Feminicídios em Minas Gerais: estado é o 3º com mais assassinatos de mulheres neste ano

Monitor nacional mostra que foram noticiados pela imprensa 164 feminicídios em Minas Gerais só no primeiro semestre

23/07/2024 ÀS 14H30
- Atualizado Há 2 meses atrás

Os feminicídios em Minas Gerais registrados no primeiro semestre deste ano colocaram o estado como o terceiro do País onde mais se mata mulheres. Os dados constam no Monitor de Feminicídios no Brasil (MFB), que divulgou o segundo relatório do ano nesta semana.

Primeiro semestre contabilizou 85 feminicídios em Minas Gerais consumados – Foto: TV Paranaíba/Reprodução

Nos primeiros seis meses, foram registrados 164 feminicídios em Minas Gerais, sendo 85 consumados e 79 tentados. Uberlândia só perde para a capital Belo Horizonte em números absolutos, sendo o segundo município com maior número de ocorrências. Veja os municípios mineiros com as maiores quantidades de registro de feminicídio:

  1. Belo Horizonte (12)
  2. Uberlândia (10)
  3. Governador Valadares (7)
  4. Juiz de Fora (5)
  5. Betim (5)
  6. Guaxupé (4)
  7. Ipatinga (4)

Considerando todo o território estadual, 98 (11,4%) cidades mineiras registraram pelo menos um assassinato com vítima feminina.

O MFB é desenvolvido pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios no Brasil (Lesfem), formado em parceria da Universidades Estadual de Londrina com as federais de Uberlândia (UFU), Bahia e de Catalão.

O trabalho consiste no monitoramento de feminicídios tentados e consumados noticiados pela imprensa a partir de notícias veiculadas na internet.

Feminicídios íntimos lideram os casos no país – Foto: TV Paranaíba/Reprodução

Feminicídios em Minas Gerais refletem cenário trágico

Os feminicídios em Minas Gerais lideram as estatísticas ao lado de São Paulo e do estado do Paraná que registram, respectivamente, 283 e 168 crimes.

O relatório aponta ainda que houve, pelo menos, 905 casos com indícios de feminicídios consumados e 1.102 tentados no Brasil. A média diária foi de 4,98 feminicídios consumados e 6,05 feminicídios tentados.

“Os números alarmantes reiteram que, notadamente, o contexto doméstico no Brasil é um lugar de risco para as mulheres. Se as mulheres continuam sendo aniquiladas é em decorrência da desproteção do Estado que negligencia na construção de estratégias de prevenção, enfrentamento e cuidados àquelas em situação de violência”, justificou a Lesfem.

Características dos crimes

O MFB ainda mapeou as características dos feminicídios em Minas Gerais e nos outros estados, dividindo os casos em subcategorias. Entenda as principais delas:

Feminicídio íntimo

Foi identificado em 67,4% dos crimes consumados e 77% dos tentados. É considerado feminicídio íntimo os casos de violência contra a mulher cometidos por um ou uma agressora (ou mais) que fazem ou fizeram parte de seu círculo de intimidade da vítima. Por exemplo: companheiro, ex-companheiro, amante, etc.

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Geralmente, ele ocorre em razão de a mulher se negar a ter relação íntima, de cunho sentimental ou sexual com o agressor.

Feminicídio não íntimo

Corresponde à violência contra a mulher cometida por um homem desconhecido, ou seja, com o qual a vítima não tinha nenhum tipo de relação ou vínculo.

Esse tipo de feminicídio foi identificado em 10,7% dos casos consumados e 5,2% dos casos tentados.

Feminicídio familiar

Segundo o Lesfem, é aquele identificado pela relação de parentesco entre vítima e agressor, seja por consanguinidade, adoção ou afinidade.

Dos casos de feminicídio familiar registrados no primeiro semestre de 2024, 7,2% foram consumados e 6,8% foram tentados.

Em muitos casos, a vítima não tem coragem de denunciar por temer a segurança pessoal e dos filhos – Foto: Freepik

Feminicídios por conexão

Outra categoria que aparece em menor escala é a de feminicídios por conexão, que implica situação de violência extrema contra uma mulher que se encontra “na linha de fogo”. É o exemplo de uma parente ou amiga que está no mesmo local onde um homem mata ou tenta matar outra vítima, que seria o principal alvo dele.

Neste caso, foram detectados 2,4% de feminicídios consumados e 6,6% de feminicídios tentados no Brasil neste ano.

Feminicídios na presença dos filhos

Um dado que também chama atenção no relatório é que a maioria (58,7%) dos feminicídios aconteceram em frente aos filhos da vítima, colocando essas testemunhas como vítimas indiretas da violência contra a mulher, em razão do sofrimento psicológico e danos emocionais.

Foi o que ocorreu em dois feminicídios em Uberlândia no mês de março.

No primeiro caso, o homem matou a ex-companheira, de 38 anos, e ainda agrediu os dois filhos da vítima, no bairro Santa Rosa. O criminoso foi localizado e preso após o crime.

No segundo caso, a vítima de 32 anos foi esfaqueada pelo ex enquanto ela segurava o filho de dois anos, no bairro Élisson Prieto.

A família disse que o casal já tinha rompido o relacionamento, mas no dia do crime estavam consumindo bebida alcoólica juntos em um bar, quando a briga começou. A vítima morreu algumas semanas após ser internada em estado grave.

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