Mesada pode prejudicar educação financeira na infância, alerta especialista

Compreensão sobre o valor do dinheiro e das escolhas financeiras ajuda na construção de adultos mais responsáveis

, em Uberlândia
12/10/2024 ÀS 13H37
- Atualizado Há 1 dia atrás

A educação financeira na infância deve ser abordada desde os anos iniciais. A partir do contato precoce das crianças com o dinheiro e o consumo, os pais se tornam figuras essenciais na orientação dessa experiência.

O problema é que muita gente ainda hesita em discutir finanças com os filhos, o que pode resultar em consequências a longo prazo.

Incorporar aplicativos de finanças adequados para a idade pode tornar o aprendizado sobre economia mais interativo e divertido, mantendo o interesse das crianças.
Incorporar aplicativos de finanças adequados para a idade pode tornar o aprendizado sobre economia mais interativo e divertido, mantendo o interesse das crianças — Crédito: Freepik

Os pequenos precisam passar a desenvolver uma compreensão saudável sobre o valor do dinheiro e das escolhas financeiras para se tornaram adultos mais responsáveis e financeiramente conscientes.

A importância de ensinar sobre dinheiro desde cedo

Rafael Alves, assessor de investimentos e especialista em finanças, enfatiza que a educação financeira na infância influencia diretamente o futuro financeiro dos pequenos.

“Com o aumento do acesso a compras via aplicativos e o comércio eletrônico, as crianças estão mais expostas a questões financeiras. Se não forem educadas desde cedo sobre o valor do dinheiro, podem ter dificuldades ao longo da vida.”, explica.

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O especialista ainda pontua que o primeiro conceito a ser ensinado é o “preço das coisas”. Para ele, é essencial que a criança entenda o esforço necessário para adquirir algo.

Segundo o especialista, uma estratégia interessante é os pais criarem um sistema no qual a criança ganhe pequenas quantias ao realizar tarefas semanais.

Ao final do mês, essa quantia pode ser usada para comprar algo. Isso ensina não só o valor do dinheiro, mas também a importância de poupar.

A educação financeira na infância e o aprendizado

Segundo a psicóloga Analice Oliveira, especialista em neuropsicologia, a educação financeira deve fazer parte do cotidiano desde cedo, quase “desde o berço”.

Ela afirma que o controle do consumo começa com o exemplo dos pais e a maneira como eles lidam com os gastos e o planejamento familiar.

Educação Financeira na Infância
Criar um ambiente familiar onde o diálogo sobre dinheiro é aberto incentiva hábitos financeiros saudáveis que podem durar por toda a vida – Crédito: Freepik

“Isso começa no planejamento do enxoval, do quartinho do bebê, e segue até as compras no supermercado ou os momentos em que a criança pede algo, como uma bala ou brinquedo. Esses momentos são ótimos para conversar sobre a real necessidade do que estão comprando.”, explica Oliveira.

A psicóloga defende ainda que é preciso criar um ambiente onde o consumo não seja visto como uma solução imediata para qualquer desejo da criança.

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Ao entrar em uma loja de brinquedos, os pais podem explicar à criança que não é possível comprar tudo o que ela vê, incentivando assim o desenvolvimento do autocontrole e mostrando que nem sempre precisamos ter tudo o que desejamos naquele momento.

Como transformar o dia a dia em aprendizado financeiro

As situações cotidianas são grandes oportunidades para ensinar às crianças sobre consumo consciente.

O especialista em finanças sugere que os pais utilizem momentos como as compras no supermercado para introduzir noções de orçamento e prioridades.

O assessor em finanças orienta que os pais podem pedir para a criança ajudar a escolher produtos que estejam dentro de um valor pré-definido, ensinando sobre comparação de preços e controle de gastos.

