STF mantém condenação de Bolsonaro e aliados por unanimidade
Supremo rejeita recursos e mantém condenação de Jair Bolsonaro e aliados por tentativa de golpe
A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por unanimidade, manter a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro e de mais seis réus no processo que apura a chamada trama golpista. Com a decisão, que rejeitou recursos das defesas, o caso se encaminha para o fim da possibilidade de recurso, e a prisão dos condenados passa a depender do ministro relator, Alexandre de Moraes.
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Em julgamento virtual encerrado nesta sexta-feira, o colegiado negou os embargos de declaração protocolados pelas defesas. O placar foi de 4 votos a 0 para manter a sentença e iniciar a execução das penas em regime fechado. Votaram o relator Alexandre de Moraes e os ministros Flávio Dino, Cristiano Zanin e Cármen Lúcia. O ministro Luiz Fux não participou do julgamento, uma vez que mudou para a Segunda Turma da Corte após ter votado pela absolvição de Bolsonaro no julgamento anterior.
Próximos passos e a decisão de Moraes
Com a rejeição dos recursos, o processo está virtualmente encerrado no STF. A partir de agora, caberá exclusivamente ao ministro Alexandre de Moraes declarar o trânsito em julgado da ação penal (ou seja, o fim definitivo do processo e da possibilidade de recursos) e decidir quando Bolsonaro e os demais réus serão presos. Não há prazo definido para essa decisão.
Embora o ex-presidente e os outros réus não tenham, a princípio, o direito a um novo recurso para levar o caso ao Plenário (conhecido como embargos infringentes), as defesas podem tentar insistir nessa via. Para ter direito a esse tipo de apelo, no entanto, a condenação na Primeira Turma precisaria ter tido pelo menos dois votos pela absolvição (placar de 3 a 2), o que não ocorreu, já que a condenação final em setembro foi de 4 votos a 1.
Regime prisional e condenação de Bolsonaro
Se a ordem de prisão for decretada, o ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses, deverá iniciar o cumprimento da pena em regime fechado. O local de reclusão pode ser o Presídio da Papuda, em Brasília, ou uma sala especial da Polícia Federal.
Vale ressaltar que o ex-presidente já cumpre atualmente prisão domiciliar em função de investigações no inquérito do “tarifaço” dos Estados Unidos contra o Brasil.
A defesa de Bolsonaro poderá solicitar que ele cumpra a pena em prisão domiciliar por motivos de saúde, um precedente que já foi aplicado pela Corte. O ex-presidente Fernando Collor, por exemplo, condenado em outro processo da Lava Jato, teve o direito de cumprir a pena em casa, sob monitoramento eletrônico, após alegar problemas de saúde.
Os demais condenados, que incluem militares e delegados da Polícia Federal, poderão cumprir as penas em quartéis das Forças Armadas ou em alas especiais dentro da Papuda.
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Réus com recursos negados
Além de Jair Bolsonaro, tiveram os embargos de declaração rejeitados:
- Walter Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice-presidente em 2022.
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha.
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de segurança do Distrito Federal.
- Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI).
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa.
- Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).
O ex-ajudante de ordens Mauro Cid, que assinou delação premiada, não recorreu da condenação e já cumpre a pena em regime aberto, tendo inclusive retirado a tornozeleira eletrônica.