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Estudiosos explicam o mundo dos sonhos: visões do inconsciente ou viagens dimensionais?

Os sonhos fazem parte de um processo natural e comum da vida humana, mas, apesar das inúmeras pesquisas, eles ainda são mistério - até mesmo para a ciência!

, em Uberlândia

06/06/2024 ÀS 11H24

- Atualizado Há 4 semanas atrás

Você deita, fecha os olhos, dorme e parece entrar em um outro mundo. Os sonhos são um conjunto de imagens produzido pela mente. Uma atividade cerebral que, apesar de ser muito estudada pela ciência, ainda deixa várias perguntas sem respostas concretas.

Eles, às vezes, têm relação com a vida que levamos diariamente, outras vezes parece não ter nexo algum. E a falta de explicações científicas dá margem para o mistério e, consequentemente, às teorias ligadas à psicanálise e até aos mundos místico e fantasioso.

Criança dormindo e sorrindo, sugerindo estar sonhando com algo bom
Do bebê ao idoso, segundo a ciência, todos temos sonhos durante o sono – Foto: Andrea Piacquadio/Pexels

O que são os sonhos para a ciência?

A ciência classifica os sonhos como imagens, pensamentos ou sentimentos que acontecem durante o sono. Cenas que envolvem mais que apenas o visual, mas também todos os outros sentidos.

Mas a grande questão não é o “o que é” e sim o “porque” sonhamos. A ciência ainda não consegue dar uma resposta a essa questão, mas diferentes teorias de especialistas em neurociência e psicologia tentam dar sentido ao mistério.

  • Criar memórias: Sonhar está associado à consolidação da nossa memória. É como se os sonhos fossem uma função cognitiva para fortalecer o campo do nosso cérebro que armazena informações.
  • Processar emoções: Ao sonhar, lidamos com as emoções que vivemos no dia a dia em um contexto diferente.
  • Limpeza mental: Especialistas acreditam que os sonhos são uma forma do cérebro limpar informações desnecessárias da nossa mente.
  • Revisitação: Sonhos podem ser uma forma de voltar em algum evento recente que vivemos para ser revivido e analisado mais profundamente.
  • Incidente: Alguns estudiosos acreditam que, na verdade, sonhar é apenas o resultado de atividades aleatórias do cérebro, sem qualquer propósito ou sentido.
Mulher dormindo enquanto parece sonhar estar em um lugar fantasioso
Os sonhos podem fazer sentido ou parecer não ter nenhuma relação direta com a sua realidade – Foto: Ron Lach/Pexels

Os sonhos e sono

A neurociência tem como fato que todos nós sonhamos. Mesmo se você não se lembra, você sonha regularmente, às vezes até quatro vezes durante o sono. É que, ainda que de formas e intensidades diferentes, essa é uma parte do processo do sono vivido pelos humanos.

Os sonhos acontecem não só, mas principalmente, durante o sono REM, sigla para Rapid Eyes Movement ou, em português, ‘movimento rápido dos olhos’. Esse é o principal dos quatro estágios do sono, que se repetem durante a mesma noite, com funções e durações diferentes.

Os estágios um, dois e três são classificados como “não-REM” e vão do sono leve ao moderado, até chegar no sono profundo. Nessas etapas, nosso corpo tende a relaxar e a atividade cerebral fica mais lenta, assim como os batimentos cardíacos.

O quarto estágio é o sono REM e costuma acontecer depois que a pessoa está há pelo menos 90 minutos dormindo. As ondas cerebrais voltam a ficar agitadas, atuando de forma semelhante quando estamos acordados.

No canal do Dr. Guilherme Olival, o neurologista e neurocientista explica que é na etapa do sono REM há mais chances de haver sonhos, principalmente aquelas cenas mais vívidas e intensas. Os músculos do corpo ficam paralisados nesta etapa, impedindo a repetição dos movimentos que fazemos enquanto sonhamos.

Do que são formados os sonhos?

Ao ser perguntado sobre quais são as regras que o cérebro usa para decidir sobre o conteúdo de um sonho, o Doutor Robert Stickgold, professor psiquiatra da escola de medicina de Harvard, no estudo “Ciência do sono”, responde que as pesquisas ainda são iniciais para determinar as razões. “Mas as três situações mais óbvias de estarem em um sonho são: eventos recentes, eventos repetitivos e algo que é emocionalmente importante para a pessoa”.

A Fundação do Sono, uma organização norte-americana, lista alguns fatos comprovados e interessantes sobre os sonhos:

  • A maioria das pessoas sonha em primeira pessoa, ou seja, ela é a personagem que faz as ações;
  • Sonhos são involuntários, podendo ter conteúdo ilógico ou incoerente, mas também elementos incorporados da nossa vida real;
  • Sonhar provoca muitas emoções reais, boas e ruins;
  • Algumas pessoas sonham em preto e branco, outras em imagens coloridas;
  • Pessoas cegas também sonham, mas sonhos mais relacionados a sons, gostos e cheiros.
Homem dormindo na cama
Ainda que muitos estudos já tenham decifrado alguns fatos sobre os sonhos, não há uma explicação para o motivo de sonharmos – Foto: Andrea Piacquadio/Pexels

Mensagem do inconsciente?

No século 20, Sigmund Freud defendia que os sonhos são uma conexão com nosso inconsciente. O pai da psicanálise publicou, em 1900, o livro “A Interpretação dos Sonhos”, que traz a análise de 50 sonhos próprios. Freud conclui que o ato de sonhar é uma representação de desejos reprimidos, a maioria de origem infantil, além de colocar luz sobre traumas e medos, importante para que sejamos conscientes de quem realmente somos.

Capa do livro "A Interpretação dos Sonhos" de Sigmund Freud
Freud foi um pioneiro na interpretação dos sonhos – Foto: Editora Companhia das Letras

A abordagem de Freud é a base de quem acredita que as imagens que vemos enquanto dormimos são mais que cenas aleatórias criadas pelo nosso cérebro. Para muitos, elas são mensagens, uma segunda chance ou até mesmo um aviso do futuro.

Com muitas possibilidades e poucas respostas, os sonhos se tornam ainda mais fascinantes aos olhos dos místicos e dos estudiosos. Diante do fato que sonhar é natural e saudável, o melhor que se tem a fazer é deitar, relaxar e ter bons sonhos!

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