Por que Carla Zambelli foi presa na Itália? Entenda condenação de deputada federal licenciada

Carla Zambelli teve a localização denunciada por um deputado italiano. A polícia da Itália efetuou a prisão da parlamentar brasileira

, em Uberlândia

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A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) foi presa na Itália na tarde desta terça-feira (29), em uma operação que contou com a cooperação policial internacional. A parlamentar, que estava foragida desde maio para evitar o cumprimento de uma pena de 10 anos de prisão, foi localizada em Roma após uma denúncia.

O deputado italiano Angelo Bonelli revelou o endereço onde Zambelli estaria hospedada na capital italiana, levando à sua identificação e prisão pelas autoridades locais. A ação foi confirmada pela Polícia Federal (PF) do Brasil, que atuou em conjunto com a Interpol e agências italianas através de sua Adidância Policial em Roma.

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Deputada federal Carla Zambelli
Zambelli foi condenada em maio deste ano – Créditos: Lula Marques/Agência Brasil
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A Bancada do Partido Liberal da Câmara dos Deputados comunicou, por meio de nota, sua “total solidariedade à deputada federal Carla Zambelli”. Conforme o comunicado, emitido por meio do líder do partido, o deputado federal Sóstenes Cavalcante, Zambelli teria se apresentado voluntariamente às autoridades italianas.

“O Brasil passa a testemunhar, com perplexidade, o constrangimento diplomático e democrático de ver uma parlamentar federal buscar proteção internacional por não encontrar, em seu próprio país, as garantias mínimas do Estado de Direito.

Estamos testemunhando o avanço de um estado de exceção camuflado, onde o Judiciário concentra poderes que não lhe foram atribuídos pela Constituição. Julga, censura, legisla, investiga e pune. Tudo sem controle, sem prazo, sem transparência e, principalmente, sem oposição que possa reagir sem ser punida”, escreveu na nota.

Confira o comunicado na íntegra mais abaixo.

Entenda a condenação de Carla Zambelli

A prisão de Zambelli decorre de uma condenação imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 14 de maio. A Primeira Turma do STF considerou a deputada culpada pelos crimes de invasão a dispositivo informático e falsidade ideológica, ocorridos em 2023. Esses crimes estão relacionados à invasão dos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Além da pena de 10 anos de prisão, a condenação de Zambelli inclui a perda do mandato após o esgotamento de todos os recursos possíveis, bem como o pagamento de R$ 2 milhões por danos morais coletivos. Esse valor deverá ser dividido com o hacker Walter Delgatti, que confessou sua participação no crime e foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão.

O julgamento que selou a condenação da deputada ocorreu virtualmente e contou com os votos dos ministros Alexandre de Moraes (relator do caso), Flávio Dino, Cristiano Zanin, Luiz Fux e Cármen Lúcia.

A PF informou que a deputada presa era procurada por crimes praticados no Brasil e será submetida ao processo de extradição, seguindo os trâmites previstos na legislação italiana e nos acordos internacionais dos quais o Brasil é signatário. A expectativa agora é pelo desenrolar do processo que definirá seu retorno ao Brasil para o cumprimento da pena.

PL comunica apoio à Zambelli

Leia na íntegra a nota compartilhada pelo deputado federal Sóstenes Cavalcante.

“A Bancada do Partido Liberal na Câmara dos Deputados, por meio do seu líder, Deputado Sóstenes Cavalcante, vem a público manifestar sua total solidariedade à deputada federal Carla Zambelli, Segundo informação repassada por seu advogado, Dr. Pagnozzi, apresentou-se voluntariamente às autoridades italianas nesta data, dando início ao seu pedido de asilo político e não extradição.

Esse gesto, firme e consciente, não é ato de fuga. É a consequência direta de um país que tem negado a seus representantes eleitos o direito à liberdade, ao contraditório e à legítima defesa.

O Brasil passa a testemunhar, com perplexidade, o constrangimento diplomático e democrático de ver uma parlamentar federal buscar proteção internacional por não encontrar, em seu próprio país, as garantias mínimas do Estado de Direito.

Estamos testemunhando o avanço de um estado de exceção camuflado, onde o Judiciário concentra poderes que não lhe foram atribuídos pela Constituição. Julga, censura, legisla, investiga e pune. Tudo sem controle, sem prazo, sem transparência e, principalmente, sem oposição que possa reagir sem ser punida.

Deputados silenciados. Jornalistas banidos. Presidentes sob tornozeleira. Perfis censurados. Contas bloqueadas. E o silêncio cúmplice de instituições que deveriam proteger a democracia.

Não se trata mais de um caso isolado. É um sinal de que a ruptura institucional já não é um risco, é uma realidade em construção.

Se o Parlamento aceitar calado o exílio político de seus membros, a censura de seus líderes e a criminalização da oposição, estará assinando sua própria rendição. Não será por golpe, será por omissão.

Por isso, a Bancada do PL conclama todas as bancadas e líderes desta Casa a reagirem. Porque hoje é Carla Zambelli. Amanhã, será qualquer um de nós.

A Liderança do PL estará ao lado de cada parlamentar perseguido.
Ao lado de cada brasileiro silenciado.
E, especialmente, ao lado da deputada Carla Zambelli, que mesmo distante continua sendo voz ativa da liberdade.”