Queijo minas artesanal ganha nova política de incentivo e mercado agradece

É esperado que a Lei 24.993, que estabelece nova política estadual do queijo minas artesanal, fortaleça a imagem do produto, diminua burocracia e que traga fiscalização integrada

, em Uberlândia

À procura do queijo minas artesanal de qualidade superior e de expansão da produção com selo de aprovação, uma nova legislação em vigor em Minas Gerais vai ajudar na produção do queijo feito de leite cru, para evitar perdas em relação à pasteurização. Produtores e comerciantes apontam que a lei pode ajudar o setor o com um todo para que acha concorrência leal e melhoria do oleoduto.

Os produtores defendem que, apesar de a pasteurização do leite evitar doenças, o processo também elimina bactérias lácticas benéficas. Sem os chamados fermentos naturais, são alteradas características como sabor e consistência do queijo minas artesanal.

Queijo Minas Artesanal em maturação
Queijo Minas Artesanal poderá ser mais acessível e menos burocrático de produzir – Crédito: Reprodução/TV Paranaíba

É esperado que a Lei 24.993, que institui a Política Estadual do Queijo Minas Legal, e que foi publicada no final de setembro, fortaleça a imagem do produto, diminua burocracia e que traga fiscalização integrada.

Um dos pontos mais importantes da política estadual é o incentivo à regularização sanitária das queijarias, estabelecido como primeiro objetivo da lei. Com esse fim, a política determina que o Estado deve estimular a obtenção do selo ARTE e do selo Queijo Artesanal.

Isso pode acontecer por meio da sistematização de procedimentos assistenciais, fiscalizatórios e de inspeção entre os técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG) e do Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA).

“Quando a gente observa os aspectos sanitários dos queijos artesanais, estamos falando dos cuidados com rebanho, com obtenção de leite, cuidados com animais e das boas prátias de fabricação e boas praticas agropecuárias. Todos esses aspectos vão culminar com a qualidade final do produto”, disse a extensionista Emater, Silvia Passos.

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Concorrência boa

Ainda que a nova lei possa trazer mais produtores de queijo para o mercado com a regularização e facilitação da distribuição e comércio do queijo minas artesanal, a opinião da produtora Walkiria Naves é de quanto mais concorrência mais musculatura o setor.

“Quanto mais pessoas têm acesso ao produto de qualidade e inspecionado, melhor para o queijo minas artesanal. Quanto mais produtores regularizados, mais oportunidades nós temos para esses produtores, a concorrência se torna leal, por que vão ter o mesmo trabalho que vamos ter. Toda concorrência leal é boa”, disse.

A empresária é certificada com selo de qualidade e tem custos para manter não só o queijo que ela produz com 14, 22 e 180 dias de maturação, mas também com o manejo.

Produtora corta queijo
Walkiria Naves apoia concorrência leal – Crédito: Reprodução/TV Paranaíba

Custos e cuidados

São 46 vacas da raça Jersey que produzem 420 litros por dia. Tudo convertido em queijos. Os animais são tratados no capim Tifitton, com 18% de proteína, o que resulta num leite de 5% de teor de gordura.

A opção é para melhorar a qualidade do leite e, consequentemente, a do queijo, oferecendo mais pastejo com alimentação de capim e menos ração. O concentrado entra como complemento da dieta. A ordenha é de uma vez por dia.

“Começa com essa produção que é um pouco menor e termina na questão da saúde e bem-estar animal. O que a gente pode atribuir a sair o mínimo possível do habitat natural, o pasto. Eu consigo o manter o animal o máximo tempo possível a pasto e a qualidade do leite vai lá em cima. E o queijo agradece”, explicou o zootecnista da propriedade, Mateus Borges.

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O cuidado ainda inclui exame da mastite subclínica uma vez por semana, o que afastar a vaca da produção em caso de positivo.

A escolha do gado Jersey na fazenda de Walkiria Naves, então foi em busca de diminuição de custos e maior aproveitamento.

Para produzir 1 quilo de queijo é preciso de 8 litros de leite de vaca Jersey. Se fosse uma Holandesa, precisaria de 11 litros. Outra coisa é que o Jersey pesa até 450 quilos e consome menos alimento. A Holandesa atinge 600 quilos e precisar comer mais.

Mais fornecedores

O comerciante de queijos Ricardo Vilela vê com bons olhos a facilitação de distribuição de produtos que hoje, muitas vezes, estão fechados em uma pequena região. “Vai ajudar a difundir, né? A gente vai acessar queijos boas de uma forma facilitada. Às vezes tem um queijo muito bom que o agricultor não consegue uma certificação devido à burocracia. Ele prefere ter uma produção menor e vender na porta de casa do que expandir para o mercado. Muitas coisas boas não chegam ao comércio devido à burocratização”, explicou.