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Selfie fatal: atropelamentos por trens levantam discussão sobre se arriscar demais na hora do clique

Em menos de um mês, uma mulher morreu após ter sido atingida por um trem ao fazer uma selfie e, em outro caso, vítima ficou ferida por se aproximar demais dos trilhos

, em Uberlândia

11/06/2024 ÀS 11H00

- Atualizado Há 3 semanas atrás

Um vídeo que viralizou nas redes sociais mostra o momento em que uma mulher é atropelada por um trem no município de Nopala de Villagrán, no México. Nas imagens, é possível ver a vítima posicionada perigosamente próxima aos trilhos, enquanto outras pessoas se preparam para tirar uma selfie com a locomotiva que se aproxima.

Apesar do barulho do trem, a mulher não se atenta ao perigo e é acertada pela locomotiva. Testemunhas registraram o acidente e o vídeo mostra as pessoas socorrendo a vítima logo após a colisão. ALERTA: as imagens do vídeo são fortes e podem ser chocantes para algumas pessoas.

Selfie ousada e irresponsável

O caso aconteceu na segunda-feira (4), na região central do México. A passagem da Maria Fumaça era celebrada pelos moradores por ser uma nova rota, que liga o Canadá, os Estados Unidos e o México.

O trem estava no fim da rota quando a mulher foi atingida pela estrutura lateral da locomotiva. A vítima, que segundo a imprensa local tinha cerca de 25 anos, chegou a ser socorrida pelos bombeiros, mas morreu ainda no local.

A CPKC, empresa que administra a ferrovia, em uma postagem nas redes sociais alertou às pessoas sobre a necessidade de manter a distância de, no mínimo, 10 metros dos trilhos para garantir a segurança.

Alerta da empresa que administra a ferrovia publicado nas redes sociais
“Fique longe do trem, sua segurança é mais importante!”, alerta a empresa responsável pela ferrovia no México – Foto: reprodução redes sociais

Situação parecida ocorreu em Uberaba (MG)

Neste mês uma cena parecida viralizou na internet. Uma ciclista foi atingida por um trem que passava na ferrovia que corta a zona rural de Uberaba, cidade do Triângulo Mineiro.

Ela estava com um grupo de ciclistas que parou para registrar a passagem da locomotiva. A mulher, que não teve a identidade revelada, se posicionou com o celular para tirar uma selfie muito próximo dos trilhos quando foi atingida pela estrutura do trem.

Neste caso, as consequências, felizmente, foram menos graves que da situação registrada no México. De acordo com o Corpo de Bombeiros de Uberaba, a ciclista foi socorrida ao hospital consciente, com suspeita de ter sofrido uma fratura nas costas.

O acidente aconteceu em abril, mas apenas em junho as imagens foram divulgadas e já circulam pelas redes sociais. Assista o vídeo abaixo:

A selfie vale o risco?

As imagens da ciclista sendo atingida pelo trem circularam a internet e levantou, novamente, a discussão sobre o quão dispostas as pessoas estão a se arriscar pela “selfie perfeita”. Outros casos, recentes e antigos, envolvendo atropelamento por trens foram repostados nas redes sociais. Em todos, as vítimas pareciam nem ao menos notar que estavam próximas demais dos trilhos, apenas preocupavam com o ângulo e o clique exclusivo que teriam. A irresponsabilidade não se limita aos trens, as fotos em montanhas, cachoeiras e em pontos de grande fluxo de veículos também fazem muitas vítimas.

Homem sentado na beirada de um muro para tirar uma selfie com a paisagem
As principais causas de mortes durante selfies é a queda de altura, aponta estudo – Foto: Hassan OUAJBIR/Pexels

Um estudo, feito pela Fundação iO, especializada em medicina do viajante, relatou que, entre 2008 e 2023, mais de 500 pessoas já morreram devido às selfies radicais. Ainda segundo estudo, uma a cada três pessoas eram viajantes, ou seja, não conhecia bem os lugares e os perigos que eles oferecem. A causa das mortes são, principalmente, queda de altura, meios de transporte e afogamentos. Na lista de países como mais registros de vítimas das “selfies mortais”, o Brasil está em sexto lugar.

Gráfico que mostra a lista de países com mais morte por selfies perigosas
O Brasil é o sexto país com mais mortes relacionadas a selfies irresponsáveis – Foto: divulgação/Fundação iO

 

A prática de se arriscar na hora do clique se tornou tão comum desde a modernidade da tecnologia que existe até mesmo um termo para representá-la: Kilfie, que mistura as palavras “kill”, que significa matar, e “selfie”, o famoso autorretrato. A preocupação é tanta que existem até mesmo aplicativos que mostram lugares que são considerados arriscados para tirar selfies.

As motivações por trás do fenômeno do “kilfie” vão além da falta de noção do perigo, segundo especialistas, elas estão relacionadas à necessidade de se mostrar nas redes sociais, de estarem em ocasiões inusitadas e, acima de tudo, ter o reconhecimento dos outros. Mas, diante de tantos exemplos fatais nos últimos dias, principalmente com atropelamentos de trens, fica a pergunta que sempre vale se fazer: uma selfie vale a vida?

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