Mãe que teria abandonado filhas em casa alega que errou, mas que as meninas são bem cuidadas

Mulher relata que teve dificuldades no passado, mas assegura que cuida bem das meninas apesar de críticas dos vizinhos

29/07/2024 ÀS 19H08
- Atualizado Há 2 meses atrás

Dois dias após o resgate das meninas de 6 e 7 anos, que foram encontradas sozinhas em uma casa do bairro Pequis, a mãe das crianças procurou o jornalismo da TV Paranaíba para explicar a versão dela do que aconteceu no último sábado (27).

A mulher, que não quis se identificar, reconheceu que errou em deixar as filhas sozinhas, apesar de classificar a situação como “normal”. “Foi um descuido meu. Eu tive que sair por algumas horas e achei que era normal porque eu já vi vários pais fazerem isso e não achei que iria incomodar tanto os vizinhos”, relatou a mãe.

Meninas brincando com bonecas
Imagem: Reprodução TV Paranaíba

O caso foi denunciado por vizinhos da família. Uma vizinha contou que ouviu o choro de uma das meninas, enquanto a mais velha relatava que a irmã estava com diarreia e vomitando muito. As testemunhas ainda relataram que as meninas pediram ajuda pelo muro da casa.

As crianças foram resgatadas por volta das 6h, depois da chegada da Polícia Militar, que chegou acompanhada do Conselho Tutelar.

A conselheira deu banho na menina que estava doente e a socorreu até a UAI do bairro Planalto. Depois deixou as duas, provisoriamente, sob a guarda da avó materna.

MAIS! Promotoria vai apurar eventual falha no acolhimento das crianças

casa organizada
A casa estava limpa e as crianças estavam bem cuidadas – Imagem: Lorena Soares

Segundo a PM, pelo menos dez chamados foram feitos para denunciar o crime de abandono de incapaz naquele endereço. A mãe denunciada se defende, alegando que não é uma mãe irresponsável e que cuida muito bem das filhas. “Eu sem minhas filhas posso desistir da minha vida. No dia a dia, nós brincamos, elas fazem ballet, vão para a escola. No final de semana eu bebo, mas sempre carrego elas comigo”, afirmou a mulher.

Ao ser questionada sobre as outras vezes em que as crianças ficaram em uma situação de vulnerabilidade, a mãe explica que no passado teve alguns problemas com drogas, mas que hoje o cenário mudou. “Eu já fui dependente química, já morei na rua e minha família cuidou dos meus filhos. Tem sete anos que estou limpa, bebo só minha cerveja, mas incomoda muita gente”, relata a mulher.

Situação das meninas é apurada

Procurado pelo Paranaíba Mais, o promotor de Justiça de Defesa da Criança e do Adolescente, Epaminondas da Costa, considerou a situação muito grave e deve avaliar, se for o caso, a convocação de uma reunião com o conselho responsável por assistir às meninas.

“O Conselho Tutelar precisa estar articulado com o Judiciário porque, quando o juiz define a guarda para um novo guardião, por exemplo, a avó, se ela devolver a criança, pode até ser processada. Mas quando é feita dessa maneira informal, não funciona. Isso é muito sério, vou me inteirar dessas situações e tomar as providências”, disse.

O promotor esclareceu que, em situação de risco para a criança, o procedimento de costume é o Conselho Tutelar garantir imediatamente o acolhimento seguro da vítima, impedindo o contato com quem a colocou em situação de violência doméstica ou maus-tratos. Em seguida, o órgão deve representar o caso imediatamente em juízo, requerendo o acolhimento da vítima em família acolhedora.

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