Rapto da recém-nascida: funcionário denuncia catracas estragadas e falhas na segurança no HC-UFU

Funcionário, que não quer se identificar, denunciou que falhas na segurança e estrutura precária favoreceram ação criminosa da médica que raptou criança na Unidade

, em Uberlândia
24/07/2024 ÀS 18H23
- Atualizado Há 2 meses atrás

Um funcionário do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia denunciou que falhas na segurança no HC-UFU teriam facilitado o rapto da recém-nascida na noite da última terça-feira (23). Cláudia Soares Alves foi presa em flagrante pelo crime em Itumbiara, Goiás, na manhã de hoje (24).

Sem se identificar, o funcionário relatou que trabalhava no HC-UFU quando o crime foi descoberto. Ele narrou que a médica entrou pela portaria do Pronto-Socorro, porque tinha conhecimento que na entrada pela Ambulatório seria necessário a identificação.

Médica que cometeu o rapto da recém-nascida no HC-UFU
A médica teve acesso ao hospital usando jaleco e crachá para cometer o rapto da recém-nascida – Foto: TV Paranaíba/reprodução

Ainda assim, segundo o denunciante, a médica mostrou um crachá da Universidade Federal de Uberlândia à funcionária da portaria e disse que foi chamada para cobrir o setor na Clínica Médica. Apenas após a entrada de Cláudia é que a funcionária suspeitou da presença da médica no hospital devido ao horário, pouco comum para chegada de profissionais para cobrir setor.

A segurança foi comunicada, mas a essa altura a suspeita já estava na maternidade cometendo o rapto da recém-nascida. Na saída, ainda segundo o funcionário denunciante, Cláudia foi abordada. “O segurança abordou, porém pediu ela só para olhar o cobertor, não revistou mochila. Ela já tinha ido ao banheiro e já estava com o neném na mochila. Ela compareceu na portaria do Pronto-Socorro e disse que o setor não precisava dela mais e foi embora”.

Falhas na segurança no HC-UFU

O profissional detalhou que pelo menos duas catracas do HC-UFU estão estragadas, possibilitando a entrada de qualquer pessoa sem a identificação adequada na unidade. “As duas entradas que estão com as catracas estragadas dão acesso ao Hospital. Na portaria do Pronto-Socorro, onde ela entrou, médico e enfermeiro não entram com identificação. Na maioria das vezes, a gente vai entrando sem crachá, sem nada. Só de falar que é médico você vai passando para dentro”.

Funcionário denuncia que duas catracas estão estragadas, permitindo a entrada e saída sem identificação
Funcionário denuncia que duas catracas estão estragadas, permitindo a entrada e saída sem identificação – Foto: TV Paranaíba/reprodução

O funcionário também questiona a abordagem que é feita pela segurança da unidade hospitalar. O denunciante garante que além da catraca livre em algumas entradas, não há revista do material que visitantes ou profissionais entram ou saem do HC-UFU. O procedimento também pode ter favorecido o rapto da recém-nascida. “Eles pediram para ela abrir o cobertor na mão dela, porque, segundo eles, eles não podem revistar nem tocar em ninguém”.

HC-UFU vai aprimorar processos de segurança

O Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia (HC-UFU) se pronunciou sobre o rapto da recém-nascida e as falhas de segurança no HC-UFU, no início da tarde desta quarta-feira (24).

De acordo com a gerente de Atenção à Saúde do Hospital de Clínicas, Liliane Passos, a instituição está realizando um processo de apuração de responsabilidades e, conforme o andamento desse processo, as medidas cabíveis serão tomadas.

Fachada do HC-UFU
Instituição garante que vai aprimorar processos para evitar novas falhas de segurança no HC-UFU – foto: TV Paranaíba/reprodução

A instituição ainda garante que realizará o aprimoramento dos processos de trabalho e, especialmente, com os controles de acesso ao hospital, de maneira a garantir que outro caso semelhante não volte a acontecer.

O Ministério Público Federal também vai apurar as falhas de segurança na unidade hospitalar, que é administrada pela Ebserh. O procurador da República, Cléber Eustáquio, informou que abriu inquérito que vai abordar tanto a parte cível quanto a criminal, com apoio da Polícia Federal.

Entenda o caso

A mulher apontada como responsável pelo rapto da recém-nascida foi identificada como Cláudia Soares Alves, que é médica neurologista e atuava em Itumbiara, cidade de Goiás (GO).

A suspeita foi presa na manhã desta quarta-feira (24), em Itumbiara, pela Polícia Civil de GO. A recém-nascida foi encontrada na clínica onde a médica atendia na cidade.

Neurologista que raptou bebê foi presa em Itumbiara
Neurologista que raptou bebê foi presa em Itumbiara – Foto: Polícia Civil

Cláudia retornou para Itumbiara depois de conseguir entrar no HC-UFU, em Uberlândia, usando jaleco e crachá, e ter acesso ao quarto onde a recém-nascida estava com a família.

Cláudia se apresentou como médica pediatra e disse que a criança estava com dificuldade de amamentar. A médica levou a bebê dizendo que iria dar leite no copo para ela. Quando a mulher não retornou com a recém-nascida, o pai procurou a filha e não a encontrou.

Uma vez que a equipe de profissionais do HC-UFU notaram o crime, a Polícia Militar foi acionada. Durante uma força-tarefa das forças policiais, a médica foi encontrada e presa horas depois do rapto da recém-nascida.

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