Em coletiva de imprensa, mais detalhes foram repassados sobre a organização criminosa que atuava em Uberlândia e movimentava comércios de diversos segmentos. A Operação Liga dos Campeões foi deflagrada na manhã desta terça-feira (13), pelo Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) com apoio da Polícia Civil e Militar de Uberlândia.
Segundo o Gaeco, a organização criminosa movimenta o tráfico de drogas na cidade e usa o dinheiro da venda para patrocinar times de futebol amador de Uberlândia, além de manter comércios de diversos setores, como tabacaria, uma casa de drinks, garagem de veículos, imobiliária e uma academia.
Com os valores ilícitos, também, os integrantes da organização criminosa mantinham uma vida cara, com carros de luxo e festas extravagantes.
Líder da organização criminosa tentou ser vereador
De acordo com Thiago Ferraz, promotor do Gaeco, o homem apontado como o líder da organização criminosa faria parte de uma das maiores facções criminosas do País. A investigação apontou que o homem também promovia o “Tribunal do Crime”, quando a facção pune os próprios integrantes que tenham cometido alguma atitude que não seja permitida pelo grupo.
Em Uberlândia, o líder da organização criminosa ainda tentou se candidatar para vereador nas eleições municipais de 2020. “Por sorte, ele teve a candidatura impugnada, pela lei da ficha limpa, e teve barrada sua candidatura nas eleições, no último pleito local”, contou o promotor.
O investigado, ainda segundo o Gaeco, ostentava a vida de luxo que levava nas redes sociais. Em algumas postagens, o homem aparecia em carros caros ou em festas regadas com bebidas importadas, que eram usadas não só para brindar mas também para despejar sobre os veículos.
Organização criminosa diversificada
Com o avanço da investigação, o Gaeco descobriu que o uso do tráfico de drogas estava sendo usado para aumentar a presença e a força do grupo criminoso em Uberlândia.
Além de tentar entrar na política local, os criminosos lavavam o dinheiro ilícito em comércios e até em times do futebol amador da cidade.
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Saiba em quais segmentos a organização criminosa atuava:
- Times de futebol: segundo o Gaeco, até o momento foram identificados que dois times do futebol amador de Uberlândia recebiam dinheiro dessa organização criminosa como patrocínio. Até o momento não é possível afirmar que os dirigentes dos clubes sabiam da origem ilícita dos valores, mas isso será apurado. “Com a análise do material nós vamos poder analisar e verificar se tem outros times que estão sendo abrangidos pelo patrocínio dessa facção criminosa. E vamos apurar a conduta, até que ponto esses times amadores tinham a ciência que isso era produto de crime. Porque aí teremos outra vertente que pode sinalizar pro dolo no cometimento do crime”, explicou Thiago Ferraz;
- Tráfico de drogas dentro do presídio: a investigação apontou que a organização criminosa estaria enviando droga para o Presídio Professor Jacy de Assis. “Nós sabemos que no presídio essa droga possui um valor muito alto porque é mais difícil entrar, é mais difícil ter e manter lá dentro. Então, o valor da droga é uma moeda dentro do presídio”;
- Venda de terrenos em assentamentos;
- Tabacaria;
- Casa de drinks;
- Garagem;
- Academia.
Operação Liga dos Campeões
A investigação sobre a atuação desta organização criminosa já dura dois anos. Nas primeiras horas desta terça-feira (13), foram cumpridos 27 mandados de busca e apreensão e quatro pessoas foram detidas e encaminhadas à delegacia de Polícia Civil. As prisões aconteceram por por porte ilegal de armas, tráfico de drogas e dinheiro sem procedência.
Oito carros foram apreendidos, além de um quadriciclo e uma moto aquática. A polícia também apreendeu anabolizantes que foram encontrados na academia gerida com o dinheiro da organização criminosa. “A Operação foi um sucesso com a apreensão de inúmeros veículos, drogas, dinheiro em espécie, celulares quebrados, uma tática que eles usam no momento da abordagem, mas nós vamos conseguir tratar esses dados. E assim nós temos conseguido combater essas organizações criminosas que tem entrado em nossa sociedade”, detalhou o Major da Polícia Militar, Luciano Parreira.
110 policiais civis e militares participaram da Operação Liga dos Campeões “O combate a estas organizações criminosas que tentam se estabelecer aqui no Triângulo Mineiro, especificamente aqui no Triângulo Norte, tem enfrentado as forças policiais e o Ministério Público”, reforçou delegado-chefe da 9ª Delegacia de Polícia Civil, Marcos Tadeu.