Pré-treinos e energéticos: aliados ou vilões da alta performance?
Descubra como o uso inadequado de pré-treinos e energéticos pode afetar sua saúde e desempenho
Pré-treinos e energéticos são aliados ou inimigos da sua saúde? Essa pergunta tem preocupado cada vez mais especialistas e consumidores. A promessa de mais energia e foco nos treinos tem atraído muitos adeptos, mas os riscos à saúde, muitas vezes são ignorados.

A utilização indiscriminada de suplementos estimulantes, como pré-treinos e energéticos, pode afetar negativamente a alimentação e absorção de nutrientes. O nutricionista, Lucas Castro, explica que os impactos vão muito além da substituição dos alimentos naturais:
“Muitos pré-treinos contêm substâncias que podem interferir na absorção e na digestão. A cafeína, por exemplo, quando ela é ingerida em doses elevadas, ela pode diminuir a absorção de cálcio, de magnésio, de ferro. E substâncias como betalanina e arginina, presentes em alguns pré-treinos, podem causar um desconforto gastrointestinal afetando a digestão”.
O uso dos suplementos em excesso também pode levar à desregulação do apetite, fazendo com que a pessoa coma menos ou opte por refeições menos nutritivas. Isso pode gerar deficiência nutricional e a falta de vitaminas do complexo B, essenciais no metabolismo energético. Com o tempo, o consumo excessivo de pré-treinos e energéticos em excesso podem enfraquecer o sistema imunológico e comprometer a saúde em geral.
Consumo diário

Bruno Campos, de 30 anos, pratica atividades físicas e faz uso de energético com frequência diária desde o final de 2021. Ele conta que a alta demanda de trabalho e a facilidade em comprar a bebida, o incentivaram a consumir energético quase todos os dias.
“Eu sou jornalista e tinha muita demanda quando eu trabalhava num jornal da minha cidade. Eu, muitas vezes, era o primeiro a chegar e o último a sair. E a facilidade de ter um mercado com um preço muito baixo ali, facilitava o consumo. Então, eu acabei pegando gosto por isso”.
Para se manter acordado, Bruno consome atualmente uma média de 3 a 4 latas de energético por semana. “Hoje em dia, sem dúvidas, eu uso energético menos do que eu usava. Mas, segundo meu nutricionista, passa longe de ser o ideal”, disse.
Pré-treinos e energéticos: Riscos à saúde
Vilmar Pereira é totalmente contra ao consumo de pré-treinos e energéticos a base de cafeína. De acordo com o cardiologista, o consumo desses suplementos está diretamente associado ao aumento de pressão, aumento do risco de arritmia e pode até levar ao rompimento de uma artéria coronária, levando o indivíduo ao infarto.
“Energia se o cara quiser, toma glicose. Melhor comer um pedaço de rapadura. Quer saber o que eu já peguei? Infarto, arritmia ventricular, crise hipertensiva… Então, eu sou um sujeito exatamente contra tomar esse tipo de coisa”, afirmou o médico.

Na contramão das orientações de profissionais da saúde e familiares, Bruno mantém o comportamento arriscado. Para ele, o energético é como se fosse um refrigerante: “Eu consigo tranquilamente me ver numa situação de sei lá estar almoçando e usando o energético ali como um acompanhamento para refeição”.
Segundo Bruno, o uso do energético nunca atrapalhou sua rotina de sono, mas costuma agravar seu quadro de ansiedade e taquicardia. “Eu vejo que meus batimentos aumentam muito. E eu já tenho o transtorno de ansiedade diagnosticado e eu percebo que o energético, ele potencializa isso. Dificilmente eu tomo o energético sem me sentir um pouco mais ansioso que o normal”, afirmou.
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Lucas explica que os pré-treinos e energéticos, quando usados de forma crônica ou em doses elevadas, podem sobrecarregar o sistema nervoso central devido ao excesso de estimulantes, como a cafeína. E isso pode causar: dependência, insônia, ansiedade, fadiga adrenal, que é uma condição em que as glândulas suprarrenais se tornam incapazes de responder.
Pré-treinos e energéticos também podem mascarar a sensação natural de cansaço, incentivando treinos mais intensos. O que pode fazer com que o corpo aumente o risco de lesões musculares e articulares. E, a longo prazo, podem causar desequilíbrio hormonal, aumentando o estresse oxidativo e reduzindo a capacidade do corpo de utilizar antioxidantes como a vitamina C e a vitamina E.
Hábitos saudáveis

O nutricionista alerta que os estimulantes presentes nos pré-treinos e energéticos aumentam a diurese, que é a produção de urina. Isso pode levar à perda excessiva de líquidos e eletrólitos, como o sódio e o potássio, que são essenciais para a função muscular e o equilíbrio hídrico. Por isso é fundamental combinar o uso do pré-treino com a hidratação.
“É totalmente possível melhorar a performance física de forma segura e sem comprometer a saúde, usando a alimentação como base. Consumir uma dieta equilibrada em carboidratos, em proteínas magras, em gorduras boas, que são alimentos que fornecem energia, recuperação muscular e ajudam no desempenho físico”, defende Castro.

Para alcançar o sucesso, Lucas recomenda uma boa hidratação, dormir bem, manter um treinamento personalizado e progressivo, respeitando os limites do seu corpo, e utilizar suplementos com evidência científica como a creatina, o whey, a cafeína em doses moderadas, e o ômega 3.
“O progresso vem de uma combinação de atos saudáveis mantidos a longo prazo. Focar em estratégias naturais e evitar os atalhos é a melhor forma de alcançar os resultados sem prejudicar a saúde”, finaliza.
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