Casos de sarampo no Brasil disparam e alertam para urgência na vacinação
Ministério da Saúde registra surtos em três estados e reforça que baixa cobertura vacinal aumenta risco de propagação do vírus
Os casos de sarampo voltaram a acender o sinal de alerta das autoridades de saúde em todo o país. Até o dia 5 de outubro deste ano, 34 casos da doença foram confirmados em diferentes estados, com destaque para Tocantins (25), Maranhão (1) e Mato Grosso (3), que já são considerados em situação de surto.
Diante do cenário, o Ministério da Saúde reforça a importância da intensificação da vacinação como medida fundamental para evitar a reintrodução do vírus no Brasil.
Origem dos surtos de sarampo no Brasil e transmissão do vírus
De acordo o Ministério da Saúde, nove dos casos de sarampo no Brasil foram trazidos por brasileiros que retornaram do exterior, 22 tiveram contato com pessoas infectadas fora do país e três apresentam compatibilidade genética com vírus circulantes internacionalmente.
O Tocantins registra o surto mais expressivo, iniciado no município de Campos Lindos, relacionado ao retorno de quatro brasileiros da Bolívia. A baixa adesão à vacinação da comunidade local favoreceu a rápida disseminação.
No Maranhão, o caso confirmado envolve uma mulher não vacinada que manteve contato com pessoas de Campos Lindos. Em Mato Grosso, o surto começou em Primavera do Leste, atingindo três integrantes de uma mesma família que também não haviam se vacinado.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, os casos de sarampo no Brasil, do início deste ano até o dia 7 de outubro, estão distribuídos pelos seguintes estados:
- Tocantins: 25 casos;
- Mato Grosso: 3 casos;
- Rio de Janeiro: 2 casos;
- Maranhão: 1 caso;
- São Paulo: 1 caso;
- Rio Grande do Sul: 1 caso;
- Distrito Federal: 1 caso.
Cobertura vacinal e risco de novas infecções
A cobertura da vacina tríplice viral, que combate o sarampo no Brasil, caiu em 2025, segundo a Rede Nacional de Dados em Saúde. A primeira dose atingiu 91,2% e a segunda, 74,6%, números abaixo da meta mínima de 95%. Especialistas alertam que a disparidade na vacinação entre municípios e estados aumenta a vulnerabilidade ao vírus.
Isabella Ballalai, diretora da Sociedade Brasileira de Imunizações, destaca que a percepção de risco ainda é baixa. “Quando a população não vê risco, a adesão cai. É necessário que haja conscientização sobre a gravidade do sarampo e a importância da imunização”, afirma.
A vacinação contra o sarampo no Brasil é indicada para pessoas de 12 meses a 59 anos. Adolescentes e adultos sem esquema completo devem iniciar ou completar a imunização, utilizando a tríplice viral ou a tetraviral, conforme o Calendário Nacional de Vacinação. Manter a vacinação em dia é fundamental para prevenir novos surtos e conter a circulação do vírus.
O cenário brasileiro reforça que a vacinação é a principal barreira contra a propagação do sarampo. Autoridades de saúde orientam que todos, especialmente crianças e jovens, mantenham o esquema vacinal atualizado. A intensificação das campanhas é essencial para controlar surtos e proteger a população contra a reintrodução do vírus no país.
Em áreas com surto, crianças de seis meses a menos de um ano podem receber doses adicionais, de acordo com avaliação das autoridades de saúde. Essas ações reforçam a imunidade coletiva e protegem os grupos mais vulneráveis, ajudando a controlar a disseminação do vírus de forma eficaz.
Situação do sarampo no mundo
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 9 de setembro, foram notificados 360.321 casos suspeitos de sarampo globalmente, com 164.582 confirmações em 173 países. As maiores incidências ocorreram no Mediterrâneo Oriental (34%), África (23%) e Europa (18%). Na América do Sul, a Bolívia, Paraguai e Peru enfrentam surtos ativos, enquanto Argentina registrou 35 casos confirmados.
Sobre a transmissão da doença
O sarampo é uma doença altamente contagiosa que já foi uma das principais causas de morte infantil no mundo. Seus sintomas iniciais podem se confundir com os de outras viroses, mas manchas vermelhas no rosto e atrás das orelhas, que se espalham pelo corpo após três a cinco dias, são indicativos característicos. Febre persistente, especialmente em crianças menores de cinco anos, é um sinal de alerta para casos graves, acompanhada de tosse seca, conjuntivite, nariz escorrendo e intenso mal-estar.
O vírus do sarampo se transmite facilmente de pessoa para pessoa pelo ar, durante tosse, espirro, fala ou respiração. Uma pessoa infectada pode contaminar até 90% das pessoas próximas que não estejam imunizadas, o que torna a doença extremamente perigosa e reforça a importância da vacinação para prevenir surtos e proteger a população.
Vacinação em Uberlândia
Em Uberlândia, a campanha de multivacinação está em andamento e vai até o dia 31 de outubro. Entre os imunizantes disponíveis estão a pentavalente, poliomielite, pneumocócica, tríplice viral, HPV, meningocócica ACWY e a vacina contra a dengue, conforme a idade estabelecida para cada imunizante.
Segundo o secretário municipal de Saúde, Adenilson Lima e Silva, a iniciativa é essencial para reforçar a proteção coletiva. “O Ministério da Saúde preconiza uma cobertura de 95% para todos os imunizantes disponíveis. Ainda estamos abaixo desse índice em algumas vacinas, principalmente entre crianças e adolescentes, por isso é fundamental que todos atualizem suas doses”, destacou.
