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Próximo do período crítico de estiagem, Uberlândia já registra aumento de 50% nos incêndios

Entre janeiro e maio deste ano, o Corpo de Bombeiros atendeu 326 ocorrências de incêndios, quantidade 57% maior que igual período de 2023

, em Uberlândia

22/06/2024 ÀS 20H47

- Atualizado Há 2 semanas atrás

Ainda há alguns dias de entrarmos oficialmente no período crítico de estiagem na região, entre os meses de julho e setembro, as 326 ocorrências de incêndios neste ano, em Uberlândia, já desenham um cenário preocupante à frente. Os registros foram contabilizados pela Corporação até maio e, se comparados com igual período de 2023, quando foram atendidas 207 ocorrências de queimadas no município, representam um aumento de 57%.

Nesta sexta-feira (21), o Corpo de Bombeiros de Uberlândia atendeu um incêndio de grandes proporções em uma área de vegetação, no trevo de entroncamento das BRs 452 e 365, próximo ao bairro Alvorada. No mesmo dia, de acordo com os militares, pelo menos outras dez ocorrências de queimadas foram atendidas.

Incêndio em vegetação as margens da BR
As chamas se alastraram por vários metros, provocando muita fumaça que era vista de vários pontos de Uberlândia – Foto: @jfimagens_drone

O aumento na quantidade de incêndios nos primeiros cinco meses, em Uberlândia, pode acabar com a sequência de redução no número de queimadas na região desde 2020. De acordo com os dados do Corpo de Bombeiros, em 2020, foram 1.457 registros, em 2021, 1.574 ocorrências, já em 2020, mais uma queda, indo para 1.114 e, em 2023, o ano fechou em 551 incêndios florestais.

Condições climáticas

Historicamente, entre os meses de julho e setembro, a região do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba vivem o pior período da estiagem, quando não há ocorrência de chuvas significativas e, consequentemente, o solo fica mais seco. Somado a isso, o clima é seco, com umidade relativa do ar mais baixa que o resto do ano, e os ventos são mais fortes.  De acordo com o tenente João Marcos de Barros, do Corpo de Bombeiros de Uberlândia, essa é a combinação perfeita para a propagação de incêndios. “Existem dois picos de queimadas na nossa região. Nos meses de junho e julho, a maioria das queimadas acontece em lotes vagos, nas áreas urbanas. São aqueles casos que o dono de um terreno faz a roçagem e coloca fogo no entulho. Já nos meses de setembro e outubro, predominam os incêndios rurais, devido ao clima e vegetação secos”, explicou.

O agravante de 2024 são as características do inverno na região. Recém-chegada, a estação que deveria ser a mais fria do ano vai ser marcada pelo calor, com poucos dias de frio e menos ainda de chuva. O aumento precoce de números de incêndios pode ser explicado pelo fato do período de estiagem ter começado mais cedo que o esperado na região, que é o fim do mês de maio.

Terreno em chamas no bairro Morumbi, em Uberlândia
A maioria dos incêndios acontece em terrenos, lotes vagos e áreas de vegetação – Foto: reprodução TV Paranaíba

O motivo dos incêndios

Apesar das condições climáticas serem as responsáveis pela intensidade dos incêndios, raramente elas são as causas das queimadas. O tenente João Marcos reforça que mais de 90% dos incêndios em Uberlândia são causados pela ação humana, ou seja, direta ou indiretamente, é uma pessoa que inicia o fogo. “Estamos fazendo um trabalho de monitoramento desde o começo do ano, tanto do clima quanto dos terrenos. Mas temos feito, também, muita campanha educativa já que a grande parte dos incêndios são causados por pessoas”, pontuou o militar.

Independente do motivo, causar incêndios é um crime. Mesmo em situações que a pessoa coloque fogo em um material ou área específica, ela assume o risco do descontrole das chamas, podendo causar uma queimada de grandes proporções. Segundo o Código Penal, no caso de incêndios culposo, a pena é de seis meses a dois anos de reclusão. Já em situações que a pessoa coloca fogo expondo perigo a pessoas ou imóveis, a pena é reclusão de três a seis anos, além da multa. Em caso de presenciar alguém colocando fogo em algum terreno ou imóvel, a orientação do Corpo de Bombeiros é ligar para a Polícia Militar, seja pelo 190 seja pelo 181, que é o Disque Denúncia.

Fumaça vista de longe devido a incêndio às margens de rodovia
Além de fazer mal à saúde, a fumaça dos incêndios também podem prejudicar a visibilidade dos motoristas nas rodovias – Foto: Via Drones

O que fazer e como reagir

As queimadas não são um problema apenas para o Corpo de Bombeiros, que sofre com o aumento da demanda e até falta de efetivo para o atendimento das demais ocorrências, mas sobretudo para a população e o meio ambiente. Os incêndios causam doenças respiratórias devido à fumaça e destrói áreas imensas de vegetação todos os anos.

A melhor forma de ajudar a mudar o cenário é pela conscientização. O Corpo de Bombeiros alerta que o fogo não deve ser usado para limpeza de terrenos. Para isso, o Código de Postura de Uberlândia prevê que o proprietário deve fazer a capina do mato e descarte de materiais em locais apropriados.

Outra recomendação, principalmente aos produtores rurais ou moradores de condomínios rodeados por vegetação, é a criação de aceiros. A técnica consiste na remoção do matagal em faixas ao redor da propriedade, deixando um espaço de seis a 20 metros vazio. Desta forma, ainda que o fogo atinja a vegetação, as chamas não vão alcançar locais onde há pessoas ou animais.

Por fim, o tenente João Marcos lembra que o ideal é sempre acionar o Corpo de Bombeiros.”É importante ligar e passar todas as informações do entorno do local. Se há casas, barracão ou condomínios perto. Independente do foco, repasse as informações para os bombeiros avaliarem e determinar quantas equipes e viaturas serão empenhadas para a ocorrência”.

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