A história de Carolina Arruda, de 27 anos, ficou publicamente conhecida nos últimos dias depois de a jovem compartilhar a sua opção pela eutanásia. Ela sofre com a neuralgia do trigêmeo, considerada a ‘pior dor do mundo’.
A estudante de Medicina Veterinária e mãe de uma menina de 10 anos sofre com a condição rara e dolorosa desde os 16 anos.
Em entrevista ao portal Paranaíba Mais, Carolina , de Bambuí (MG), conta que sentiu a primeira dor ainda durante a gestação.
“Eu estava grávida de quatro meses da minha filha e tinha acabado de sair do período de dengue. A primeira crise foi uma dor insuportável, eu só conseguia gritar, e eu não conseguia explicar o que estava sentindo”, relembrou.
Ela conta que, quando começou a investigar por que sentia tamanha dor, os médicos desacreditaram que poderia ser a neuralgia do trigêmeo por conta da idade, e alguns profissionais chegaram a dizer que era estresse.
“O que me ajudou muito a ter meu diagnóstico é que minha avó e meu pai começaram a perceber que a forma como eu me comportava durante uma crise era parecida com a forma como meu bisavô se comportava, e ele tinha a neuralgia do trigêmeo”, conta a jovem sobre o seu diagnóstico, que aconteceu após passar por 27 médicos.
Carolina ainda diz que a doença em si não é hereditária. “O que pode ser hereditário é uma artéria que fica no cérebro, que pode causar a neuralgia, mas a doença não é”, explica.
Dor da neuralgia do trigêmeo e a decisão pela eutanásia
Ela conta que a eutanásia se tornou uma opção quando ela tentou tirar a própria vida pela primeira vez. “Eu percebi que, durante uma crise, eu perdia completamente o controle e queria acabar com tudo. Nessa época, eu tive um AVC também, por conta das dores, e acabei percebendo que a minha vida iria daí para pior. Cada vez ia ficar mais intensa, então decidi por isso em 2019”, conta Carolina.
A jovem relata que a sua primeira decisão foi interna e que depois começou a conversar com a família. Tornar sua história pública foi uma decisão recente.
Carolina conta que a família não concorda com a decisão do procedimento, mas entende a sua escolha. “Eles compreendem o meu lado, acham que eu tenho razão em certa parte, mas eles não querem que eu faça”, explica.
Ela relata que a filha de 10 anos tem consciência do que está acontecendo e da escolha da mãe. “Tem momentos que ela fala que eu não deveria fazer isso, que não posso deixá-la, mas tem momentos que ela é mais compreensiva. Acho que ainda está um pouco confuso na cabeça dela, mas ela está lidando bem”, conclui.
Com a proporção que a história tomou, a estudante relata que a família tem sido bombardeada com mensagens e questionamentos nas redes sociais e que a mãe está chateada com alguns comentários.
Diariamente, Carolina toma em média 10 a 12 medicamentos, já passou por terapias e cirurgias, mas não encontrou resultado efetivo.
Ela conta que a ideia da vaquinha partiu de seus mais de 200 mil seguidores em uma rede social. A jovem já vinha compartilhando na internet a sua rotina com a neuralgia do trigêmeo e a sua opção pela eutanásia.
No valor estimado a ser arrecadado estão incluídos os custos com a viagem e passaporte, os médicos na Suíça, a eutanásia e a cremação.
Carolina conta que a intenção é de que a família não presencie o procedimento. “Por isso, prefiro fazer a despedida em vida. Quero que a última vez que as pessoas me vejam seja dando risada, esteja bem”, relata a jovem.
Ela conta que tem vivido dias bastante cheios depois da grande repercussão, que se surpreendeu com a quantidade de pessoas, que tem evitado ler os comentários e que a única coisa que a incomoda é o assédio das pessoas à família dela.
Carolina diz que gostaria de ser lembrada como uma pessoa forte.
“Eu gostaria de ser lembrada como a pessoa muito forte que fui e que sou, que tentou de tudo, que testou tudo e não desistiu. E que só queria ter um pouco de dignidade e fui em busca dela”, conclui.