Justiça de Minas determina pensão para cão com doença rara após divórcio de tutores

Benefício foi concedido para ajudar no tratamento do animal. O ex-marido deverá pagar a pensão alimentícia mensalmente, até o dia 10 de cada mês

, em Uberlândia
12/09/2024 ÀS 13H30
- Atualizado Há 5 dias atrás

Após a separação de um casal, o ex-marido foi condenado a pagar uma pensão alimentícia de 30% do salário mínimo, não para a ex-mulher, mas para custear os cuidados médicos de um cão de estimação que ficou sob a guarda dela. Essa decisão judicial inusitada aconteceu em Conselheiro Lafaiete, em Minas Gerais.

Cão com condição rara
Cãozinho foi adotado durante casamento — Foto: Freepik

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O animal sofre de uma grave doença chamada insuficiência pancreática exócrina, que requer tratamento contínuo e caro.

Cão com condição rara foi adquirido durante casamento

A ex-mulher, ao recorrer à Justiça, argumentou que o casal, durante o casamento, adotou o cachorro juntos e que, após o divórcio, ela ficou responsável pelos cuidados do animal.

O réu, por sua vez, teria deixado de contribuir financeiramente para o tratamento do animal, o que motivou a ação judicial.

Cão divórcio
Ex-marido terá que pagar pensão alimentícia para tratamento da doença rara do cão – Foto: Freepik

A mulher apresentou em seus argumentos uma série de provas, incluindo vídeos, fotos e documentos médicos do cachorro.

Nos exames entregues à Justiça, o nome do ex-marido aparece como o proprietário oficial do animal, reforçando que ele também tem responsabilidade pelos cuidados com o cachorro.

Relação entre ex-casal com cão considera o animal membro da família

O juiz responsável pelo caso, Espagner Wallysen Vaz Leite, da 1ª Vara Cível de Conselheiro Lafaiete, destacou que o processo envolve uma “relação familiar multiespécie”.

Segundo o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM), esse tipo de relação reconhece o vínculo afetivo entre humanos e seus animais de estimação, que passam a ser tratados como membros da família.

“Esse conceito está cada vez mais presente na sociedade, e as discussões sobre os direitos dos animais de estimação têm chegado aos tribunais. Nesse caso, é evidente o laço afetivo entre o animal e ambos os ex-cônjuges”, afirmou o magistrado em sua decisão.

Cão precisa de tratamento para doença rara
Fórum da Comarca de Conselheiro Lafaiete – Foto: Google Street View

Ainda segundo o juiz, o tratamento da insuficiência pancreática exócrina do cachorrinho exige a compra de medicamentos e cuidados constantes, resultando em despesas elevadas.

Ele concluiu que esses custos devem ser compartilhados entre os dois tutores, já que ambos, de alguma forma, são responsáveis pelo bem-estar do animal.

“Embora os animais não tenham personalidade jurídica, são considerados sujeitos de direitos, e cabe aos tutores garantirem seu cuidado”, afirmou o juiz Espagner Leite.

O pagamento da pensão para tratamento

Como não foi possível comprovar a renda mensal do ex-marido, o juiz decidiu fixar o valor da pensão alimentícia com base no salário mínimo.

A ex-mulher deverá informar a conta bancária para o pagamento ser realizado mensalmente, até o dia 10 de cada mês.

O magistrado também marcou uma audiência de conciliação entre as partes, conforme previsto no Código de Processo Civil.

A sessão será realizada no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania, com o objetivo de buscar um acordo amigável.

Caso não seja possível um consenso, o processo seguirá para julgamento definitivo.

O que é insuficiência pancreática exócrina

A insuficiência pancreática exócrina é uma condição que afeta o pâncreas dos cães, comprometendo sua capacidade de produzir enzimas digestivas essenciais.

Essas enzimas são responsáveis por ajudar na digestão de alimentos, como carboidratos, proteínas e gorduras.

Quando o pâncreas não consegue produzir essas enzimas em quantidade suficiente, o animal sofre de má digestão e dificuldade de absorver nutrientes, o que pode levar a vários problemas de saúde.

Nesse caso, o tecido do pâncreas sofre uma perda progressiva e irreversível, reduzindo drasticamente a produção de enzimas, especialmente a lipase, fundamental para a digestão de gorduras.

Um dos sintomas aparentes da doença é a magreza extrema do animal – Foto: Freepik

Essa redução chega a 90%, causando sintomas como perda de peso, aumento da quantidade de fezes, fezes oleosas (esteatorreia) e, em alguns casos, o hábito de o cão ingerir suas próprias fezes (coprofagia).

O diagnóstico da doença é feito por meio de exames específicos, como a dosagem de imunorreatividade semelhante à tripsina canina e o nível de cobalamina no sangue.

O tratamento da insuficiência pancreática exócrina é relativamente simples, mas precisa ser contínuo. Ele envolve a suplementação com enzimas digestivas adicionadas diretamente à comida do cão.

Além disso, a aplicação de vitamina B12 pode ser necessária para corrigir a deficiência nutricional.

Com o tratamento adequado, os cães tendem a responder bem, recuperando peso e voltando a ter uma digestão normal.

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