Estudo aponta que 80% dos adultos apoiam proibição do celular nas escolas

Comissão de Educação da Câmara analisa nesta quarta-feira (30) proposta que visa garantir ambiente escolar livre de distrações

30/10/2024 ÀS 09H51
- Atualizado Há 2 horas atrás

A discussão sobre a proibição do celular em sala de aula voltou ao cenário nacional, em julho, com um novo projeto de lei que visa regulamentar essa prática nas escolas de todo o país.

A medida está em fase avançada de tramitação, a Comissão de Educação da Câmara dos Deputados analisa o texto nesta quarta-feira (30), que deve ser oficializada em breve. Proposta busca garantir um ambiente de aprendizado mais focado e menos sujeito a distrações.

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Crédito: Canva/ Arquivo

A proposta que tramita na Câmara é de 2015 e se baseada na ideia de que, ao evitar o uso de dispositivos móveis durante as aulas, os alunos terão mais atenção e se beneficiarão de um ambiente educativo mais controlado. O foco, novamente, ao ensino e nas interações com professores e colegas.

A medida visa também auxiliar os professores no desafio de manter o engajamento dos estudantes e evitar o uso inadequado de celulares, como o acesso a redes sociais e jogos que desviam o foco das atividades pedagógicas.

Segundo a psicopedagoga Joice Castilho, esse é um dos principais problemas envolvendo o aparelho na sala de aula. “O celular oferece uma imensa gama de possibilidades, o que facilita o envolvimento dos alunos com assuntos alheios ao conteúdo escolar. Por experiência própria, acredito que seu uso em sala de aula deveria ser proibido”, explica.

Ela acrescenta que, além de causar desatenção, os aparelhos também podem agravar ou instigar mais problemas.

“A criatividade, a imaginação e a pesquisa acabam perdendo espaço para um aparelho que entrega tudo pronto. É terrível. Esse uso comprometedor prejudica a escrita e a leitura; os danos são enormes”, complementa.

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Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e pela QuestionPro mostra que oito em cada 10 adultos (80%) acreditam que o uso de celulares nas escolas deve ser proibido. Entre os pais, 82% concordam com essa proibição, também apoiada pela maioria dos entrevistados sem filhos (72%).

Segundo a pesquisa, 69% acreditam que a idade ideal para ter o primeiro celular é a partir dos 13 anos, mas 86% acreditam que os jovens desejam ter um celular antes dessa idade.

A pesquisa realizou 1.491 entrevistas em todo o país, no período de 24 de junho a 8 de julho, abrangendo diversas regiões e perfis socioeconômicos.

Câmara discute proibição dos celulares nesta quarta (30) nas salas de aulas
Pais apoiam decisão de deixar os celulares fora das salas de aula – Crédito: Canva/ Reprodução

Uso orientado e ferramenta educativa

A discussão sobre o uso de celulares nas escolas tem gerado opiniões divergentes, mas especialistas ressaltam que, quando bem orientados, esses dispositivos podem se tornar ferramentas didáticas eficazes.

Em algumas instituições, o celular já integra o processo de ensino, facilitando o acesso a aplicativos educativos, pesquisas online e atividades interativas que complementam o conteúdo abordado em sala de aula.

Nesses ambientes, o uso do celular é cuidadosamente planejado e supervisionado pelos professores, que instruem os alunos sobre como utilizar a tecnologia para enriquecer o aprendizado.

A expectativa é que a futura legislação preveja exceções, permitindo o uso controlado de dispositivos em situações específicas, como em aulas que exigem pesquisas online ou laboratórios virtuais.

Em Uberlândia

Em Uberlândia, o Sindicato dos Professores de Escolas Particulares, que representa 37 mil alunos, também se preocupa com o impacto dos celulares em sala de aula.

Educadores defendem que a presença do livro, caderno e caneta é essencial para o aprendizado, enquanto o celular deveria permanecer guardado.

Algumas escolas, como a do professor Abdalla, o Gabarito, criaram soluções como a “bolsa canguru”, que mantém o aparelho distante do aluno durante as aulas e evita a distração.

Escola de Uberlândia recolhe e deixa dispositivos separados dos alunos
Estudo aponta que 80% dos adultos apoiam proibição do celular nas escolas  – Crédito: TV Paranaíba/ Reprodução

A proibição do celular, no entanto, não é consenso. Alguns pais e alunos argumentam que o uso do celular pode ser útil em momentos de pesquisa ou comunicação, enquanto outros defendem que o ambiente escolar deve ser livre de distrações digitais.

A questão segue em discussão, mas a tendência global parece apontar para a restrição do uso do celular em sala de aula.

Celulares nas escolas pelo mundo

Diversos países têm implementado medidas para regular o uso de celulares nas escolas, buscando garantir um ambiente de aprendizado mais produtivo e menos suscetível a distrações. Confira como é tratada a questão em alguns outros países.

França: desde 2018, o uso de celulares durante as aulas e nos intervalos é proibido para estudantes de até 15 anos.

Holanda: a partir de 1º de janeiro de 2024, a Holanda baniu celulares, tablets, relógios inteligentes e outros dispositivos eletrônicos das escolas. O uso é permitido apenas quando diretamente relacionado à aula.

China: em 2021, o Ministério da Educação chinês proibiu os alunos de levarem smartphones para a escola.

Finlândia: reconhecida por seu sistema educacional de excelência, a Finlândia também está discutindo restrições ao uso de celulares nas escolas.

 

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