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Stalking é crime! Entenda se você está sendo vítima de perseguição obsessiva 

Prática de perseguição, conhecida por stalking, passou a ser crime no Brasil previsto na Lei Federal 14.132

17/06/2024 ÀS 05H20

- Atualizado Há 3 semanas atrás

Mensagens e ligações insistentes, interações invasivas nas redes sociais, perseguição no trabalho ou em festas. Se isso acontece, você certamente está sendo vítima de stalking.  

Stalking ou perseguição é uma forma de violência que se manifesta, em muitas vezes, silenciosamente, mas que pode provocar danos emocionais irreversíveis à vítima.  

Vítimas de stalkers podem sofrer danos psicológicos graves – Foto: Reprodução/Freepik

A vítima perseguida se sente acuada, com medo e teme o tempo todo pela liberdade e pela própria vida. 

O stalker, por sua vez, costuma adotar um comportamento de assédio persistente. O agressor utiliza artifícios que violam a privacidade e, na maior parte dos casos, a segurança da pessoa. A perseguição reiterada pode acontecer também no ambiente virtual.  

Criminalização do stalking  

O stalking passou a ser crime no Brasil previsto na lei 14.132 sancionada em 2021. A nova legislação alterou o Código Penal e passou a prever pena de reclusão de seis meses a dois anos, além de pagamento de multa para o agressor.  

Mas como a pena prevista é menor do que oito anos, o acusado pode não cumprir a pena em regime inicialmente fechado.   

A nova norma ainda prevê aumento da pena em 50% quando o stalking for praticado: 

  • contra criança e adolescente  
  • contra pessoa idosa 
  • contra mulher por razões de gênero 
  • com uso de armas 
  • com a participação de uma ou mais pessoas 

Mas para que o caso seja investigado pela autoridade policial, não basta apenas registrar o boletim de ocorrência. A vítima precisa fazer a representação contra o stalker.

O que é cyberstalking?

No caso do cyberstalking, que também está previsto na legislação federal, é o crime de perseguição praticado com o uso de ferramentas tecnológicas, como a internet e redes sociais. 

Os perseguidores são motivados pelo desejo de controle sobre as vítimas. O stalking ocorre, por exemplo, com o envio de mensagens em redes sociais, comentários invasivos em fotos, acompanhando a localização da vítima com recursos de geolocalização, entre outros. 

7 sinais de alerta para as vítimas de stalkers

A advogada criminalista, Bruna Ferreira, reforça que a caracterização do stalking ou cyberstalking se dá pela conduta excessiva e reiterada do autor. É fácil perceber que a vítima se tornou um alvo do stalker considerando sete sinais principais:

  1. Envio constante de mensagens pelo WhatsApp, e-mail ou redes sociais
  2. Ligações constantes e, geralmente, por números diferentes
  3. Aparições indesejadas no trabalho, escola ou casa da vítima
  4. Envio de presentes sem o consentimento da vítima
  5. Ameaça à integridade física ou psicológica
  6. Perturbação ou invasão da liberdade
  7. Restrição da capacidade de locomoção

 

 

“Bebê Hena” reacendeu alerta sobre stalkers 

A série original da Netflix, “Bebê Hena”, retrata a agonia e a insegurança física e emocional de uma vítima de stalking.  Baseado em fatos reais, o thriller traz a história de um comediante perseguido e atormentado pela stalker Martha.  

A produção com sete episódios ainda retrata situações de violência sexual e abuso psicológico, revisitando gatilhos na sociedade sobre o comportamento criminoso dos stalkers.

Cartaz de divulgação da série da Netflix, Bebê Hena
Série da Netflix trouxe à tona o debate sobre o crime de perseguição – Foto: Divulgação

Paciente foi presa após perseguir médico 

Inspirado no seriado de sucesso, a Polícia Civil de Ituiutaba realizou neste mês a operação “Bebê Rena” para prender uma estudante de 23 anos. 

A jovem foi presa em uma universidade de Uberlândia. Ela foi indiciada pelo crime de stalking por perseguir um médico. Ela estava foragida desde 2023. 

Acusada de stalking em Ituiutaba de costas, presa pela Polícia Civil
Operação Bebê Hena prendeu acusada de stalkear médico de Ituiutaba – Foto: Polícia Civil

De acordo com a polícia, a estudante de Nutrição era paciente da vítima desde 2019. As investigações apontaram que ela acabou desenvolvendo pelo médico uma espécie de amor de transferência, que é quando o paciente cria afeição pelo médico. 

O sentimento, no entanto, não foi correspondido e o médico optou por parar de atender a jovem.  

A partir deste momento, as perseguições e ameaças se agravaram. A acusada enviava mensagens e realizada ligações para o médico, além de perseguir os familiares dele, chegando a causar transtorno psicológico às vítimas. 

O médico e a esposa dele registraram cerca de 30 boletins de ocorrência contra a jovem, que chegou a ser presa em flagrante duas vezes.  Acusada de stalker, a estudante chegou a utilizar mais de 2 mil números de telefone distintos para fazer ligações e enviar mensagens ao médico.

Médico vítima de stalker dá entrevista para a imprensa sem se identificar
Médico recebeu mais de 2 mil ligações de números distintos em apenas um dia – Foto: Reprodução/TV Paranaíba

Então, em uma operação coordenada, os policiais civis conseguiram localizar a mulher e cumprir o mandado de prisão em uma universidade de Uberlândia. 

“A Polícia Civil de Ituiutaba está extremamente dedicada a ajudar as vítimas de crimes que, nesse caso, não dormiam e não trabalhavam direito. Ficamos felizes pelo suporte dado às vítimas que, agora, vão dormir tranquilamente”, disse o delegado Rafael Faria. 

O inquérito foi concluído e o Ministério Público também denunciou a mulher pelos crimes de roubo, stalking e descumprimento de medida protetiva.

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