A família morta após inalar monóxido de carbono, que teria sido liberado por um aquecedor a gás, está sendo velada a partir das 19h desta segunda-feira (12), na Funerária Paz Universal, no bairro Brasil, em Uberlândia. A tragédia que vitimou quatro pessoas aconteceu dentro do apartamento de um condomínio que fica no bairro Aclimação, no último domingo (11).
As vítimas são dois adultos, o casal de 33 e 34 anos, uma adolescente de 16 anos, filha da mulher, e uma criança, um menino de 11 anos, que é filho do casal. Eles serão sepultados por volta das 10h desta terça (13) no Cemitério Campo do Bom Pastor.
Os corpos foram encontrados na noite de domingo depois que familiares sentiram falta das vítimas, que deveriam comparecer a uma comemoração do Dia dos Pais. A família estava no interior da residência, todos sem vida porém sem sinal de violência, levantando a suspeita de intoxicação por monóxido de carbono.
Aquecedor de gás mal instalado
Após o trabalho de ventilação forçada feito pelo Corpo de Bombeiros, a Defesa Civil averiguou o imóvel e acredita que a família tenha inalado o monóxido de carbono que foi gerado por um aquecedor a gás no apartamento. O equipamento, porém, teria sido mal instalado.
Uma das hipóteses é que a saída do aquecedor, que deveria jogar o gás para fora do imóvel, estaria mantendo o monóxido de carbono dentro da casa. Como o imóvel estava completamente fechado no momento que as autoridades chegaram ao endereço, o acúmulo do gás pode ter asfixiado a família.
O Abinailton José da Silva é instalador de tubulação a gás e conta que nem todo ambiente é propício para esse tipo de aquecimento. “Tem que verificar se tem ventilação no ambiente. Se o cliente não tiver o ambiente com ventilação jamais nós podemos instalar, porque ocorre esse tipo de acidente que pode ter acontecido pela falta de espaço para ter a queima do monóxido de carbono”
Outra recomendação é a contratação de um profissional para a instalação de um aquecedor a gás justamente para que as questões de segurança sejam seguidas. O equipamento usa gás natural ou o Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) para aquecer a água da casa. Caso seja instalado da forma correta, a ferramenta é considerada segura.
O perigo mortal do monóxido de carbono
O monóxido de carbono é um gás produzido através da queima de materiais ricos em carbono. Ele é pouco inflamável, mas altamente tóxico e asfixiante.
A engenheira ambiental e sanitária, Samara Carbone, explicou que uma vez no organismo o monóxido de carbono é combinado com a hemoglobina. “Na hemoglobina, no nosso sangue, é onde acontecem nossas trocas gasosas. Quando essa reação com o monóxido de carbono acontece ela impede que o oxigênio troque e a gente consiga respirar. Por isso, a gente o considera um gás asfixiante”.
O acúmulo do gás em ambientes fechados causa tontura, confusão mental, dor no peito e falta de ar. Porém, dependendo da quantidade inalada, a intoxicação pode ser mortal em questão de poucos minutos.
A diferença do gás de cozinha, que é facilmente perceptível pelo cheiro forte, é que o monóxido de carbono não tem qualquer odor que sinalize algum possível vazamento. O orientação é que em situação de queima de carbono o ambiente seja aberto ou tenha ventilação. “Ele é comum onde existe o processo de combustão, onde tem queima. Quando queima folhas, árvores, no ambiente aberto, que nessa época acontece muito em Uberlândia. Dentro de casa, tem na cozinha onde envolve queima, churrasco com o carvão, por exemplo”, explicou Samara Carbone.
Investigação em andamento
Durante o atendimento à ocorrência no apartamento da família, o Corpo de Bombeiros utilizou equipamentos de proteção respiratória e fez uma ventilação forçada no apartamento, utilizando jatos neblinados de água pelas janelas para fazer a retirada de qualquer substância no ar. Após fazer a ventilação, foi utilizado um aparelho de aferição de gases para certificar que o local estava em segurança.
O bloco do condomínio onde morava a família foi isolado. Após vistoria e trabalhos de perícia, o fornecimento de gás e de energia elétrica do residencial foi reativado e a área liberada aos moradores.
Em nota, a Polícia Civil de Minas Gerais informou que um inquérito policial foi instaurado e aguarda a conclusão dos laudos periciais para atestar as circunstâncias e a causa das mortes.
A PC também apontou que, inicialmente, a família foi morta por intoxicação por monóxido de carbono devido ao vazamento do aquecedor.
