Mãe fala pela 1ª vez após ter filha raptada da maternidade: “foi tudo premeditado”

Parto estava programado e vítima acredita que falsa pediatra teve acesso ao sistema antes de ter a filha raptada da maternidade

Júnior Oliveira
, em Uberlândia
25/07/2024 ÀS 07H30
- Atualizado Há 2 meses atrás
A mãe que teve a filha raptada da maternidade do HC-UFU, em Uberlândia, falou pela primeira vez com a imprensa após o ocorrido. Ao Balanço Geral, na manhã desta quinta-feira (25), Nathália Rodrigues da Silva contou com exclusividade que soube do sumiço da recém-nascida assim que voltou para o quarto.
Filha raptada na maternidade já recebe os primeiros cuidados da mãe
Filha raptada da maternidade já recebe os primeiros cuidados da mãe – Foto: Arquivo pessoal

Mesmo não conseguindo segurar a bebê após os procedimentos do parto via cesárea, o instinto materno de Nathália sentia que a criança voltaria para os seus braços.

“Eu saí da sala de cirurgia e não passou nem 15 minutos que eu estava no quarto e a médica entrou. Até que chegou todo mundo para dar essa notícia que ela [criança] tinha sumido. Nossa, eu não sei nem como falar. Foi um susto, mas eu tinha confiança de que ela iria voltar para casa, era promessa”.
A vítima ainda comentou que o parto da pequena Isabela estava programado e a gestação foi interrompida com 40 semanas em virtude de um quadro de diabetes gestacional. Ela acredita que a falsa pediatra teve acesso ao sistema e planejou todo o crime antes de levar a filha raptada da maternidade.
Filha com a mãe após rapto em Uberlândia
Menina foi resgatada em Goiás após 17 horas de terror – Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a mãe, a abordagem da médica foi muito natural. Claudia Soares, que na verdade é neurologista, aparentava estar muito lúcida e não demonstrou nenhuma insegurança na presença dos pais.

“Ela tratou a gente como médica mesmo. Pelo que eu soube, ela teve acesso ao sistema, ela passou no concurso, tinha acesso ao sistema. Não sei, talvez ela teve acesso ao prontuário. Porque nesse dia teve somente um parto feminino. Ela foi super fria, foi tudo premeditado por ela”.

Assista à entrevista na íntegra:

Vítima comenta comoção nacional sobre a filha raptada da maternidade

A paciente disse que a ação do Hospital de Clínicas da UFU foi rápida em acionar as autoridades de segurança, no entanto, lamentou que as equipes demoraram cerca de 1h30 para contar sobre a filha raptada da maternidade.

 

De acordo com Nathália, uma assistente social só a comunicou após mudá-la de quarto, possivelmente para não deixá-la perto de outras mães e recém-nascidos.

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Ela ainda agradeceu ao apoio da família e do marido, que foi protetor e batalhador no encontro da menina. O casal tem outra filha, de três anos, que sempre pedia por uma irmãzinha e estava ansiosa para ver a bebê. A mãe ainda agradeceu a comoção geral da população.

“O hospital se empenhou, todo mundo. As polícias, todo mundo também tentou ajudar de alguma forma, quem não pôde sair, estava em oração. Quero agradecer a cada um de vocês que se empenhou. Cada um que compartilhou, que nos ajudou nesse momento. E agradecer a Deus, primeiramente. Ele que fez o agir e colocou o temor no coração de todo mundo e nós estamos com ela aqui nos braços”.

Falsa pediatra raptou criança na maternidade
Nathália agradeceu comoção nacional e ajuda no encontro da filha raptada da maternidade – Foto: Reprodução

Previsão de alta

Ainda não há previsão de alta para mãe e filha, mas Isabela está muito bem e mamando. Inclusive, na manhã desta quinta-feira (25), tomou o primeiro banho após as 24 horas de nascimento.

Nathália também está em boa recuperação da cirurgia. “Estou recuperando, a equipe médica está maravilhosa. Todo mundo super dedicado”, finalizou.

Entenda como foi o rapto

  • Nathália teve a filha raptada da maternidade do HC cerca de três horas após o parto cesárea, na noite de terça-feira (23). Câmeras de segurança flagraram a suspeita estacionando próximo ao hospital por volta das 23h20. A médica neurologista se passou por pediatra e levou a criança do quarto da família. Ela fugiu no próprio carro por volta das 23h55.
  • O pai da menina chegou a fazer um apelo por meio da imprensa, pedindo que a suspeita devolvesse a menina. Ele chegou a mencionar que a bebê tinha uma doença rara na tentativa de comover a falsa pediatra a devolver a filha.
  • Por volta das 10h desta quarta (24), a Polícia Militar confirmou que a bebê foi resgatada e a médica presa na cidade dela, em Itumbiara, no interior de Goiás. A prisão foi feita pela Polícia Civil do estado vizinho.
  • Foi confirmada a identidade da autora. Claudia Soares Alves tinha vínculo com a UFU após passar em um concurso para ser professora de Clínica Médica na Faculdade de Medicina. Ela também era estudante de Doutorado na instituição.
  • Ao prestar depoimento para a polícia, a mulher alegou surto psicótico e que estava sob efeito de medicamentos controlados. Ela vai ficar presa no estado de Goiás à disposição do Judiciário.

    Dra. Claudia era professora da UFU e postou nomeação nas redes sociais – Foto: Reprodução
  • O HC-UFU se manifestou e reconheceu a falha no sistema de segurança da instituição de saúde. Disse ainda que os protocolos seriam revisados. O Ministério Público Federal também abriu procedimento para apurar a situação e buscar responsabilização.
  • Um funcionário do HC, que preferiu não se identificar, denunciou que as catracas do local estavam estragadas e pontuou sobre a estrutura precária do hospital.
  • Após 17 horas de angústia e sofrimento, finalmente o caso teve um final feliz e Nathália pôde, novamente, ter a filha raptada da maternidade nos braços.

    Funcionário denunciou falha nas catracas e estrutura precária – Foto: TV Paranaíba/reprodução

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