Salário Mínimo e alimentação: a necessidade de conciliar o orçamento com o custo de vida
Especialistas e moradores destacam os desafios de equilibrar os gastos diários com a alimentação, em um cenário de inflação e restrições orçamentárias
Despesas com alimentação tendem a ocupar uma grande parte do orçamento de pessoas de baixa renda devido à sua essencialidade. Principalmente quando comparadas ao salário mínimo de R$ 1.412, quase quatro vezes menos que o ganho ideal para uma cidade como Uberlândia.
De acordo com dados do Índice de Preços ao Consumidor de Uberlândia (IPC), divulgado no dia 22 do último mês, a alimentação no domicílio teve uma variação de 2,10% no ano e 7,19% nos últimos 12 meses.
Isso mostra que, ao longo do ano, os alimentos consumidos em casa ficaram mais caros, especialmente em comparação com o índice geral.

Dados do IPC também indicam que, em setembro de 2024, houve uma leve alta no custo de vida de maneira geral, incluindo também os gastos com alimentação fora de casa.
O salário mínimo em 2024
Como se organizar diante da sua realidade?
Isabela Amâncio Santos, consultora financeira e economista, explica que os orçamentos de finanças pessoais são geralmente organizados em categorias de despesas essenciais, como moradia, alimentação, transporte, educação, saúde, lazer e gastos pessoais.
Para estudantes e pessoas de baixa renda, a categoria de alimentação representa uma parcela significativa do orçamento devido à sua essencialidade.

Diante das flutuações de preços de produtos básicos, esses grupos precisam ajustar seus hábitos de consumo para evitar que a alimentação comprometa ainda mais suas finanças. Caso contrário, a falta de adaptação pode resultar em um desequilíbrio orçamentário, prejudicando outras áreas da vida financeira.
Ela ainda explica que a expressão “orçamento limitado” na economia se refere à realidade de quase todos os indivíduos, já que dificilmente alguém possui recursos ilimitados. O que varia é o limite de cada orçamento, sendo muito mais restrito para aqueles com menor poder aquisitivo.
Nesse contexto, para garantir uma alimentação saudável sem ultrapassar o orçamento, estratégias como identificar os itens já disponíveis em casa, planejar um cardápio semanal e fazer uma lista de compras alinhada são fundamentais.
Além disso, prestar atenção em ofertas e preferir alimentos sazonais pode ser uma maneira eficaz de economizar, sem abrir mão de uma dieta equilibrada. A pesquisa de preços também é essencial, especialmente ao comparar marcas de produtos similares.
Educação e planejamento financeiro
Isabela acrescenta que o planejamento financeiro desempenha um papel crucial na vida de todos, mas para aqueles com orçamentos apertados, sua importância é ainda maior.
Um bom planejamento ajuda a manter as despesas dentro dos limites financeiros, prevenindo dívidas e surpresas no fim do mês.
Ao aplicar esse planejamento na hora de fazer compras, é possível evitar gatilhos de consumo, reduzir desperdícios e prejuízos financeiros, além de garantir que a alimentação seja compatível com a disponibilidade de recursos.
Em um cenário de orçamento restrito, essa organização é fundamental para que a pessoa consiga viver dentro das suas possibilidades sem abrir mão de necessidades básicas.
“A educação financeira é conhecimento estratégico para jovens estudantes e famílias de baixa renda. É uma ferramenta que desempenha um papel importante na gestão do orçamento doméstico exatamente por proporcionar clareza de prioridades, visualização da realidade, facilitação da tomada de decisões financeiras conscientes e o desenvolvimento de habilidades para viver da melhor forma possível.”, explica a economista.
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O que priorizar na compra do mês?
De acordo com a tabela do Índice de Preços ao Consumidor de Uberlândia (IPC), que apresenta a variação mensal e acumulada dos preços dos alimentos da cesta básica em Uberlândia no ano de 2024, alguns pontos são relevantes para priorizar as compras de forma inteligente:
- Tomate: O tomate teve uma grande variação ao longo dos meses, com um aumento acumulado de 66,72% no ano. Isso sugere que ele é um dos itens mais voláteis e caros em termos de variação de preço. Se possível, priorize a compra de outros vegetais menos impactados pela variação de preço para compensar o alto custo do tomate.
- Farinha de Trigo: Esse item também teve uma alta variação, com uma queda acumulada de 2,69% no ano, mas uma redução significativa ao longo dos últimos meses. Isso indica que o preço da farinha de trigo está se estabilizando e pode ser uma boa opção de compra para estoque, especialmente para evitar futuros aumentos.
- Banana: A banana teve uma variação muito alta, acumulando 45,12% no ano. É recomendável observar o consumo dessa fruta ou buscar alternativas de frutas menos afetadas por flutuações de preço para reduzir o impacto no orçamento.
- Óleo e Café: Ambos os itens mostram uma tendência de alta expressiva, com o óleo acumulando 27,12% no ano e o café em 8,88%. Considerando que são itens de uso diário para muitas famílias, pode ser interessante estocar uma quantidade extra, caso encontre uma oferta, para mitigar os custos em momentos de aumento.
- Carne e Leite: Esses dois itens essenciais apresentaram variações mais estáveis ao longo do ano, com uma variação acumulada relativamente baixa. Eles podem ser comprados com mais regularidade, pois não apresentam tanta volatilidade, o que ajuda a equilibrar o orçamento sem grandes sustos.
- Margarina e Açúcar: A margarina, com uma queda acumulada de 10,62%, e o açúcar, com uma queda de 4,70%, indicam uma boa oportunidade de compra em relação ao preço, pois estão com valores mais baixos.