Brasil e China fortalecem aliança estratégica para enfrentar desafios globais
Conversa entre Lula e Xi Jinping reforça integração econômica, defesa do multilateralismo e novos acordos de cooperação em áreas-chave
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Em meio a tensões comerciais e ao aumento das tarifas impostas pelos Estados Unidos, Brasil e China deram mais um passo para aprofundar sua parceria estratégica. Em uma conversa telefônica na segunda-feira (11), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o líder chinês Xi Jinping reafirmaram o compromisso de unir forças em defesa do multilateralismo, ampliar a cooperação econômica e avançar em projetos conjuntos que vão do agronegócio à tecnologia.
O diálogo ocorreu no mesmo dia em que foi publicado, no Diário Oficial da União, um memorando que aproxima os programas de desenvolvimento dos dois países e fortalece a Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível (Cosban).
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A ligação, que durou cerca de uma hora, foi marcada por mensagens de apoio mútuo e por críticas indiretas ao protecionismo norte-americano. Xi Jinping destacou que Brasil e China vivem “o melhor momento” das relações bilaterais e que podem servir de exemplo de “unidade e autossuficiência” para o Sul Global, grupo de países emergentes que busca maior protagonismo no cenário internacional.
Segundo o governo brasileiro, os presidentes discutiram temas como a guerra na Ucrânia, mudanças climáticas e a importância de fortalecer organismos como o G20 e o Brics. A conversa também abordou o recente tarifaço de 50% aplicado pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, medida que afetou diretamente o agronegócio e setores industriais.
Acordo entre Brasil e China
O memorando assinado entre os dois países prevê a integração de programas brasileiros, como a Nova Indústria Brasil (NIB), o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Plano de Transformação Ecológica, com a Iniciativa Cinturão e Rota, principal projeto global de infraestrutura da China. O objetivo é impulsionar investimentos, melhorar a qualidade da cooperação e criar mecanismos internacionais de preservação das florestas tropicais.
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Para o Brasil, a parceria com a China vai além do comércio. O país asiático é o maior comprador da soja brasileira, produto que representa parte significativa da balança comercial. Mas a cooperação também avança para áreas como economia digital, exploração de petróleo e gás, e tecnologia espacial.
Pequim, por sua vez, vê no Brasil um aliado estratégico na América Latina e um ponto de equilíbrio frente à influência histórica de Washington na região. Dois terços dos países latino-americanos já aderiram à Nova Rota da Seda, e a presença chinesa no continente tem crescido por meio de investimentos em portos, ferrovias e energia renovável.
Com o cenário global marcado por disputas tarifárias e tensões geopolíticas, Brasil e China buscam, com essa aproximação, não apenas proteger seus interesses econômicos, mas também fortalecer a voz dos países em desenvolvimento nas decisões que moldam o comércio e a política internacionais.