Plebiscito quer ouvir Brasil sobre jornada 6×1 e taxação de pessoas ricas

Movimentos sociais, centrais sindicais e partidos políticos iniciaram nesta terça-feira (1º) uma grande mobilização nacional pelo fim da jornada 6×1 e a taxação de pessoas mais ricas. Trata-se de um plebiscito popular, que convida a população brasileira a opinar sobre dois temas que tramitam no Congresso: o fim da escala 6×1, com redução da jornada sem redução de salário, e a taxação de quem ganha mais de R$ 50 mil mensais, para garantir isenção de Imposto de Renda a quem recebe até R$ 5 mil. A consulta acontece até 7 de setembro, com urnas físicas e digitais em todos os estados, e pretende pressionar parlamentares a colocar as propostas em pauta com urgência.

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O questionário da votação tem apenas duas perguntas objetivas.

• “Você é a favor da diminuição da jornada de trabalho sem redução salarial e pelo fim da escala 6×1?”
• “Você é a favor de que quem ganha mais de R$ 50 mil pague mais imposto para que quem recebe até R$ 5 mil fique isento do Imposto de Renda?”

Os organizadores defendem que essas mudanças são de interesse da maioria da população, mas enfrentam resistência no Congresso Nacional. “A ideia é dar voz ao povo brasileiro, que está sendo ignorado nas decisões que afetam diretamente a sua vida”, afirma Igor Felipe, da comissão executiva do plebiscito.

Fim da jornada 6×1

A proposta de extinguir a jornada 6×1 — em que se trabalha seis dias e folga apenas um — ganhou força nos últimos anos com o movimento “Vida Além do Trabalho”. A principal crítica é que essa escala dificulta o descanso, afeta a saúde mental e prejudica a qualidade de vida dos trabalhadores. Segundo pesquisa da Nexus divulgada em abril, 76% dos jovens de 16 a 24 anos são a favor do fim desse modelo. A aprovação é alta também entre as demais faixas etárias.

Imposto progressivo

A segunda proposta envolve mudanças na cobrança do Imposto de Renda. A ideia é aumentar a tributação sobre os mais ricos e isentar quem ganha até R$ 5 mil por mês. Levantamento do Datafolha indica que 70% dos brasileiros apoiam a medida. Ainda assim, metade da população acredita que o Congresso não aprovará a mudança. Hoje, o sistema tributário brasileiro é baseado no consumo, o que penaliza quem tem menor renda.

Quem organiza

Participam da mobilização entidades como UNE, CUT, MST, MTST, UGT, PSOL, PT, PCdoB, entre outros. O modelo do plebiscito popular é inspirado em iniciativas que já ocorreram em anos anteriores, como o debate sobre a dívida externa e a proposta de reestatização da Vale.

O resultado final da votação será entregue ao presidente Lula, ao Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal. A expectativa é de que a pressão popular ajude a destravar propostas que, segundo os organizadores, “são do interesse da maioria, mas barradas pelos interesses de poucos”.