Caso da falsa couve: o que se sabe sobre a intoxicação da família em Patrocínio

Com uma vítima morta e outros dois idosos ainda internados, o caso da falsa couve em Patrocínio, no Alto Paranaíba, acendeu um alerta sobre o perigo de consumir plantas de origem desconhecida. A confusão foi com uma planta tóxica conhecida como Nicotiana glauca, muito parecida com a couve tradicional.

Confira na reportagem do Paranaíba Mais tudo o que se sabe sobre o caso registrado desde a última quarta-feira (8). O que é a perigosa falsa couve, como a intoxicação aconteceu, os detalhes do estado de saúde dos pacientes e os riscos que esse incidente revela.

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De acordo com boletim divulgado pela secretária municipal de Saúde, Luciana Rocha, a paciente de 37 anos, que faleceu nesta segunda (13) no Hospital Santa Casa de Patrocínio, ficou internada desde a última quarta-feira (8), e estava em estado grave e apresentou lesão cerebral.

Um homem de 60 anos segue em ventilação mecânica, estável, e a equipe médica aguarda resposta ao novo antibiótico. Já o paciente de 64 anos foi extubado e está consciente, com previsão de alta nos próximos dias. O quarto intoxicado, de 67 anos, teve o quadro mais leve e recebeu alta médica um dia após a internação.

Quem são as vítimas?

A mulher de 37 anos, que veio a óbito, era esposa do homem de 60 anos que também está hospitalizado. Outros dois homens, de 64 e 67 anos, também comeram o vegetal durante um almoço em uma fazenda, localizada às margens da BR-365, na zona rural. Os idosos de 64 e 67 anos moravam com o casal e trabalhava na fazenda com eles.

O que se sabe até agora

O caso de intoxicação pela falsa couve ocorreu durante um almoço na zona rural de Patrocínio, quando quatro adultos consumiram folhas colhidas no terreno, acreditando que se tratava de couve tradicional. Horas depois, todos passaram mal e chegaram a ter parada cardiorrespiratória.

Equipes do Corpo de Bombeiros, Samu e Polícia Militar foram acionadas e conseguiram reanimar as vítimas ainda no local, que foram levadas às pressas para a Santa Casa e para a UPA do município. As vítimas foram inicialmente mantidas em coma induzido devido ao quadro de intoxicação aguda.

O que é a falsa couve

A planta responsável pela intoxicação é a Nicotiana glauca, conhecida popularmente como falsa couve, charuteira ou couve-do-mato. Ela é altamente venenosa e pode ser facilmente confundida com a couve comum, por ter folhas semelhantes.

Encontrada em beiras de estrada, pastos e terrenos baldios, a planta contém substâncias que atacam diretamente o sistema nervoso, podendo causar paralisia muscular, parada respiratória e até morte.

Segundo o doutor em Genética e Bioquímica da UFU, Sandro Henrique Ribeiro, ouvido pelo Paranaíba Mais, o veneno da falsa couve não é eliminado pelo cozimento. “Essas substâncias são termoestáveis. Mesmo refogada, a planta continua tóxica e pode causar colapso cardiorrespiratório em minutos”, explicou.

Como o veneno age no corpo

Os compostos presentes na planta, como nicotina e anabasina, provocam dois efeitos no organismo. Na primeira fase, há super estimulação do sistema nervoso, com sintomas como taquicardia, hipertensão, tontura e sudorese intensa. Em seguida, ocorre o efeito oposto: bloqueio nervoso e muscular, que pode levar à paralisia respiratória e parada cardíaca.

“É como se o corpo recebesse uma descarga elétrica e depois desligasse completamente. Se o socorro não for imediato, o desfecho pode ser fatal”, alertou o pesquisador.

Autoridades reforçam alerta à população

A Secretaria de Saúde de Patrocínio orienta que moradores da zona rural redobrem o cuidado com plantas colhidas em quintais e pastagens. “A falsa couve é muito parecida com a verdadeira, mas suas folhas costumam ser mais finas e o caule mais lenhoso. Se houver dúvida, o ideal é não consumir”, disse Luciana Rocha.

Casos suspeitos de intoxicação devem ser comunicados imediatamente ao Samu (192) ou ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATox).