Da queda de cabelo à morte súbita: anabolizantes e seus perigos para a saúde
Jovem relata os efeitos colaterais dos anabolizantes e especialistas alertam para os riscos à saúde
Bruno Andrade iniciou o uso de anabolizantes para fins estéticos em fevereiro deste ano. Ele conta que, desde quando começou, levou menos de uma semana para que os primeiros efeitos colaterais aparecessem: alta irritabilidade e acnes na pele, principalmente nas costas e nos ombros.
O administrador, de 26 anos, revela que faz tudo com acompanhamento médico, e que de 3 em 3 meses se submete a exames de sangue. “Tem um que é específico para a queda de cabelo. Nos primeiros 6 meses não deu muita diferença. Só que eu repeti o exame agora, e aí eu tenho notado de uns 3 meses pra cá, que o cabelo caiu de forma significativa. Cai tipo muito, mas muito mesmo”, disse.

De acordo com Bruno, de fevereiro a novembro deste ano, seus resultados foram: mais força, definição muscular e o acréscimo de 12 quilos na balança. Mas, como tudo na vida tem um preço, o jovem perdeu alguns pontos em sua saúde emocional.
“A testosterona quando você tá com ela muito alta, ela te dá essa sensação de irritabilidade. Então você fica irritado de uma forma mais fácil e qualquer coisinha você estressa. E isso também eu já notei no primeiro mês”, afirmou Bruno.
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Os risco dos anabolizantes
O médico cardiologista, Leandro Serafim, explica que de maneira geral, os anabolizantes são derivados do hormônio testosterona. Se utilizados de forma indevida para fins estéticos e performance, tanto em homens quanto em mulheres, podem aumentar as chances de alguns eventos prejudiciais à saúde.
Para os homens:
“No homem, pode provocar infertilidade. Além disso, o sangue fica mais grosso e isso pode precipitar numa facilidade de formação de coágulos. Então, há uma tendência maior a eventos de trombose”, disse Serafim.
Segundo o médico, as possibilidades de complicações são diversas: “desde trombose venosa e trombose arterial, podendo provocar complicações como trombose pulmonar, que pode gerar morte súbita, até trombose cerebral, que provoca AVC, e trombose em membros, inclusive com risco de amputações”. O excesso dos anabolizantes também podem provocar inflamação do coração, em casos de insuficiência cardíaca, além de picos na pressão arterial.

Para as mulheres:
Leandro explica que, geralmente, as doses de anabolizantes esteroides usadas por pessoas que fazem academia são extremamente elevadas. E isso gera grandes efeitos colaterais, inclusive em algumas situações pode até gerar transtornos psiquiátricos e psicose.
“Em relação às mulheres, pode ter a virilização: as mulheres que usam hormônios esteroides, podem ter crescimento de pelo, formação de acne, aumento do clitóris, a voz da mulher engrossa”, disse o médico.
De acordo com ele, mesmo que a mulher interrompa o uso do anabolizante, tanto o aumento clitoriano quanto o engrossamento da voz só são reversíveis com intervenção cirúrgica.
Grandes poderes exigem grandes responsabilidades
Lucas Castro, apresenta uma explicação um pouco mais detalhada de como o anabolizante age no corpo. Segundo o nutricionista, a substância também aumenta o risco de hipertensão, infarto e insuficiência cardíaca.
“Porque diminui os níveis de colesterol HDL, que é o colesterol bom, e aumenta o LDL, que é o colesterol ruim. O que promove gordura nas artérias. No fígado, que é um dos principais órgãos afetados, ele pode levar a lesões hepáticas graves como: hepatite medicamentosa, colestase, que é a obstrução do fluxo biliar, e até tumores”, explica Lucas.

O nutricionista conclui dizendo que os anabolizantes aumentam a retenção de nitrogênio e estimulam a síntese proteica. Mas isso pode causar uma necessidade maior de nutrientes como vitaminas do complexo B, zinco e magnésio.
E quando a demanda dessas vitaminas não é atendida, surgem sintomas como: fraqueza, queda de cabelo, irritabilidade, insônia e ansiedade. Por isso, se está pensando em fazer o uso de anabolizantes, para fins estéticos ou não, é imprescindível que você procure a ajuda de um profissional especialista.
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