“Fui agredido”, diz jovem suspeito de feminicídio em Frutal
Em depoimento para a Polícia Civil, suspeito de matar a namorada alegou ter sido ameaçado pela ex-companheira
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O jovem de 20 anos, suspeito de feminicídio em Frutal, contra a namorada Joyce Heitor Santos, de 22 anos, relatou a própria versão dos fatos durante interrogatório nesta quinta-feira (27). Em depoimento à Polícia Civil (PC), o suspeitou alegou que agiu em legítima defesa, após uma discussão entre o casal acabar em agressões físicas.
Joyce foi encontrada sem vida por um amigo na noite do crime, no último dia 18, em uma residência no bairro Alto Boa Vista. Segundo a Polícia Militar (PM), o corpo da jovem apresentava perfurações no pescoço, abdômen, braços e pernas, além de sinais de luta corporal.
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O que teria acontecido, segundo o suspeito
O jovem afirmou que o relacionamento, que já durava cerca de quatro meses, era marcado por brigas e ciúmes e ambos moravam juntos há um tempo.
Na noite do crime, segundo ele, houve um desentendimento, que começou quando ele disse que visitaria o pai e a jovem não teria gostado da ideia, alegando que ele “ia atrás de mulheres”. Uma discussão teria se iniciado, no entanto, o jovem teria deixado o local.
Quando retornou, ela contou que não agradou da demora do jovem para retornar da casa do pai. Novamente, ela teria alegado que ele estava com outras mulheres. Nesse momento, o jovem afirmou que iria terminar o namoro.
“Vou terminar, porque a gente não da certo, briga demais. Você discute demais e não confia”, contou o delegado sobre o relato do jovem.
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Logo, o jovem teria começado a arrumar as coisas para deixar a casa, quando ela avançou e o agrediu, com tapas e mordidas. O jovem tentou segurá-la, porém, quando a soltou, Joyce teria pegado uma faca na cozinha e avançando contra ele novamente.
Ainda segundo o depoimento, o jovem sofreu um corte na mão ao tentar desarmá-la. Durante a discussão, ele afirmou ter conseguido pegar a faca e, para interromper a agressão, deu dois golpes na jovem. No entanto, disse não se lembrar das regiões do corpo atingidas.
Após o ocorrido, o jovem, assustado, deixou a residência, abandonando a moto sem chave em uma rua próxima. Ele afirmou ter se refugiado na zona rural, na casa de um idoso, onde permaneceu por alguns dias. Por fim, procurou o pai e foi incentivado a se entregar à polícia na última terça-feira (24).
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Contradições
Segundo o delegado da Polícia Civil, Dr. Fabrício Altemar, a versão apresentada pelo suspeito levanta algumas dúvidas. A vítima apresentava cortes em várias partes do corpo, incluindo braços, pernas e pescoço, que podem indicar tentativas de defesa. No entanto, o jovem alegou não se recordar desses ferimentos.
Outro ponto questionado é o fato de o suspeito ter retirado a faca da cena do crime, alegando tê-la descartado em uma área de mata sem conseguir apontar a localização exata.
“Essas questões tornam difícil sustentar, neste momento, que foi um caso de legítima defesa”, afirmou o delegado. Apesar disso, foi destacado que o jovem não possui antecedentes criminais.
O inquérito segue em andamento, enquanto a polícia aguarda os laudos periciais do local do crime, do corpo da vítima e de uma substância encontrada na residência, que poderá trazer novos elementos para a investigação.