Familiares e amigos se despedem do ex-radialista Ettore Braia em Uberlândia

Carreira de Braia foi marcada não apenas por cargos importantes, mas por uma relação visceral com o rádio

, em Uberlândia

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Familiares, amigos e profissionais da comunicação se despediram do ex-radialista Ettore Braia, uma das figuras mais influentes da história do rádio na cidade. O velório ocorreu na tarde desta quinta-feira (5), na funerária Ângelo Cunha, e o sepultado no Cemitério São Pedro. 📲 Siga o canal de notícias do Paranaíba Mais no WhatsApp

Ettore Braia faleceu aos 86 anos, em decorrência de Parkinson agravado por falência renal. Ele deixa a esposa Auxiliadora, quatro filhos, oito netos e três bisnetos.

ETTORE BRONZATTI MACIEL BRAIA
Braia, conhecido como “Sr. Rádio”, foi diretor comercial do Grupo Paranaíba e referência histórica no jornalismo pelo seu vasto conhecimento – Crédito: Arquivo Pessoal/Divulgação

Natural de São Tomaz de Aquino (MG), Ettore Braia iniciou sua trajetória como locutor na cidade natal e, a partir da década de 1960, passou a escrever seu nome na história do rádio uberlandense. Esteve à frente de emissoras como Rádio Bela Vista, Rádio Cultura e Rádio Visão, além de atuar como diretor comercial da Rádio Educadora, do Grupo Paranaíba.

Em entrevista à TV Paranaíba, o radialista Neivaldo Silva Magoo, destacou o caráter visionário do radialista. “Eu digo ‘Sr. Rádio’ porque ele sabia de tudo: artístico, comercial, publicidade, técnico e principalmente jurídico. Além de cuidar da Rádio Uberlândia e depois da Paranaíba FM, ele ainda aconselhava os colegas das outras emissoras. Nos anos 80, ele juntou todas as rádios para cobrir as eleições. Ele uniu todas, fez um pool e usava a expressão ‘emissoras co-irmãs’”.

Maggo afirmou ainda que ele moldou a fórmula da rádio na cidade: “respeito, honestidade, transparência, e a necessidade de ouvir o cliente e o ouvinte”.

Família

Marcelo Silveira Braia, filho de Ettore Braia, relembrou com carinho histórias vividas com o pai. “Meu pai era vascaíno e eu flamenguista. Desde pequeno a gente se provocava pela rivalidade. Em 1976, a gente assistia ao Campeonato Carioca e o Vasco foi campeão. Quem perdesse teria que levantar a bandeira do outro na passeata em Uberlândia. Eu tive que levantar a bandeira do Vasco. Ele era apaixonado por futebol, leitura e música. Uma pessoa maravilhosa, exemplo de pai, filho, marido e avô. Vai deixar muita saudade”.

Ettore Braia foi velado na manhã desta quinta (5), na funerária Ângelo Cunha, com grande presença de familiares, amigos e colegas do rádio – Crédito: TV Paranaíba

Marcelo Braia compartilhou que os momentos finais do pai foram difíceis. Ele teve Parkinson em 2022, caiu e quebrou o fêmur. “Estava sofrendo e as medicações fortes atrapalharam o funcionamento dos rins. Perdeu a mobilidade, ficou 50 dias internado e, na segunda-feira, o médico disse que a hemodiálise já não era mais opção, então entrou em cuidados paliativos”.

“Na primeira vez que fui comer pizza na casa da família, eu estava muito nervoso. Eu era só um adolescente, namorando a filha dele. Mas ele me recebeu com aquele jeitão dele, sempre brincando, sempre querendo saber da gente”, compartilha Fábio Túlio Felippe, rindo da lembrança.

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Trajetória

A carreira de Ettore Braia foi marcada não apenas por cargos importantes, mas por uma relação visceral com o rádio. Foram décadas dedicadas a fazer da comunicação um espaço de proximidade, informação e idealismo.

“Eu abria a rádio todo dia às 5h, na Rádio Uberlândia. O senhor Ettore, às 4h30, já estava com a rádio ligada e só ia dormir depois que a rádio fechava. Eu gosto dele demais, foi um grande amigo”, relembrou Oduvaldo Caetano, que trabalhou ao lado de Ettore por 15 anos.

“Ele era mais que um amigo. Era daqueles que você sabe que podia contar. Eu lembro das batidas no aparelho de rádio para fazer ele funcionar. Ele fazia parte da nossa rotina, da nossa vida” – comentou Luís Carlos Mancha, emocionado ao lembrar da amizade e das histórias compartilhadas.

Os amigos destacaram ainda que Ettore Braia conhecia cada engrenagem da comunicação: da locução à técnica, da operação comercial à produção artística. Também atuou fora das rádios, em empresas de telecomunicação e concessionárias de veículos. Mas, para além da profissão, era reconhecido como um homem afetuoso e presente.