Após mais de cinco meses, a situação de emergência pública em saúde no estado de Minas Gerais, causada pelas arboviroses, chegou ao fim. Nesta terça-feira (2), em Belo Horizonte, foi apresentado o balanço de casos de arboviroses, dengue, zika e chikungunya, no último período sazonal, em Minas Gerais.
O Decreto de Emergência, válido desde 26 de janeiro de 2024 por 180 dias, foi antecipado para o dia 24 de julho devido à queda contínua das notificações de casos nas últimas semanas.
A revogação foi publicada no Diário Oficial do Estado. Segundo Bacheretti, “decretamos a emergência de forma bem precoce porque sabíamos que as ações de estado e municípios têm que ser antes. Mantivemos esse decreto mesmo com queda, porque alguns municípios ainda precisavam manter contratações de médicos e insumos. Percebemos que agora estamos em constante queda. A maior parte do estado não está em alta incidência”, afima o secretário.
Epidemia de dengue e arboviroses em 2024
Entre os casos confirmados, 15.014 foram considerados graves ou com sinais de alarme, e houve 764 óbitos provocados pela dengue, com outras 732 mortes ainda sob investigação. No total, 36.196 internações foram registradas pela doença. “É um número que chama muita atenção. Está muito mais alto que a pior epidemia que a gente tinha registrado na história. Apesar de ter tido muitos casos, MG teve a menor taxa de letalidade, que é a morte por doentes”, destacou Bacheretti.
A chikungunya teve 143.995 casos prováveis notificados, com 109.953 confirmações. Foram registrados 83 óbitos e 196 internações devido à doença. A zika teve 275 casos prováveis, com 38 confirmações, mas nenhum caso confirmado por método direto (RT-PCR) desde 2018.
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Desde fevereiro, Minas Gerais recebeu 289.410 doses de vacina contra a dengue, destinadas a 192 municípios para vacinar o público de 10 a 14 anos. Até o momento, apenas 100.158 doses foram aplicadas, representando 34,6% da quantidade disponível. Fábio Bacheretti alertou para a importância da imunização e sugeriu a possibilidade de ampliar o público-alvo caso a vacinação não avance. “Temos muitas doses paradas. Dose parada não serve, tem que ser no braço. Como agora o vírus não está circulando muito, a gente pode esperar o público de 10 a 14 anos. Mas se não acontecer, não vamos perder nenhuma dose e vamos expandir o público”, explicou Bacheretti
Quais são as doenças transmitidas pelo Aedes?
O mosquito é transmissor de vírus causadores de doenças conhecidas por arboviroses. Entre as doenças mais comuns que estão neste grupo, destacam-se dengue, zika e chikungunya.
Dengue: os principais sintomas
A dengue é a arbovirose urbana de maior relevância nas Américas. A doença possui quatro sorotipos distintos: 1, 2, 3 e 4.
Os principais sintomas são:
- Febre alta
- Dor de cabeça
- Dor atrás dos olhos
- Prostração
- Diarreia
- Dores musculares
- Manchas vermelhas pelo corpo (podem ser acompanhadas ou não por coceira)
Os sintomas podem variar desde formas assintomáticas a casos graves e fatais.
A Secretaria de Estado de Saúde ressalta que pessoas de todas as idades são igualmente suscetíveis, porém, os idosos apresentam o maior risco de desenvolver dengue grave e outras complicações.
Em fevereiro de 2024, a vacina contra a dengue entrou no Calendário Nacional de Vacinação pela primeira vez. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer a vacina contra a doença no sistema público universal.
Zika: os principais sintomas
O vírus começou a circular no país em 2015. As principais formas de transmissão do zika são pela picada da fêmea infectada do Aedes aegypti e da mulher gestante infectada para o feto.
A transmissão por transfusão sanguínea e por relação sexual pode acontecer, porém, são mais raras.
Os sintomas são manchas vermelhas no corpo com coceira, febre, dor de cabeça, dor nas articulações, vermelhidão nos olhos e cansaço.
Chikungunya: os principais sintomas
A febre chikungunya pode apresentar um perfil de infecção crônica em pessoas infectadas.
Os sintomas mais característicos da doença são dores articulares, dificuldade de movimentos e locomoção, que podem desaparecer em poucas semanas ou, em alguns casos, permanecer por meses ou anos.
Apresenta também sintomas semelhantes aos da dengue. O que difere as duas doenças são as fortes dores nas articulações, classificadas como poliartralgia.
Como se prevenir da dengue e outras doenças?
Todas as pessoas devem cuidar de suas casas e locais de trabalho. O mosquito Aedes aegypti se prolifera em água parada, por isso, os meses mais chuvosos e com altas temperaturas são os períodos do ano com maior transmissão. É importante manter o ambiente limpo e evitar água parada.
Futuro das arboviroses em Minas Gerais
Bacheretti demonstrou esperança de que o estado não enfrente outra epidemia tão grave de arboviroses. Muitas pessoas estão imunizadas por contraírem a doença ou pela vacinação. Outras ações preventivas, como o uso de drones para mapear focos do mosquito e a introdução de mosquitos com a bactéria Volbachia, também estão em andamento. “Os processos licitatórios já estão acontecendo. No norte de Minas e na Grande BH, os drones já estão funcionando. Eles fazem um mapeamento geográfico da região e conseguem, a partir das imagens, identificar onde tem possíveis focos e avisar ao município. Com o tempo, esse mosquito passa a ser prevalente e não transmite a dengue,” contou o secretário.