IML confirma identidade de 99 mortos em megaoperação no Rio
Laudos devem ser concluídos em até 15 dias úteis; entidades denunciam excesso de letalidade e familiares relatam dificuldades para liberação dos corpos
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O Instituto Médico Legal (IML) do Rio de Janeiro identificou 99 dos 121 mortos na megaoperação policial realizada nos complexos da Penha e do Alemão. A ação, que também deixou quatro policiais mortos, foi a mais letal da história do estado.
O trabalho de identificação segue em andamento, e os laudos com as causas das mortes devem ser concluídos em até 15 dias úteis, segundo a Polícia Civil. Enquanto isso, o Ministério Público e a Polícia Federal conduzem perícias independentes para apurar as circunstâncias das mortes e o possível uso excessivo da força.
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Quem eram os mortos em megaoperação no Rio
Segundo o governo do Rio de Janeiro, 99 civis já foram identificados e 89 corpos liberados para os familiares. Dos mortos, 78 tinham histórico criminal e 42 possuíam mandados de prisão em aberto. 39 eram de outros estados, sendo 13 do Pará, 7 do Amazonas, 6 da Bahia, 4 do Ceará, 4 de Goiás, 3 do Espírito Santo, 1 do Mato Grosso e 1 da Paraíba.
A operação, batizada de Contenção, tinha como objetivo cumprir 100 mandados de prisão e 180 de busca e apreensão contra integrantes do Comando Vermelho. Ao todo, 20 alvos foram localizados e 15 morreram durante os confrontos.
A Polícia Civil informou que prepara um relatório de inteligência com “centenas de páginas” sobre os criminosos mortos e o papel estratégico dos complexos da Penha e do Alemão, dentro da estrutura do Comando Vermelho. O principal alvo da operação, Edgar Alves de Andrade, conhecido como Doca, apontado como um dos chefes da facção, continua foragido.
O Ministério Público do Rio de Janeiro, por meio da Subprocuradoria-Geral de Direitos Humanos e Proteção à Vítima, mantém no IML uma equipe de oito peritos, acompanhada por um promotor de Justiça, para realizar exames independentes e garantir transparência na liberação dos corpos.
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O governo federal também enviou 20 peritos da Polícia Federal para reforçar os trabalhos de perícia e segurança pública no estado.
Na tarde de quinta-feira (30), cerca de 30 familiares de mortos protestaram em frente ao IML, na Avenida Francisco Bicalho, denunciando a demora na liberação e as condições do reconhecimento dos corpos. O movimento chegou a interditar parte da via.
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Organizações da sociedade civil e entidades de direitos humanos classificaram a operação como um “massacre” e uma “chacina”, apontando a alta letalidade e relatos de violações graves.
Moradores afirmam que dezenas de corpos foram retirados de uma área de mata após a ação e que havia sinais de tortura e mutilações em algumas vítimas.
O IML do Centro do Rio permanece dedicado exclusivamente aos procedimentos relacionados à operação. A conclusão das análises e perícias dos mortos em megaoperação deve ocorrer até o fim da próxima semana.
