Rir para não chorar: como o bom humor pode transformar seus dias ruins

Já ouviu falar do "Dia de ter um dia ruim"? Estudante e psicóloga revelam os benefícios do bom humor para enfrentar os desafios do dia a dia

, em Uberlândia

Nesta terça-feira (19) é celebrado o “Dia de Ter um Dia Ruim”, uma oportunidade para refletir sobre como o bom humor pode ser um importante aliado para manter o equilíbrio e o bem-estar, ajudando a enfrentar situações difíceis de forma mais leve.

Rir de si mesmo pode diminuir o estresse - Crédito: Freepick
Rir de si mesmo pode diminuir o estresse – Crédito: Freepick

De acordo com a psicóloga clínica Aline Andrade Drummond, que é especialista em Terapia Cognitiva Comportamental e com formação em Terapia do Esquema, o riso estimula a produção de endorfinas, que são os hormônios responsáveis pelo prazer e alívio do estresse.

Essas endorfinas ajudam a diminuir ou prevenir a dor, reduzem a pressão sanguínea, previnem doenças cardíacas, controlam os hormônios do estresse e, consequentemente, o próprio estresse.

Dessa forma, o bom humor colabora positivamente para que a pessoa lide de maneira mais assertiva e leve com as situações difíceis do dia a dia.

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Um olhar diferente para os dias ruins

Felipe Pirovani, estudante da UFU, é uma das pessoas que sempre tenta se divertir em situações difíceis. Ele diz que não lembra exatamente quando começou a tentar reverter as situações que vivia, mas acredita que isso foi algo que foi adquirindo com o tempo.

“Na adolescência eu era uma pessoa muito chata com qualquer coisa que acontecia comigo. Parecia que era o fim do mundo. E aí eu fui percebendo que não era assim”, desabafa.

A entrada na igreja também teve um papel importante, com a ideia de que tudo o que dá errado não é necessariamente um fracasso, mas sim um livramento. Ele passou a adotar essa mentalidade e, quando algo ruim acontecia, pensava: “Tá bom, não era pra ser, não importa, vamos tentar tirar o melhor disso.” Felipe acredita que foi principalmente por essa razão que passou a ver as situações de forma diferente.

Diante disso, Aline explica que a ciência revela que a forma como encaramos a vida, com bom humor e momentos leves, desempenha um papel importante na promoção do equilíbrio emocional.

O riso estimula a produção de endorfinas, que ajudam a diminuir ou prevenir a dor, reduzir a pressão sanguínea, prevenir doenças cardíacas, diminuir os hormônios do estresse e, consequentemente, o próprio estresse.

E foi exatamente isso que Felipe fez em um dos momentos mais difíceis da sua vida: a morte de sua avó. O estudante conta que, apesar de ter sido um momento muito doloroso, ele se lembra de que, no dia do velório, dois dias após o falecimento, começou a fazer muitas piadas.

Isso, para ele, era uma forma de lidar com a dor, pois não gosta de demonstrar que está triste ou mal. Ao longo da vida, sempre usou o humor como um mecanismo de defesa, tentando reverter as situações difíceis com piadas.

“Eu tento não transparecer que eu estou triste, não transparecer que eu estou mal”.

O humor como escudo: quando rir de si mesmo pode ser um problema?

O humor é uma ferramenta poderosa para lidar com as adversidades da vida. Ele nos ajuda a aliviar o estresse, a fortalecer os relacionamentos e a manter uma perspectiva mais positiva. No entanto, quando o humor se torna um mecanismo de defesa constante, pode impedir que enfrentemos nossos problemas de forma mais profunda.

Felipe, por exemplo, utiliza o humor como uma forma de lidar com situações difíceis, transformando momentos tensos em piadas. Embora essa estratégia possa trazer alívio momentâneo, ela também pode impedir que ele explore suas emoções e busque soluções mais eficazes para seus problemas. Ao recorrer ao humor como um escudo, Felipe acaba evitando lidar com as causas subjacentes de seu sofrimento.

