Lula na COP30 defende transição justa e combate à desigualdade na crise climática

Em fala no coração da Amazônia, presidente critica negacionistas, defende criação de um Conselho do Clima na ONU e diz que aquecimento global já é “tragédia do presente”

, em Uberlândia

Pela primeira vez realizada na Amazônia, a Conferência do Clima da ONU (COP30) começou sua 30ª  edição nesta segunda-feira (10), em Belém, reunindo líderes de todo o mundo para discutir o futuro do planeta. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez o discurso de abertura e destacou que a emergência climática é também uma crise de desigualdade, reforçando a necessidade de uma transição justa e global rumo a economias de baixo carbono.

Presidente Lula na COP30
Presidente Lula na COP30 o afirmou que a emergência climática é também uma crise de desigualdade – Crédito: Bruno Peres/Agência Brasil

Lula afirmou que as mudanças climáticas já deixaram de ser uma ameaça distante e se tornaram “uma tragédia do presente”. O presidente citou o furacão Melissa, que atingiu o Caribe, e o tornado no Paraná, no Sul do Brasil, como exemplos recentes dos impactos extremos do aquecimento global. “O aumento da temperatura espalha dor e sofrimento, especialmente entre as populações mais vulneráveis”, disse.

O presidente defendeu que os países ricos assumam mais responsabilidades e cobrou financiamento, transferência de tecnologia e capacitação para as nações em desenvolvimento. Segundo ele, a criação de um Conselho do Clima vinculado à Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) daria ao tema a importância política que o momento exige. “Estamos andando na direção certa, mas na velocidade errada”, alertou.

Em outro trecho, Lula criticou os negacionistas climáticos e a disseminação de desinformação sobre o tema. “Na era da desinformação, os obscurantistas rejeitam as evidências da ciência e atacam as instituições. É momento de impor uma nova derrota aos negacionistas”, declarou.

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O presidente ainda fez um apelo por justiça ambiental, afirmando que o aquecimento global agrava desigualdades históricas. “A emergência climática expõe e aprofunda o que já é inaceitável. Ela define quem é digno de viver e quem deve morrer. Devemos aos nossos filhos e netos a chance de viver em uma Terra onde seja possível sonhar.”

Durante o discurso, Lula destacou o papel central da Amazônia na regulação do clima e afirmou que trazer a COP30 para o bioma foi uma decisão simbólica e necessária. “Quem só vê a floresta de cima desconhece o que se passa à sua sombra”, afirmou. O presidente também exaltou a hospitalidade do povo paraense e brincou com a culinária local: “Comam maniçoba”, disse, arrancando risadas da plateia.

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COP30

O evento em Belém vai até o dia 21 de novembro, com a presença de 50 mil pessoas, entre diplomatas, líderes, ativistas e cientistas. A COP30 tem como metas acelerar a transição energética, ampliar o financiamento climático e proteger as florestas tropicais.

Lula na COP30 encerrou sua fala citando o xamã yanomami Davi Kopenawa, pedindo clareza e serenidade aos negociadores. “O pensamento na cidade é esfumaçado. Que a serenidade da floresta inspire em todos nós a clareza necessária para ver o que precisa ser feito”.