
Método desenvolvido na Universidade Federal de Uberlândia usa luz e inteligência artificial para identificar metanol em bebidas
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Pesquisadores da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) desenvolveram uma tecnologia que utiliza luz e inteligência artificial para detectar metanol em bebidas com 100% de precisão. O método, considerado rápido, sustentável e ambientalmente seguro, promete auxiliar no combate à contaminação de destilados que vem provocando uma crise de saúde pública no país.
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A técnica, criada por cientistas da UFU, combina um sensor fotônico que analisa a amostra por meio de raios infravermelhos e um sistema chamado Máquina de Vetores de Suporte. O processo leva cerca de um minuto e não requer o uso de reagentes químicos.
Mesmo em concentrações baixas, de 0,25% de metanol, o sistema conseguiu identificar o contaminante com 100% de acerto em vodca e uísque, e 98,9% em gim.
Os testes envolveram 323 amostras de bebidas destiladas, puras e adulteradas com diferentes níveis de metanol. O sensor gera uma espécie de “assinatura” molecular de cada amostra, e a inteligência artificial é treinada para reconhecer os padrões de contaminação.
O equipamento, de 20 centímetros de largura por 30 de comprimento, é portátil em comparação com outros sistemas de análise e tem custo estimado em R$ 150 mil.

A pesquisa foi conduzida pelos professores Robinson Sabino da Silva, do Instituto de Ciências Biomédicas (Icbim/UFU), e Murillo Guimarães Carneiro, da Faculdade de Computação (Facom/UFU), com a participação da doutoranda paquistanesa Faryal Khan e outros pesquisadores de diferentes unidades da universidade.O projeto recebeu financiamento da Fapemig, CNPq e dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs).
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Nesta sexta-feira (10), a Agência Intelecto, vinculada à Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propp/UFU), protocolou o pedido de patente da tecnologia junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Segundo o professor Sabino-Silva, o objetivo é tornar a tecnologia acessível e aplicável em larga escala.
“Nosso objetivo é criar tecnologias acessíveis que permitam detectar adulterações de metanol em bebidas destiladas de forma rápida e sustentável, protegendo vidas e fortalecendo a indústria brasileira”, afirmou.
Os pesquisadores também estão abertos a parcerias com empresas, bares e produtores que desejem testar suas bebidas e até criar selos de qualidade baseados na tecnologia. Há ainda a proposta de desenvolver um projeto de extensão para oferecer o serviço à população.
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Casos de intoxicação por metanol em bebidas
Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil registrou recentemente 246 notificações de intoxicação por metanol, sendo 29 casos confirmados e 217 em investigação.
O metanol é um tipo de álcool altamente tóxico e não destinado ao consumo humano. Ele é utilizado principalmente na indústria química e automotiva, na fabricação de combustíveis e solventes. Quando ingerido, mesmo em pequenas quantidades, pode causar cegueira, falência renal e morte.
A intoxicação por metanol ocorre quando bebidas alcoólicas são adulteradas com essa substância para baratear a produção. Os sintomas incluem náusea, tontura, dor abdominal, falta de ar e visão turva.