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Entender o valor das coisas através de trocas concretas ensina as crianças a diferenciarem entre necessidades e desejos
Entender o valor das coisas através de trocas concretas ensina as crianças a diferenciarem entre necessidades e desejos — Crédito: Freepik

Além disso, Rafael Alves defende que, ao longo do tempo, os pais podem inserir noções mais avançadas, como o conceito de juros.

Um exemplo seria: a cada semana que a criança poupar, os pais podem adicionar uma pequena quantia, simulando rendimentos de investimentos.

Outro ponto abordado por ele é a necessidade de ensinar a diferença entre necessidades e desejos.

Ele acredita que os pais devem permitir que os filhos façam escolhas impulsivas em pequenas escalas, para entenderem, na prática, as consequências de gastar todo o dinheiro em um item supérfluo.

“Essas decisões ajudam a criança a perceber que, se gastar tudo agora, não terá mais para comprar algo que realmente precise depois”, explica.

“Mesada” pode ser um erro

Embora a prática de oferecer “mesada” seja comum em muitas famílias, Rafael alerta para o risco de dar dinheiro sem que a criança entenda o esforço por trás dele.

“Dinheiro ganho sem qualquer esforço pode fazer com que a criança não aprenda a real importância de economizar e trabalhar por aquilo que deseja”, adverte.

Já a psicóloga, reforça que o desenvolvimento do raciocínio financeiro infantil deve acompanhar a fase de crescimento da criança, com estímulos concretos.

Educação Financeira na Infância
Educação Financeira na Infância ajuda as crianças a gerenciar pequenas quantias de dinheiro proporciona permitindo que elas façam escolhas financeiras desde cedo — Crédito: Freepik

A Dr.ᵃ Analice sugere que crianças pequenas, entre 4 e 7 anos, precisam de exemplos tangíveis para compreender o que está sendo ensinado.

Uma forma eficaz de ensinar sobre economia é criar um quadro com tarefas, associando cada uma a uma “moeda” que pode ser trocada por algo palpável, como um brinquedo ou uma ida ao cinema.

Essa abordagem facilita a compreensão do valor do esforço e da recompensa.

A educação financeira na infância em números

Um estudo realizado pela Serasa em parceria com o Instituto Opinion Box revelou que, embora 87% dos pais reconheçam a importância de ensinar educação financeira, 21% ainda acreditam que esse não é um tema para crianças pequenas.

Notas de dinheiro simbolizando um salário mínimo
Pais têm receio de discutir abertamente temas como salário e gastos com as crianças – Foto: Freepik

Além disso, 33% dos entrevistados admitiram que só falam sobre dinheiro em situações pontuais, enquanto 8% afirmaram que nunca abordam o assunto com seus filhos.

A pesquisa também destaca que muitos pais têm receio de discutir abertamente temas como salário e gastos com as crianças. Essa resistência pode, no entanto, trazer consequências no futuro. 

O futuro financeiro das crianças começa agora

Os dois especialistas ouvidos pelo Paranaíba Mais concordam que os pais têm um papel fundamental na construção da educação financeira na infância.

Ensinar as crianças a poupar, fazer escolhas conscientes e planejar gastos são habilidades que impactarão diretamente suas vidas adultas.

Rafael Alves reforça que, com o tempo, os pais podem introduzir conceitos mais avançados, como investimentos, de forma lúdica e acessível.

Notas de 100 e 500. Moeda de 1 real
Ao ensinar o valor do dinheiro desde cedo, os pais ajudam as crianças a se prepararem para desafios financeiros que encontrarão na vida adulta — Crédito: Freepik

“Crianças podem começar a entender que o dinheiro pode ser usado não apenas para consumo imediato, mas também para gerar mais dinheiro, como vender algo que produziram, estimulando o empreendedorismo desde cedo.”, conclui.

Nesse Dia das Crianças, a mensagem é clara: mais do que presentes, os pais podem dar aos seus filhos algo muito mais valioso: a habilidade de lidar com dinheiro de maneira inteligente e responsável, preparando os pequenos para um futuro financeiramente saudável.

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