Crise do metanol leva governo a montar comitê para combater bebidas adulteradas
Grupo vai reunir ministérios, setor de bebidas e entidades civis para agir contra fraudes e fortalecer ações de fiscalização em todo o país
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O Governo Federal anunciou nesta terça-feira (7) a criação de um comitê de enfrentamento da crise do metanol, em resposta ao aumento de casos de intoxicação por bebidas adulteradas em diferentes estados do país. A medida foi divulgada pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, após reunião com representantes do setor produtivo e de órgãos de fiscalização.
De acordo com o ministro, o grupo terá caráter interinstitucional e colaborativo, envolvendo representantes do governo, da sociedade civil e da indústria de bebidas, com o objetivo de coordenar ações repressivas e preventivas.
A proposta é unir esforços entre o poder público e o setor privado para conter o avanço das adulterações e garantir a segurança do consumidor. “Tivemos uma discussão bastante frutífera e chegamos à conclusão de que seria importante montar um comitê de enfrentamento da crise do metanol”, afirmou Lewandowski.

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Enfrentamento e fiscalização nacional
Segundo o Ministério da Justiça, o comitê será um espaço de troca de informações, estratégias e boas práticas, integrando órgãos federais, estaduais e representantes de entidades como a Associação Brasileira de Bebidas (Abrabe), a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD), a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e o Fórum Nacional contra a Pirataria e Ilegalidade (FNCP).
As ações vão focar em dois eixos principais:
- Combate às fraudes e adulterações, com medidas repressivas e investigações conjuntas;
- Proteção das empresas legalizadas, separando comerciantes regulares dos que atuam de forma clandestina.
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Notificações e investigações
O secretário nacional do Consumidor, Paulo Pereira, informou que mais de 30 estabelecimentos em São Paulo já foram notificados por suspeita de comercializar bebidas adulteradas. As empresas terão de apresentar informações sobre aquisição, fornecimento e distribuição de produtos.
Segundo ele, várias operações locais já resultaram no fechamento de bares e distribuidoras, e o trabalho agora entra em fase de inteligência, cruzando dados para identificar fornecedores ilegais e padrões de atuação de redes criminosas.
Matanol: risco à saúde e alerta à população

O metanol, substância usada em solventes e combustíveis, não deve estar presente em bebidas alcoólicas, e sua ingestão pode causar cegueira e até morte, mesmo em pequenas doses. Segundo especialistas, o fígado metaboliza o metanol em formaldeído e ácido fórmico, compostos altamente tóxicos para o sistema nervoso e o nervo óptico.
Os principais sintomas da intoxicação surgem entre 12 e 14 horas após o consumo e incluem dor de cabeça, náusea, visão turva, confusão mental e convulsões. Em casos graves, pode haver coma ou falência de órgãos.
As autoridades reforçam que a intoxicação por metanol é uma emergência médica e que o tratamento deve ser feito em hospital, com uso de etanol venoso (antídoto) e hemodiálise em casos graves.
Canais de emergência:
- Disque-Intoxicação Anvisa: 0800 722 6001
- CIATox locais (veja lista por estado)
- Centro de Controle de Intoxicações de São Paulo (CCI-SP): (11) 5012-5311 ou 0800-771-3733