A psicóloga explica que esse comportamento, conhecido como escapismo, é comum em pessoas que enfrentam dificuldades em lidar com emoções negativas. Ao transformar a dor em piada, a pessoa evita confrontar seus medos e inseguranças. No entanto, esse mecanismo de defesa pode ter consequências negativas a longo prazo, como a dificuldade em construir relacionamentos autênticos e a perpetuação de sofrimento emocional.

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É importante ressaltar que o uso do humor como escapismo está frequentemente ligado à história de vida da pessoa. Experiências passadas, como traumas e dificuldades em expressar emoções, podem influenciar a forma como lidamos com situações desafiadoras no presente.

Se você reconhece que utiliza o humor como uma forma de evitar lidar com seus problemas, é fundamental buscar ajuda profissional. Um terapeuta pode te auxiliar a identificar as causas desse comportamento e a desenvolver estratégias mais saudáveis para lidar com suas emoções. Além da terapia, outras atividades como a prática de exercícios físicos, a meditação e a busca por apoio social também podem ser benéficas.

Lembre-se: o humor é um presente valioso, mas não deve ser utilizado como uma muleta para evitar enfrentar as dificuldades da vida. Ao aprender a lidar com suas emoções de forma mais saudável, você poderá desfrutar de uma vida mais plena e feliz.

O humor excessivo pode dificultar o relacionamento saudável - Crédito: Freepick
O humor excessivo pode dificultar o relacionamento saudável – Crédito: Freepick

Rir no trabalho: uma faca de dois gumes

O humor é um tempero que pode tornar o ambiente de trabalho mais leve e agradável. Ele contribui para a criação de um clima positivo, estimula a criatividade e fortalece os relacionamentos. No entanto, o uso excessivo ou inadequado do humor pode ter consequências negativas, como a dificuldade em ser levado a sério e o comprometimento das relações interpessoais.

A psicóloga explica que o humor pode ser uma ferramenta poderosa para lidar com as adversidades do dia a dia, mas é importante utilizá-lo com sabedoria. O que prejudica não é o humor em si, mas a forma como ele é utilizado. Piadas que ultrapassam os limites, que ofendem ou humilham os outros, podem criar um ambiente de trabalho hostil e desrespeitoso.

“O humor interfere no olhar que temos para cada situação no dia a dia, ele é um dos filtros que utilizamos para avaliar os acontecimentos da vida, logo ele tem influência nas nossas relações sociais, familiares e profissionais”, afirma.

A intensidade do humor e os momentos em que ele é utilizado são fatores cruciais. Em momentos de crise, o bom humor pode ajudar a enfrentar a adversidade de maneira mais leve. No entanto, em situações que exigem seriedade, o humor pode ser inapropriado e até mesmo prejudicial.

É importante lembrar que o humor é um filtro que utilizamos para interpretar a realidade. Se nossas piadas são frequentemente mal interpretadas ou causam desconforto, é hora de refletir sobre a nossa forma de comunicação.

Para que o humor seja um aliado no ambiente de trabalho, é fundamental:

  • Considerar o contexto: adapte suas piadas ao ambiente e ao público.
  • Respeitar os limites: evite piadas que possam ofender ou humilhar alguém.
  • Ter a intenção correta: o humor deve ser utilizado para aproximar as pessoas, não para afastá-las.
  • Observar as reações dos outros: preste atenção às reações das pessoas às suas piadas. Se alguém se sentir desconfortável, peça desculpas e evite repetir o mesmo tipo de piada.

Encontrar o equilíbrio entre o humor e a seriedade no ambiente de trabalho é fundamental para criar um ambiente positivo e produtivo. Ao utilizar o humor de forma consciente e respeitosa, podemos fortalecer os relacionamentos, aumentar a satisfação no trabalho e alcançar melhores resultados.