Cirurgia longa e sem previsão de alta: Bolsonaro enfrenta recuperação difícil após procedimento
Médicos classificam operação como uma das mais complexas desde a facada em 2018; ex-presidente está na UTI, consciente, mas sem data para deixar o hospital
Após uma cirurgia de 12 horas realizada no domingo (13), o ex-presidente Jair Bolsonaro permanece internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em Brasília, sem previsão de alta. O procedimento, necessário para tratar uma suboclusão intestinal causada por aderências formadas ao longo das sete cirurgias anteriores — todas decorrentes da facada sofrida em 2018 —, foi descrito pela equipe médica como “extremamente delicado e complexo”.

Na manhã de segunda-feira (14), Bolsonaro já estava acordado, consciente e chegou a conversar com os profissionais de saúde. Segundo o cardiologista Leandro Echenique, a cirurgia “foi satisfatória”, mas o pós-operatório inspira cuidados redobrados. “Foi uma intervenção muito longa e o organismo responde com um processo inflamatório importante. Há riscos de infecção, trombose e outras intercorrências”, explicou.
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‘Abdome hostil’ e intestino comprometido
O chefe da equipe cirúrgica, Cláudio Birolini, detalhou que o abdome do ex-presidente está bastante comprometido. “Foram muitas cirurgias anteriores e a parede abdominal já estava danificada. Havia aderências significativas e uma dobra no intestino delgado que impedia o trânsito normal”, afirmou.
A equipe levou cerca de duas horas apenas para acessar a área a ser operada, tamanha era a complexidade da situação.
Ainda segundo Birolini, a obstrução intestinal provavelmente já se desenvolvia de forma silenciosa há meses. “O intestino estava sofrido”, disse. Durante a cirurgia, foi necessário liberar as aderências de maneira milimétrica, centímetro por centímetro, e reconstruir a parede abdominal.
Recuperação sem pressa
A expectativa dos médicos é que Bolsonaro permaneça internado por pelo menos duas semanas, mas essa estimativa dependerá da evolução do quadro. Ele está recebendo antibióticos e alimentação por via intravenosa, além de realizar fisioterapia respiratória. Não há previsão para sua saída da UTI, e os especialistas reforçam que o período de recuperação será prolongado, podendo levar de dois a três meses.
“O ideal agora é repouso absoluto, controle de inflamação e evitar qualquer esforço. Ele precisa deixar o intestino descansar”, pontuou Birolini. A possibilidade de novas cirurgias não está descartada, embora o procedimento atual tenha sido planejado com o objetivo de ser o mais definitivo possível.
Internação de urgência
O ex-presidente começou a apresentar sintomas como dores intensas e distensão abdominal durante um evento político na sexta-feira (11), no Rio Grande do Norte. Ele foi atendido inicialmente em Santa Cruz e depois transferido para Natal. No sábado (12), diante do agravamento do quadro, foi levado de UTI aérea para o Hospital DF Star, em Brasília.
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Michelle Bolsonaro, que acompanhou o marido, usou as redes sociais para agradecer as orações e informar que a cirurgia havia sido concluída com sucesso. “Meu coração transborda de gratidão. Seguimos firmes, com fé e esperança!”, escreveu a ex-primeira-dama.
Histórico recorrente
Desde o atentado de 2018, Bolsonaro já passou por diversas intervenções cirúrgicas para lidar com complicações no sistema digestivo. Em 2021 e 2023, ele também foi hospitalizado por episódios semelhantes de obstrução intestinal. O atual quadro é considerado um dos mais graves desde então.
A escolha por realizar o procedimento em Brasília, sob os cuidados de Cláudio Birolini — especialista em parede abdominal —, foi da própria família. Parte dos conselheiros próximos de Bolsonaro chegou a sugerir uma transferência para São Paulo, onde atua o médico Antonio Luiz Macedo, que o acompanha desde a facada. A decisão, no entanto, foi por manter o tratamento na capital federal.
A equipe médica reforça que não há pressa para dar alta. “Nosso papel é cuidar para que ele saia bem, sem riscos. Cada fase será respeitada com muita cautela”, concluiu Birolini.